Tempo

"Sequestro"

Sasuke

- Você tem certeza? – perguntou Kakashi.

- Absoluta.

- E se ela negar?

- Nós temos um lugar seguro e muito tempo para convencê-la.

Kakashi meneou a cabeça, cético.

- Não acredito que você possa convencê-la de fazer isso, se ela negar.

- Ela não mudou tanto.

- Mudou mais do que você imagina, Uchiha. Ela mudou por dentro.

- Mas ainda há algo de bom nela, lá dentro. Algo... Meu.

- Não. Não há nada ali dentro que não seja dela. Sakura não é mais a mesma garota de quando você foi embora. Ela é uma mulher agora.

- Mulheres se apaixonam, Hatake. Mulheres mudam.

- A questão, Uchiha, é que ela mudou para se tornar uma mulher. E não há tempo que derreta aquele coração novo.

Abri um meio sorriso prepotente.

- Então ela não precisa de tempo. Só precisa de mim.

Sakura

Abri meu armário, olhando todos os vestidos que ali se encontravam. A cada dia que passava um deles sumia. Ou uma roupa de baixo. Ou uma toalha. Ou um de meus lençóis. Havia um mês que tudo estava sumindo. E eu tinha certeza de estar sendo seguida na volta do hospital. E na ida também. E até poderia me dar ao trabalho de desmascarar o perseguidor, mas sabia bem quem era. Conhecia-o pelo cheiro. Pelo som de seus sapatos no chão. E ele também sabia que não me enganava.

- O que houve, Sakura? – perguntou Itachi, vendo minha contemplação diante do armário.

- Meu vestido azul sumiu.

- Aquele meio transparente?

- É.

- Sasuke levou hoje de manhã.

Virei-me para Itachi, confusa.

- Como assim "Sasuke levou"? Você não fez nada?

- Não.

- Itachi, ele está levando minhas roupas há um mês.

- Sei disso. Conheço o plano dele. E ele conhece o meu. Estamos quites.

- Não estou entendendo. Na verdade, ainda não sei por que Sasuke ainda está vivo.

- Já disse que o quero vivo.

Fechei o armário e voltei para o banheiro, terminando de tirar minha maquiagem em frente ao espelho.

- Ainda não me disse por que quer Sasuke vivo – lembrei-o, fechando os olhos e enxaguando o rosto.

- É uma longa história.

- Tenho tempo.

Itachi suspirou, parecendo sem vontade de falar, mas, mesmo assim, parou atrás de mim e começou:

- Alguns anos atrás, eu invadi uma vila. Peguei todos os objetos sagrados, as espadas, matei os guerreiros e ateei fogo na aldeia.

- Hm, o que isso tem a ver com o resto?

- A grande questão é que eu não era eu.

- Como assim?

- Eu fingi ser Sasuke para fazer tudo aquilo. E quando todos acharam que ele estava morto, os ninjas da vila se acalmaram, desistindo de sua vingança contra mim, ou seja, ele. Sasuke se fingir de morto foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido.