Maldita Esperança

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Me condeno todos os dias por ter nascido com esperança.
Esse sentimento não me faz bem,
apenas me condena.
Por que a raça humana quer tanto acreditar e ter essa ladrona?
Aquela que rouba ações e cria ilusões. 

Não é mais fácil viver sem esperar?
Não é mais fácil não ter expectativas e não se decepcionar?
Não seria tudo mais simples sem essa ilusão de acreditar?
Então porque continuamos esperando,
se decepcionando,
e acreditando?

Nestas horas eu tenho certeza que sou condenado.
Sem nem mesmo saber quando fui enraizado.
A esperança me agarrou.
Como uma planta
se alimenta de pequenos coisas,
suga com suas raízes,
faz osmose das minhas expectativas e ações.
Malandra, me tem prisioneira com um vaso de planta no canto de uma saleta.

Sem saber quando e nem porque,
Dedico meu ódio ao sentimento da espera.
De tão ardilosa,
faz do mais sábio acomodado no tempo,
dos apaixonados escravos do amor,
dos enfermos crentes em placebos,
dos poetas libertadores da dor,
Como pode um simples sentimento criar tanta expectativa?
Um ato sempre justifica e cria fé sem ação.
Como viver todo dia criando ilusões?
Como? 

Estou crendo que os únicos espertos serão os visionários e os céticos.
O cético é ateu do amanhã.
O visionário é apostador do destino.
Eles não têm esperança em acertar ou necessidade em acreditar.
Calculistas agem ao invés de pensar.

Maldita esperança.
Expectativa da decepção.
Pensamento antes da ação.
Ilusão da crença.
Sentimento que condena.
Condenado seja.

Sem Destino - Poemas e PoesiasWhere stories live. Discover now