Parte 3 | Capítulo 32: Cássio (antepenúltimo)

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O caos tomou conta de tudo, eu não estava entendendo o que acontecia, fique paralisado no chão enquanto via pessoas saindo de dentro da hamburgueria. Cacos de vidro em todo o chão. Olhei minhas mãos e elas tinham se esfolado com a minha queda.

Em um segundo me lembrei de todos os meus amigos que estavam ali comigo e me levantei, fumaça saía de dentro do local, que agora estava praticamente vazio, a não ser por pessoas que estavam no chão, desmaiadas ou... mortas.

Olhei para um lado e vi Gustavo caído e Lucas ajoelhado ao lado dele, Gustavo estava com a mão no ouvido e seus dois antebraços sangravam, Érique estava caído dentro da hamburgueria desacordado e vi que seu peito e barriga estavam com cortes profundos do vidro, ele sangrava muito. Torci para que estivesse apenas inconsciente. Fui em direção a eles, mas senti uma mão firme me puxando pelo braço.

— Vamos sair daqui! — Era Maykon.

— Tenho que ver como meus amigos estão! — disse desesperado.

— Deixa que a Chiara e Carlos vejam isso, você vem embora comigo! — Me puxou pelo braço.

— NÃO! — gritei exasperado. — Quero ver como estão meus amigos!

— Você não entende o que aconteceu? — Maykon disse nervoso, com os olhos ameaçadores. — Houve um atentado terrorista aqui na hamburgueria e não passa pela sua cabeça que isso tenha sido uma tentativa de te atingir?

As palavras de Maykon me acertaram como uma pedrada.

— Você acha que alguém quis me matar? — perguntei assustado.

— Sim! Vamos embora, quando estivermos em um lugar seguro, ligo para Chiara. — Ele me guiou com facilidade no meio das pessoas.

Dei uma última olhada para onde estavam Gustavo e Lucas. Vi Chiara ajoelhada ao lado do Gustavo que chorava desesperado com a mão no ouvido, enquanto isso Carlos tinha pulado o pequeno muro que dava suporte aos vidros, que não existiam mais, para ver como Érique estava.

Maykon começou a me puxar muito forte e o deixei me guiar para aonde quisesse. As imagens do Gustavo chorando e do Érique caído não saíam da minha cabeça, comecei a chorar. Chorei de medo, de raiva, de impotência. Em um segundo estávamos todos bem e de repente pessoas poderiam ter morrido por causa de uma bomba que provavelmente foi solta por algum homofóbico.

Lembrei-me das ameaças de morte que me fizeram anonimamente nos vídeos que postei e pensei em como fui ingênuo em não levar nada daquilo muito à sério, agora meus amigos estavam feridos e a culpa era minha. Fui negligente.

Enquanto Maykon me arrastava pelas ruas, não via nada, somente borrões sem rosto. Quando percebi, estava dentro de um táxi e quando percebi novamente, estávamos chegando em casa.

— Liga para Chiara, por favor! — Pedi assim que entramos em meu apartamento. Maykon foi para cozinha e voltou um minuto depois.

— Calma! — Ele disse bem tranquilo me entregando um copo. — Tome isso aqui.

— O que é isso?

— Água com açúcar!

Peguei o copo com as mãos trêmulas, bebi metade, não conseguiria descer mais que isso. Tentei devolvê-lo, mas Maykon me fez tomar tudo.

— Você vai se acalmar logo — ele disse.

— Liga para Chiara, por favor! — Pedi novamente.

Maykon obedeceu e conversou com minha amiga em minha frente por alguns minutos e quando desligou me informou calmamente.

— Seguinte, Chiara e Carlos estão bem sem nenhum arranhão. Alguns cacos de vidro cortaram o antebraço do Lucas, mas nada grave. O outro amigo seu, das tatuagens, estava escorado nos vidros quando todos quebraram, ele caiu para dentro do local, ficou desacordado e se machucou um pouco. Alguns cortes profundos pelo corpo e um corte na bochecha direita, ele sangrou bastante, nada muito grave, mas ficará com algumas cicatrizes.

A Pílula (versão 2.0)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon