Stay For Me (Jenlisa)

21

Eu saí daquela farmácia com o sorriso mais largo do mundo, sufocando Minnie em um abraço extremamente apertado. Eu havia conseguido a vaga e em pouco tempo poderia comprar o apartamento.

- Sério, Minnie, muito obrigada por isso. Não sabe o tanto que está me ajudando.

- Eu só quero ver um sorriso sincero nesse seu rosto, Lili. E agora, vai me falar porque precisa tanto desse emprego?

- Bom, digamos que agora estou passando por uma fase de mudanças. Literalmente.

- Espera, você vai se mudar?

- É por aí.- sorri para ela começando a caminhar ao seu lado. Ela me passou todas as lições perdidas naquele mês que fiquei fora, e aquilo me ajudou muito.

A caminho, acabei vendo algo que só poderia ser uma miragem, não tinha outra explicação. Não era possível.

Vi Jennie e Kai se beijando. Ali no banco do parque que eu e ela demos o nosso primeiro beijo. Aquilo não podia ser real.

- Eles... eles estão juntos...?- murmuerei parando no meio do caminho. Minnie parou ao meu lado, não entendo a minha confusão. Acho que nem eu entendia.- Minnie, eles não haviam terminado?

- Não. Bom não que eu saiba, eles estão do mesmo modo dês que namoram, e se aproximaram ainda mais quando você estava no hospital. Até achei estranho Kai não ir com nós te visitar.

- Então... ela mentiu?

- Lisa, o que você tem? Está ficando branca.

Aquele mundo de unicórnios e nuvens de algodão doce sumiu da minha cabeça, do mesmo jeito que chegou. Eu já estava bem acostumada com tantas mentiras por parte da minha família, mas realmente, ver aquilo, presenciar aquilo, me machucou demais. O mundo colorido era pura mentira. A felicidade era pura mentira. Tudo o que ela me falou era pura mentira. Ela era pura mentira.

Quando eles se separaram, com sorrisos bobos, beijos molhados e suaves, palavras sussurradas ao pé do ouvido, me fez simplesmente vomitar. Sim eu vomitei no meio do parque, na frente de algumas pessoas. Sentia a minha cabeça tão pesada que acabei tombando para o lado, sentindo os braços de Minnie me segurarem com força.

Levantei o meu olhar, ela estava no mesmo lugar, de pé, mas agora me encarava, tinha uma mão na boca e uma cara de surpresa tão ridícula que só me deixou com mais raiva.

- Me tira daqui por favor...- minha amiga prontamente me levava para longe dela, para longe das suas mentiras. Eu estava no fundo mais uma vez. A montanha russa acabou descendo de novo.

Jisoo estava em casa naquele momento junto ao meu padrasto "transformado". Minnie me guiou até o meu quarto, eu estava em um estado de choque misturado com raiva e pena de mim mesma por acreditar em algo tão idiota. Eu havia sido idiota. Mais uma vez.

Quando realmente tudo se processou na minha cabeça, desandei a chorar descontroladamente, silenciosamente e dolorosamente. Mais uma vez, mais nada fazia sentido. O mundo havia virado preto mais uma vez, e lá eu me encontrava sozinha.

Acabei soltando tudo quando Minnie me colocou em seus braços, como se eu fosse uma criança de dois anos que descobriu que nem tudo na vida seria animado como os desenhos coloridos. Acho que eu só precisava daquilo, daquele carinho e daquela atenção que ela sempre teve comigo. Ela sempre estava ali comigo. Mesmo sentindo algo por mim. Nunca transpareceu, nunca falou, nunca mudou.

Não tinha vergonha de estar fraca de novo, tinha vergonha de ter acretidado em uma pessoa que nunca me deu certeza de nada.

Aquela mesma solução passava na minha cabeça, acabar com o sofrimento, com uma dosagem de remédio errado, eu acabaria com tudo, e ela poderia ficar com o seu tão amado namorado.

Chorando por uma pessoa que namora e me prometeu o céu. Eu era tão imbecil.

Minnie não disse nada, acho que acabei dormindo em seus braços e não notei quando ela foi embora.

Acordei sentindo dor de cabeça, forte e quase insuportável. Era quase quatro da manhã, e a única coisa que fiz foi tomar algo para amenizar aquema dor. Estava tudo escuro, a não ser pelas luzinhas brancas e roxas que iluminavam o quarto pois Jisoo tinha medo do escuro.

Trinta chamadas perdidas de Jennie.

Apenas apaguei, me levantando para comer algo, não estava com fome de fato, mas se comesse agora poderia pular o café e não ter que sentar na mesa junto a "família perfeita aos olhos de Deus" tão perfeita. Extremamente perfeita.

- Lisa? O que foi?

- Chae... está com muito sono? Precisava conversar... estou pensando em... acabar com tudo.

- Ai meu Deus, Lisa. Não faça nada por favor. Eu estou a caminho, fique comigo no telefone por favor.

- Não faz mais sentido, Chae... nada mais...

- Hey, me escuta. Para com isso, você tem uma vida linda pra viver, Lisa. Não faça isso. Caralho cadê a minha calça...

- Se esse seu Deus existe, se ele ama tanto seus filhos... porque ele permite tanta desgraça no mundo? Não estou falando de mim, mas em modo geral. Fome, pobreza, pessoas inocentes morrendo. Pessoas inocentes sofrendo. Eu não quero mais, Chae. Eu não consigo suportar mais nada. Está tudo muito difícil.

- Eu não tenho todas as respostas, Lisa... apenas me espere, estou a caminho.