KM 107

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Sabe o que foi estranho?
Não receber seu bom dia,
Não vê-lo no café da manhã,
Não ver seu corsa preto e vermelho no estacionamento. 

Sabe o que foi estranho?
Ver a hora do ponto,
Todos entrando,
a produção do dia iniciando.
E não ver você chegando. 

Sabe o que foi estranho?
O dia começando chato,
Ontem eu havia te abraçado
e nós reataríamos o que a alguns meses tínhamos largado.
Nunca paramos de falar, mas naquele dia nem um "oi" ou "olá". 

Sabe o que foi estranho?
A partir daquele dia eu não te veria mais.
Eu senti e logo ouvi.
Foi no quilômetro cento e sete. 

Sabe o que foi estranho?
Você foi e eu nem me despedi.
Doeu e ainda doí em mim.

Não éramos perfeitos, não éramos convencionais.
Nosso único comum, eram os filmes do Wolver, chocolates e nada mais.
Não éramos a metade um do outro.
Mas no meio da vida nos encontramos.
Você me fazia feliz cheia de mimos,
e eu te fazia feliz com carinhos. 

Sabe quantos calmantes eu tomei naquele dia?
Quantos rios de lágrimas consegui encher?
Quantas horas fiquei sem trabalhar?
Quantas vezes passei nos mesmo 107 a chorar?
Foram muitas...
Nem eu sabia... 

Foi tudo muito estranho.
E peço desculpas se fui covarde.
Não te vi pela última vez...
Prefiro guardar nossas boas lembranças,
a te ver dormindo a eternidade. 

Você foi cedo.
Na madrugada, na batida, no escuro, sozinho, sem vida.
Você morreu e eu fiquei sem saber o que sentia... 

RIP C - Out/18


Sem Destino - Poemas e PoesiasWo Geschichten leben. Entdecke jetzt