Parte 2 | Capítulo 20: Marcus

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— Que bom que você achou alguém — Cássio comentou num tom de voz estranho. 

— Você também achará uma mulher. — Sorri para ele. 

— É... — Cássio deu de ombros. — Quer continuar ouvindo? 

— Lógico, prossiga. — Me deitei ao lado dele na cama. 

Foi um dos piores momentos da minha vida, até então. O desespero do Sebastian e a dor de Tobias me travaram. Eu não sabia o que falar ou fazer. Nunca me senti tão inútil antes.

 A namorada de Tobias estava nos esperando do lado de fora do condomínio para levar os irmãos a fazerem reconhecimento do corpo. Quando chegamos ao carro, troquei um olhar cúmplice com Ashley, que devia estar sentindo a mesma impotência que eu. 

Ao entrarmos no hospital, os dois foram aterrorizados fazer o reconhecimento do corpo. Ashley e eu ficamos sentados esperando. Segurei a mão dela e aguardamos os dois voltarem. Ela tremia e eu suava frio. Não conseguia imaginar o que Sebastian e Tobias estavam sentindo. Os minutos de espera pareciam horas e no momento que os dois apareceram eu sabia que era verdade. Klaus estava morto. 

Ashley e eu nos levantamos e fomos abraçar os dois. Ambos choravam muito, ela chorou também. Voltamos para o carro e Tobias ligou para os pais. Foram minutos horríveis, enquanto o ouvia dar a péssima notícia por telefone. 

Quem acabou cuidando de toda a burocracia para transferir o corpo de Klaus até a cidade natal dele foi Tobias. O rapaz estava abalado, porém se mantinha firme. Eu o ajudei como pude. Enquanto Sebastian não conseguia sair da cama. Não conseguia confortar meu namorado, então me achava mais útil enquanto ajudava meu cunhado. 

O velório de Klaus foi muito triste. Sebastian era o mais abalado de toda a família. Estive ao seu lado todo tempo até o enterro, mas meu namorado não falava nada, apenas chorava ou ficava em silêncio com um semblante muito desolado.

Ashley e eu dormimos na casa dos pais dos trigêmeos, voltaríamos a Austin um dia após o enterro. Tobias e Sebastian voltariam uma semana depois de nós dois.Durante a volta para casa,  não trocamos uma palavra. O clima era muito pesado. Fingi que dormia durante toda a viagem para não nos obrigar a falar algo um com outro. 

Na semana seguinte, Tobias voltou para Austin, mas Sebastian não. Ele foi até minha casa para me contar que o irmão trancou a matrícula da faculdade e passaria um período junto com os pais. Tobias aproveitou para me falar que Sebastian sofria de depressão e que eu tinha sido a melhor coisa que apareceu para o irmão dele nos últimos anos. Porém ele falou que o melhor era eu deixar Sebastian sozinho o tempo que fosse necessário e esperá-lo me procurar. Quis falar com Sebastian, mas Tobias me fez prometer que não faria isso.

Os meses que se passaram após a morte do Klaus foram intensos. Trabalhava, bebia, estudava e dormia. Minha rotina era essa e eu estava tranquilo em relação a sexo. Sebastian foi o único, até então, que beijei nos Estados Unidos e passei um bom tempo sem sentir falta. 

Meu mundinho sofreu uma guinada brusca em um dia comum, quando estava voltando para casa, louco por um banho e ao entrar no corredor do meu prédio dei de cara com Anthony esperando o elevador. Entramos, eu apertei o sétimo andar e ele o sexto. Cruzamos os olhares e nos reconhecemos na mesma hora.

A notícia sobre a morte de Klaus fora tão pesada que eu nem me lembrei da existência de Anthony. Perguntei como ele estava e então o rapaz me explicou que fora espancado junto com Klaus, que ficou em coma por duas semanas, teve três costelas e cinco dentes quebrados. Eu fiquei chocado ao saber disso, mas ele me tranquilizou, falou que estava bem e que não era mais gay. 

A Pílula (versão 2.0)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora