Adrien Agreste era apenas um simples membro do jornal do colégio e um dos responsáveis pelos anuários que prestou atenção demais na tão peculiar Dupain-Cheng.
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Você usou preto comigo.
Essa cor nunca fez parte do seu guarda-roupas. Você nunca usava preto, porque não combinava. Se na física o preto era a ausência de cor, isso nunca seria algo que ficaria bem em você, afinal, você era como um prisma que refletia todas as cores do arco-íris.
Mas, quatro meses atrás...
Quatro meses atrás, minha mãe morreu.
Foi um dia antes da viagem de formatura. Todos ficaram chocados e eu fiquei desolado, o que já era de se esperar. Por mais que todos soubéssemos que minha mãe viria a falecer, afinal, fazia-se mais de quatro meses que ela estava na UTI e não reagia a quase nenhuma tentativa médica em fazer seu corpo reagir novamente, ninguém imaginava que sua morte viria de tal forma. Ninguém pensava que seu coração fosse falhar, e que ela não teria tempo de dizer adeus.
Eu fiquei sem seu abraço, papai ficou sem seu beijo. Ficamos a deriva, somente com expectativas arrasadas que – no fundo – gostávamos de criar. Nossa imaginação flutuava pensando que em algum dia ela voltaria para a casa, mas naquele dia, todos os pensamentos foram por água abaixo.
Então, quando a notícia se espalhou, meu celular lotou-se de mensagens de apoio e carinho, sempre com um final melancólico dos amigos que não poderiam me prestar apoio naquele momento, afinal, as viagens estavam pagas e ninguém – no fundo – era louco de abandonar a viagem em cima da hora.
Ninguém, com exceção de você.
Naquela mesma noite, você apareceu aqui em casa. Eu não esperava, e fiquei surpreso. Você não me deixou falar, você me abraçou e deixou que eu chorasse. Fomos para o quarto e ficamos abraçados enquanto eu chorava no seu colo. Você não palpitava, você não julgava, você apenas entendia e me aninhava.
Você me deixava libertar tudo o que eu prendi durante o dia tentando ser forte, você me deixou ser eu.
E quando eu parei de chorar, me dei conta que sua camiseta estava encharcada. Não sei porque, mas aquilo me fez rir. Minha risada atraiu a sua, e ficamos bons segundos rindo como se o mundo não existisse. Quando paramos, eu te ofereci uma blusa. Você não hesitou em aceitar.
Lembro que você ficou encantada – também um tanto chocada – pela maior parte das minhas camisetas serem pretas, cinzas e azul-marinho com diversas estampas indo de Vingadores a The Big Bang Theory. Você resolveu usar minha camiseta com a estampa do rosto de Loki, e a camiseta ficou perfeita em você.
Foi quando cai na real do horário, meu olhar se focou no relógio que ficava atrás de você. Eram onze da noite e o ônibus que levaria ao aeroporto sairia as sete. Você se atrasa com facilidade, e eu temi que você perdesse a viagem por mim. Te falei sobre o horário, coloquei o motorista do meu pai a disposição para te deixar em casa. Foi quando você olhou nos meus olhos, sorriu e disse que não iria.
