Parte 1 | Capítulo 10: Cássio

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Somente quando Carlos foi embora no dia seguinte, que fiquei preocupado com Marcus. De certo ele estava com raiva de mim. Então no primeiro minuto que fiquei sozinho, telefonei para meu namorado para remediar a situação o mais rápido possível.

A voz de Marcus estava normal, não sabia identificar se estava bravo ou triste com o bolo que dei na noite anterior. Estava preparado para uma briga que não ocorreu. Ele apenas me disse que a noite foi chata e me chamou para almoçar.O que aceitei sem hesitar. 

Quando Marcus parou o carro em frente minha casa, todas as minhas preocupações acabaram. Ele estava sorrindo. Isso era um sinal de que não haveria sequelas da noite anterior. Entrei no carro, dei um beijo em seu rosto e seguimos para o restaurante. 

— Para onde vamos? — Notei que estávamos indo para a rodovia. 

— Estava pensando em irmos para São Paulo — comentou enquanto pisava fundo na estrada que estava praticamente vazia — Vamos almoçar em um lugar bem legal, perto de onde trabalho. Pode ser?

— Claro que sim — concordei fazendo um carinho na mão dele que estava sobre minha coxa.

A viagem foi muito agradável. Um clima leve e descontraído pairava sobre nós como uma brisa de verão. Conversávamos sobre uma coisa ou outra que víamos na rodovia, ouvindo Moby bem baixinho. De vez em quando ele olhava para mim e sorria, eu retribuía o sorriso. E assim foi o trajeto até chegarmos ao restaurante. 

— Você fica lindo de vermelho! — disse quando nos sentamos à mesa.Marcus usava uma camiseta que destacava o seu peitoral e braços definidos.Ele sorriu em resposta. — Você vem muito aqui? 

— Às vezes. Gosto de vir mais em happy hour porque tem bebida liberada ou na noite de karaokê.

— Noite de karaokê? — Fiquei empolgado. — Aqui é um lugar excelente para comemorar meu aniversário.

— Não sabia que você tinha planos para o seu aniversário — Marcus disse surpreso. 

— Tenho sim! — Notei um pequeno palco no fim do salão — Não tive tempo de comentar com você, decidi ontem conversando com Carlos. Achoque chamar a velha turma da escola, trazer o povo pra se embebedar e cantar vai ser legal. 

— Sim, você está certo. Pretende fazer uma comemoração só para seus  amigos ou poderei vir também?

— Claro que você virá — disse sem pestanejar. — Nem passou pela minha cabeça não te convidar.

— Ah, sei lá. Carlos m e detesta desde aquela vez que atirei a taça de vinho em você — disse sem graça. — E talvez você queira ficar mais à vontade com seus amigos

— Eu quero que você esteja comigo nesse dia especial — disse tranquilo até perceber que já dissera a mesma coisa para meu namorado antes.

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— Você tem certeza que quer que eu vá ao seu baile de formatura? —perguntou apreensivo.

— Claro que tenho, quero que você esteja comigo nesse dia especial. — O tranquilizei.

Marcus e eu estávamos deitados na cama de um motel, olhando para nossos reflexos no espelho enquanto conversávamos sobre minha festa de formatura do terceiro ano, que aconteceria em poucos dias.

— O que você vai falar para seus convidados se eles perguntarem quem sou eu? — Marcus perguntou se virando de lado e olhando para mim.

— Eu invento qualquer coisa na hora, relaxa! — disse passando um braço por seu tronco e o puxando junto a meu corpo. — Mas acho melhor pararmos de conversar e irmos para o round dois. 

A Pílula (versão 2.0)Onde histórias criam vida. Descubra agora