Parte 1 | Capítulo 7: Marcus

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— Sim eu me lembro — falei rispidamente. — Mas por que você está me lembrando isso? Ele não é perfeito, assim como eu não sou. Já errei muito durante o nosso namoro também.

— Ele não se aceita — Marcel argumentou. — Ele me parece aquele típico homem que vai se casar com uma mulher e ter um relacionamento às escondidas com vários homens durante o casamento. Por isso eu acredito que vai chegar um momento em que vocês dois não darão mais certo. Não é a sua cara aceitar que seu namorado namore uma mulher e aposto que quando a sociedade cobrar do Cássio para que ele namore uma, ele fará isso, dando um fim ao relacionamento de vocês. 

Era inacreditável o que Marcel falou. Ele viajava demais em suas suposições.Tentei não me levar pela raiva e expliquei o que achava que aconteceria em nosso relacionamento.

— Eu acredito que ele vai seguir o nosso caminho, acredito que ele vai se aceitar, ele é mais novo, acho que quando tiver a minha idade já terá se assumido para si mesmo e acabará com aquele papo de ser bissexual. Agora que os pais dele já sabem, mesmo que de uma maneira traumática, acho que no fim tudo vai dar certo para nós dois.

— Esse menino é problema — Marcel falava balançando a cabeça negativamente. — Anote o que estou falando, e falo como seu melhor amigo,ele ainda vai te dar muita dor de cabeça.

— Oi Marcus! — Sérgio entrou na sala, apertou minha mão, se sentou ao lado de Marcel no sofá e perguntou. — O que vai te dar dor de cabeça?— Cássio. Eles voltaram — respondeu Marcel em um tom de censura. 

— Ah, sim — Sérgio comentou. Ele se levantou do sofá e anunciou. — O jantar está pronto, se você quiser contar porque voltaram, eu posso fazer um comentário menos pessimista que do meu marido.

Nos sentamos à pequena mesa da cozinha e enquanto saboreávamos uma excelente massa, contei toda a história a eles. Sérgio se sensibilizou pelo Cássio e sobre seus conflitos internos, enquanto Marcel continuava irredutível e cético quanto ao nosso namoro. 

Eu me sentia um pouco incomodado com esse sentimento negativo do Marcel em relação ao Cássio, mas ficava calado, não queria brigar com ele por causa disso. A conversa que tivemos chegou a me deixar com a pulga atrás da orelha,por mais que eu quisesse acreditar que o Cássio, algum dia, amadureceria a ideia de ter um relacionamento assumido com um homem e não ter vergonha disso, no fundo eu não acreditava que isso fosse acontecer.

Eu invejava o relacionamento de Marcel e Sérgio, era legal ver a interação dos dois. A harmonia e companheirismo que tinham no relacionamento era algo que eu almejava muito. 

Nos finais de semanas seguintes, dormir escondido na casa de Cássio passou a ser nossa rotina das sextas e sábados. E quando  a saudade e o tesão batiam repentinamente, ia para casa dele no meio da semana mesmo, dormia no quarto dele, saía de lá às cinco e meia da manhã e já ia direto pegar o fretado para o trabalho. 

A adrenalina que sentíamos ao entrar e sair da casa sem poder fazer barulho ou quando transávamos silenciosamente no quarto dele, era muito boa. O período que fizemos isso foi o melhor de todo o nosso namoro. Ficamos nessa rotina pelos quatro meses seguintes, sem maiores problemas.

Minha rotina começou a mudar quando cheguei em casa do trabalho em uma noite qualquer e minha mãe estava me esperando para jantar. Seu rosto estava um pouco aflito. Assim que a vi já sabia que algo aconteceu. 

— Oi dona Anabel — disse alegremente e dei um beijo no rosto dela. — Oque houve?

— A transferência do Cléver para Minas Gerais saiu, ele vai mudar daqui um mês — ela disse com pesar.

A Pílula (versão 2.0)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora