🌈VI. Tudo o que quero é você.

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Jimin sentia-se quebrado. Tanto psicologicamente quanto fisicamente. Cada parte do seu corpo clamava por um pouco de descanso e sua cabeça por um tempo sem preocupações e pensamentos tão repetitivos sobre assuntos dos quais já estava farto. A enxaqueca horrível que pairava sobre a cabeça loira do Park parecia formar uma nuvem negra de insatisfação que deixava o clima do escritório de advocacia no qual trabalhava ainda mais pesado. Qualquer um que entrasse no cômodo perceberia o quanto Jimin estava tristonho e mal-humorado. Nem mesmo uma mosca teria coragem de fazer um zumbido em seu ouvido naquele momento.

A lembrança do momento em que havia dado uma resposta afiada para Jungkook na semana anterior não saía da sua mente em hora alguma. Se arrependimento matasse, Jimin certamente já não estaria no plano terrestre. Claro que, após ser recepcionado com uma resposta grosseira como aquela, Jimin não esperava que Jungkook retribuísse de forma gentil. A dor que sentia era enorme em seu peito, como se ali faltasse alguma parte importante que o fizesse permanecer de pé diante de todas as dificuldades e barreiras do cotidiano.  Não estava mais lá. A âncora que o fez acreditar um pouquinho mais em si mesmo não estava mais lá, e tudo por causa de uma auto-aceitação complexada que não conseguia manter só para si mesmo.

Era doloroso demais ter que aguentar todas as pessoas tão próximas de si que pareciam se preocupar com o seu sumiço no jantar em família, quando realmente eram os primeiros a apontar o dedo para julgá-lo em vez de aceitá-lo. Jimin não aguentava mais ter tudo entalado na garganta e não poder (pelo menos agora não mais) compartilhar isso com alguém sem que essa pessoa saia machucada, assim como Jungkook. O loiro precisava fugir de tudo aquilo que o lembrava de si mesmo. Precisava fugir da sua família, de Somin, da sua casa e do seu trabalho. Precisava se encontrar de alguma maneira.

Ele estava estressado demais para ser produtivo no trabalho e cansado demais para prestar atenção na papelada que estava ao lado do seu notebook — aberto em uma página que tinha estampado o título “Como ser mais produtivo no trabalho” na tela. O loiro recostou-se na poltrona não muito confortável e levou ambas as mãos até seu rosto, resvalando-as para no final dar dois tapinhas nas bochechas, como se aquilo fosse algum tipo de metodologia energizante para o corpo. Assim que levou os olhos para a grande papelada sobre a mesa, seu celular começou a vibrar, revelando o nome de Seokjin na tela, acompanhado por uma foto nada pacífica do mais velho fazendo uma careta.

Jimin se assustou quando nem mesmo aquilo o fez querer dar uma risadinha, mas atendeu o celular logo depois.

— Alô? — Proferiu, sem muita coragem pra deixar a voz sair, deixando com que ela soasse um pouco rasgada.

— Acordou com o pé esquerdo hoje? — Era incrível como seus amigos conheciam tanto sobre si, mas ele mesmo não se conhecia.

— Não, eu estou bem.

Seokjin riu fraco do outro lado da linha.

— Jimin, você sabe que pra mim mentir não funciona.

— Não estou mentindo, hyung. — Disse, passando a apoiar os cotovelos na mesa de madeira para logo começar a coçar o couro cabeludo. Ele precisava lavar aquele cabelo logo.

— Você acabou de confirmar pra mim que tá. Eu te conheço bem, Jimin. Te conheço tanto que eu sei que você não vai recusar uma escapada desse trabalho chato seu, não é? — Proferiu, animado.

Jimin suspirou, desejando que aquilo fosse mesmo possível, mas tinha responsabilidades a cumprir e todas as coisas chatas que adultos responsáveis deveriam fazer assim que tivessem um bom emprego para então se tornarem pessoas extremamente chatas. Algumas vezes Jimin só queria voltar para a época em que era mais assumido, mais ele mesmo.

Cara, eu não posso ser gay •Jikook •Donde viven las historias. Descúbrelo ahora