Planos

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Sakura

Não preguei os olhos a noite toda. Quer dizer, a madrugada toda, já que Itachi só me deixou em paz depois das duas da manhã. Mas isso era uma tragédia para mim, na situação atual. Eu queria que Itachi ficasse mais tempo comigo. Queria que ele não parasse nunca, para que eu pudesse esquecer que Sasuke ainda estava vivo e que tinha voltado para a cidade.

Levantei da cama quando o sol nasceu, deixando Itachi dormindo, e tomei um longo banho gelado. Os ferimentos em meus braços ainda estavam profundos e doloridos, o que me obrigava a sair de casa e ir até o hospital. Desde que eu me casara com Itachi era só para lá que eu ia quando saia de casa. Hospital-casa, casa-hospital. Esse era o meu passeio semanal. Literalmente. Mesmo que eu fosse excelente em jutsus de cura, preferia ir ao hospital. Era a única oportunidade que eu tinha de sair de casa e ver o mundo do lado de fora.

Nem mesmo meus pais eu via, já que Itachi achava que o contato com minha família poderia me deixar "mole". E ele não gostava de uma mulher frágil ao lado dele.

Vesti-me sem pressa, colocando um vestido que escondia a maior parte de meus ferimentos no tronco. Quanto aos braços, cobri-os com as bandagens.

- Itachi – chamei-o, alto o suficiente para acordá-lo numa só chamada.

Ele abriu os olhos e se sentou duramente, como sempre. Sério, formal. Itachi.

- Vou ao hospital.

- Ferimentos?

- Sim.

- Volte antes do anoitecer.

Eu ri, internamente.

- Estarei em casa antes do café da manhã.

- Como sempre.

- Eu nunca mudo – concluí, pegando meu casaco e saindo do quarto.

- Ah, muda sim – disse Itachi, fazendo-me parar, interessada no que ele poderia vir a dizer. – A cada dia que passa você fica mais igual a mim.

Abri um meio sorriso, mas logo o fechei. Não sabia se aquilo era bom ou ruim.

Sasuke

- Você quer mesmo fazer isso, Sasuke? – perguntou Naruto, enfiando um bolinho de arroz de uma vez só na boca. – É muito perigoso.

- Já fiz coisas muito mais perigosas e sobrevivi.

Naruto enfiou outro bolinho de arroz na boca, ficando com as bochechas redondas de tanta comida.

- Eu sei... Mas é que ir até a casa do seu irmão não me parece algo que você faria sem planejamento. – Naruto engoliu a comida que tinha na boca e bebeu um gole de seu suco. – O que estou querendo dizer é que ele pode acabar descobrindo que esteve lá.

Soltei uma risada baixa e condescendente.

- A idéia é exatamente essa.

Naruto franziu a testa, entendendo cada vez menos.

- Eu não entendo você, Sasuke... Juro que não entendo.

Comi um pedaço de meu bolinho de arroz – ou o que tinha sobrado dele, depois que Naruto o amassou todo no caminho para o esconderijo – e ergui as sobrancelhas para ele. Naruto não me entendia ainda. Mas ia entender.

Sakura

Entrei no hospital com minha cabeça erguida. Eu não tinha de ter vergonha por estar machucada. Afinal, acidentes domésticos acontecem o tempo todo, certo?

As enfermeiras que passavam nos corredores sorriam para mim, mas eu sabia que era pura conveniência. Elas não iam ser mal-educadas com a mulher do comandante da cidade.

TempoWhere stories live. Discover now