Parte 3 | Capítulo 27: Cássio

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— Que aula chata! – Exclamou Gustavo andando ao meu lado pelo campus. – Se o professor fosse bonito pelo menos, dava pra encarar essas horas sentado em frente dele.

Durante uma manhã de terça bem fria, Gustavo e eu estávamos dando uma volta embaixo do sol para nos aquecermos e fugir de uma aula tediosa.

— Então é por isso que você fica sempre atento às aulas do Lucas? – Perguntei o provocando.

— Claro, sou bom aluno porque eu quero dar para ele – Gustavo comentou lascivamente.

— Acho que uma coisa que vai sempre me surpreender na vida é o quanto você fala merda, sua vagabunda! – Falei dando um leve empurrão nele.

— Esse seu rolo como professor ainda me resta apenas um questionamento. – Gustavo comentou.

— Qual questionamento? – Perguntei imaginando que viria bobagem.

— Como é o pau dele? – Perguntou curioso. Ri da pergunta, fiz um não com a cabeça e disse:

— De novo essa pergunta? Como eu posso responder isso? – Perguntei pensando em algum assunto para mudar o rumo da conversa.

— Respondendo, oras! – Gustavo falou como se a pergunta fosse corriqueira. – Falar como é o pau do boy para os amigos é essencial, primordial e salutar. É um atestado de amizade verdadeira entre dois caras.

Eu ri do comentário idiota dele e vi Lucas vindo em nossa direção.

— Porque você não tenta descobrir por si mesmo – Apontei para Lucas, agradecendo por ser salvo pelo gongo.

— Eu posso? – Gustavo questionou ao vê-lo. – Olha que eu pergunto mesmo, hein!

— Pode até ver se quiser. – Falei dando de ombros. — Somos apenas amigos.

Não falamos mais nada até ele nos alcançar.

— Vocês não deviam estar em aula? – Lucas disse num tom de professor mandão.

— Aula chata. – Respondeu Gustavo mordendo os lábios. – A cota de professor bom foi preenchida por você este ano.

Lucas aparentemente não percebeu a maneira que Gustavo o olhava.

— Voltem para aula! – Ele permaneceu no falso tom mandão.

— Daqui a pouco – Eu falei. – A gente só tá fazendo uma fotossíntese porque tá muito frio.

— Frio para ficar na sala de aula, mas para ficar no bar até tarde bebendo cerveja vocês não tem, né! – Ele falou brincando.

— Mas cerveja faz bem para o coração, professor! – Gustavo brincou. – Alias, Cássio e eu vamos beber hoje depois da aula, tá a fim? – Ele convidou me pegando de surpresa — Você é legal, pode entrar em nosso clubinho.

— Eu topo só porque vocês dois são meus alunos favoritos. – Ele disse colocando uma mão sobre meu ombro e a outra sobre o ombro de Gustavo. – Mas agora preciso ir, tenho aula em dez minutos. Boa fotossíntese! – Disse ao sair.

— Espero que você não fique chateado. Já que disse que eu podia dar em cima, eu vou dar. – Informou Gustavo sem um pingo de vergonha.

— Tudo bem! – Respondi tranquilamente. – Tomara que pegue mesmo e me poupa de certas perguntas. Mas vamos ver se você consegue, né?

— Se você pegou, queridinho, o professor tá no papo. – Gustavo respondeu brincando.

Após a aula, Gustavo e eu fomos diretamente para o bar. Estávamos na terceira cerveja quando Lucas chegou afobado, de mochila e com a aparência de cansado.

A Pílula (versão 2.0)Where stories live. Discover now