Veículo de Fuga

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Muitas vezes pedalei sem direção,
querendo me encontrar.
E acabei me perdendo,
Na magrela sofrida.
Ofegante correndo sem frear.

Muitas vezes peguei o ônibus,
e percebi que passageiro
não era uma denominação.
E sim, afirmação de momentos.
Que assim, me desejava que também fossem "passageiros".

Muitas vezes subi no barco,
flutuando na metáfora da mente.
Sobre a imensidão azul.
Sobre a imensidão da massa cinza.
Apenas no boiar ou nadar,
boiando sendo levado,
nadando contra corrente morrendo cansado.

Muitas vezes entrei no avião,
e decolei do aeroporto "pés no chão".
Me deixei levar acima das nuvens,
pássaros, oceanos e montanhas.
Assim era eu, vivendo na ilusão.
Querendo apenas uma bagagem de mão.

Muitas vezes corri a maratona nas pressas da vontade,
e no final, fui um cachorro atrás do próprio rabo.
Cego pelo desejo e na direção da vontade.
Cansado, mas ainda estático.

Muitas vezes zarpei no navio,
cargas, conteiners, tripulação...
Encaixotando tudo que gritava e me dizia não.
No final, Celine Dion afundou tudo no Iceberg roteirizado e sua canção.

Muitas vezes dirigi o carro,
surfei a prancha,
patinei,
pilotei,
corri,
pulei,
e vi...
Que cada meio, é uma metáfora.
Cada metáfora, uma fuga.
Cada fuga, uma vontade.
Cada transporte, um escape.

Sem Destino - Poemas e PoesiasWhere stories live. Discover now