🌈IX. Cada um tem o final que merece.

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Nos últimos sete meses, Jimin vinha parando para reparar que a vida era curta demais para se passar tão rápido em vão. Conviver mais com seus amigos e estar apaixonado por um cara o fez enxergar que a vida era mil vezes mais colorida quando vivemos intensamente do modo que nos faz feliz, e, assim que ele também soltava sua voz sobre aquele palco que já havia se tornado tão familiar para si, o Park sentia a sensação de êxtase e alegria extrema triplicar.

Era estranho assimilar sua vida pacata e sufocadamente torturante ao estado de satisfação no qual ele se encontrava agora. Era intrigante de sua parte se sentir tão bem aceito em volto daquelas pessoas e de como não recebia olhares julgadores quando andava agarrado a Jeongguk na garupa na moto deste, ou então apenas passou a ver o mundo mais aberto às diferenças porque, de fato, não mais ligava em ser o diferente.

O loiro se aceitava e, ainda mais, se amava por se enxergar e mostrar da forma que era.

E naquela noite, a qual se sentia realizado por finalmente ter seus shows acertados como fixos e estar recebendo mais por suas apresentações, o Park tinha toda a sua meta para aquela semana traçada em mente enquanto vislumbrava Jeongguk fazer seu trabalho entre a multidão ensandecida, e seus amigos, agora na companhia de Hoseok, encherem a cara de álcool, o que não era nada atípico para o grupo, enquanto Jimin cantava uma música mais agitada para o público.

Contudo, foi num quebrar de voz que quase perdeu o ritmo e tom da música assim que avistou Jaehyun, o seu primo preconceituoso, o encarar com desdém a pouquíssima distância do palco. Um sorriso presunçoso se abriu no rosto anguloso, e Jimin sentiu que aquela sua ação era apenas um aviso de que ele não teria sua dignidade poupada e que o garoto arrogante iria o ferrar para a família deles sem dó nem piedade. E, embora o corpo do loiro estivesse gelado pela surpresa de esperar que nunca encontraria ninguém de sua família ali e sua voz saísse mais falha do que qualquer outra coisa, Jimin tentava se acalmar e convencer a si mesmo que não havia o porquê de desespero.

O Park já estava decidido e sabia que, se o seu primo fosse abrir o bico para os seus pais sobre ter o visto trabalhando em uma boate gay, nada além do que imaginava iria acontecer. Jaehyun só iria fazer aquilo que Jimin já queria há tempos.

Então, quando o seu pequeno show finalizou e o loiro desceu do palco, seus amigos o puxaram para a farra, ainda que sua cabeça latejasse enquanto continuava a sentir o olhar do seu primo queimar em si. O Park não compreendia o que o outro fazia ali, já que o mesmo se dizia ser hétero, mas percebia que o intuito dele agora era observar cada passo seu, como se o Park fosse uma presa. Se sentia desconfortável, embora tentasse ignorar.

— Toma, Jiminnie, bebe! Vamos comemorar que agora você vai ser o único cantor a brilhar naquele palco! — Jimin suspirou quando Hobi empurrou um copo de whiskey em sua mão, gritando aos quatro cantos à medida que se debruçava na mesa.

Tão exagerado quanto o namorado, diga-se de passagem.

— Não exagera, Hobi...— Riu um pouco, virando uma dose goela abaixo e sentindo o ardor queimar por dentro, se arrependendo de ter tomado da bebida.

Tinha vontade de vomitar aquela hora e sentia que hoje não era o seu dia, pois se sentir observado por aquele que desejava o jogar aos leões era o cúmulo. Céus, aquela boate era o lugar onde Jimin se sentia mais confortável e bem aceito. Jaehyun nem era pra estar ali!

— Meu Hobi não exagera, ele só diz os fatos! — Taehyung se pronunciou, falando na língua do álcool, totalmente grogue. — Aceita que você arrasa, viado!

— Okay, Okay… — O Park elevou as mãos, em sinal de redenção, por um momento passando a procurar Jeon com o olhar e acabando em trocar fitares com o outro Park no meio da busca, então suspirou.

Cara, eu não posso ser gay •Jikook •Where stories live. Discover now