Prólogo; um anuário colorido de amor.

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[Adrien é softboy nessa fic, acho que vocês vão gostar! <3]

. . .

Os anuários estão prontos, os anuários estão prontos!!!

Rose Lavillant gritava. A voz fraca — todavia, dotada por vida e, se cordas vocais possuíssem cores, a dela sairia em um rosa colado por açúcar, como as tão doces balas Fini — parecia ricochetear pelo corredor, penetrando no ouvido de todas as almas que tinham — o desprazer — de estar em pé ali.

Marinette não olhou, sequer fez menção de sair correndo como parte de sua sala, que quase levaram a porta da sala reservada para o jornal do colégio junto de seus corpos relevantes. Ela apenas permitiu-se dar uma olhadinha. Ficou de preguiça, o corpo pareceu modelo e indisposto demais para entrar naquela briga de corpos — alguns corpulosos, outros franzinos — que contrariavam a física, mostrando que sim, dois corpos podiam ocupar o mesmo espaço.

Estava curiosa — como todos — para por a mão em uma das cópias daquele livro, mesmo sabendo que havia saído com a mesma cara de sempre. Vincent — o mesmo fotografo barato que os mandava pensar em comida antes de disparar aquele flash tão exorbitante no meio de seus rostos — fazia questão de escolher a pior foto que poderia conseguir dela. Pensou que ele — talvez — pudesse ter algo contra ela, mas aceitou o fato que não era fotogênica.

A diferença daquele ano — e que a fez repensar se não deveria entrar naquela aglutinação de cotoveladas e xingamentos para forçar a fila a ser mais rápida — era que parte das fotos haviam sido tiradas pela equipe do jornal do colégio. Estava curiosa para descobrir se algum deles haviam descoberto seu melhor ângulo — algo que nem mesmo ela sabia se existia — ou se todas as fotos estavam no nível Vincent de qualidade.

Soltou uma risadinha para o corredor vazio, pensando naquela piada boba e que ninguém além de Alya entenderia. Havia sido a bendita melhor amiga que colocara aquele apelido bobo nas fotos que não ficavam boas, e — mesmo não gostando no começo — aquele havia virado seu bordão.

Deu outra olhadinha para o monte de gente na porta. Pegou a mochila largada perto dos pés pequenos envoltos pela sapatilha escura e soltou um suspiro. "Outra hora." Pensou, antes de caminhar em direção a sala de aula. Ainda faltavam quase vinte minutos para o fim da aula vaga, mas não tinha nada para fazer. Se não fosse para sala, iria ficar tentada novamente a correr em direção aquela sala lotada de gente que marcaria sua pele sem querer — ou até mesmo por querer — e sua falta de melanina iriam deixar a pele branca e pingada de sardas com arroxeados perceptíveis e doloridos.

Aos poucos — enquanto descia pelo corredor desprovido de almas vivas, ouvindo os gritos de professores que ministravam suas aulas em outras salas — percebia as vozes desaparecendo sutilmente, até virarem murmúrios longínquos demais para que percebesse palavras. Viraram grunhidos inteligíveis, como os de homens da caverna. Empurrou a porta amadeirada da sala onde estudava, acendeu as luzes e viu a lousa um pouco suja de giz. Tomou instantes para decifrar as frases — claramente relacionadas a botânica, uma das matérias que estavam tendo antes do sinal — e pensou se deveria apaga-las, fazendo um favor para o próximo professor que entrasse ali.

Deu de ombros, faria isso após largar a mochila sobre a mesa. Não custava nada ser uma boa samaritana e não ouvir a professora de Francês reclamando como as dores de seu reumatismo se intensificavam a cada movimento apagando aquela lousa tão velha e suja — e que deveria entrar logo com um atestado de mais quinze dias.

Sua maior surpresa havia sido se aproximar daquela mesa de madeira antiga que se sentava desde o começo do ensino médio e encontrar um anuário. Ficou ainda mais confusa quando viu seu nome grafado na capa com uma caligrafia um pouco rápida, mas ainda assim, deveras bonita. Esqueceu até mesmo sobre a lousa, largando a mochila sobre o banco antes de dedilhar a capa dura e avermelhada daquele livro. O cenho franzido demonstrava como estava encasquetada com aquilo. Quem havia largado aquilo ali?!

— Tão... belo. — Soltou para a sala vazia, como se alguém pudesse ouvi-la. Não esperou resposta, e não obteve uma. Virou o livro, vendo a parte traseira, antes de finalmente abri-lo.

Era como um enorme livro de memórias.

Fotos de todo o ano emolduradas e coloridas, assinaturas de professores e colegas de turma. Memórias que marcariam sua vida escolar, fotos de excursões e projetos que deram certo — outras, nem tanto. Soltou um risadinha ao ver o vulcão que fizera ao lado de Kim para Mendeleiev, e que os deixou cobertos por uma lava melequenta e quase rendeu uma visita á diretoria. Meneou a cabeça ao lembrar-se da professora gritando que eram "terroristas que queriam assassina-la" após ver o cabelo roxo enfurnado sobre a gosma solta pelo vulcão.

Estava chegando ao fim do anuário. Tocou o que parecia ser a ultima pagina, onde havia a foto de todos da sala. Dessa vez, seu rosto não parecia tão terrível como nas ultimas vezes, estava até mesmo bom. Deslizou o indicador pela foto, mesmo que não tivesse um motivo aparente para tal ato.

O jeito que seu rosto se destacava parecia diferente, não sentia-se patética como em varias fotos. As bochechas levemente rosadas pelo blush, o sorriso doce...

Era natural....

Virou a página, pensando que acharia os agradecimentos aos professores e equipe gestora, ou algum texto escrito por alguém famoso e copiado da internet. O que realmente achou chamou sua atenção.

"A peculiaridade está em coisas consideradas curiosas para que a mente humana entenda logo no começo

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"A peculiaridade está em coisas consideradas curiosas para que a mente humana entenda logo no começo. Por isso, quando coloquei os meus olhos em você, eu soube que você era peculiar.
E também, especial.
Não me ache um stalker ou algo do tipo, porque nunca andei atrás de você como um cachorro seguindo algum dono, pelo contrário. Descobri essa peculiaridade enquanto terminava de ver os anuários, e... bem... eu não sei como explicar direito aqui, acho que tudo ficará explicado automaticamente quando você ler os tópicos.

Eu espero que você goste."

As Cinco Cores de Marinette Dupain-ChengWhere stories live. Discover now