20- Diz que me Ama

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CAPÍTULO 20|
D i z  q u e  m e  a m a

   Uma batida soa da porta, mas eu não quero receber ninguém agora. Encaro a janela a minha frente, vendo nada além que areia vermelha e demônios por todos os lados. Eu fui enganada e manipulada todo esse tempo pelo Jules, sem nem me dar conta disso. Ele me usou para a sua vingança, fingindo ser o meu amigo e depois me envenenando.

Me sinto uma idiota por não ter percebido.

Confiar em alguém nunca é uma boa escolha.

A batida soa novamente. Toc-toc, toc-toc, esse som ecoa e ecoa na minha mente, só existem esse som, mais nenhum. Bufo ao perceber a insistência da pessoa, o som da batida ecoa pelo quarto, e não para.

Quem tanto quer me ver?

Eu sei a resposta, mas não quero pensar, não quero ver e nem ouvir. Quero ficar sozinha, como devia ter feito a muito tempo. Mesmo que eu deseje tê-lo aqui, perto de mim, quero olhar em seus olhos quando ele dizer que tudo vai ficar bem.

Mesmo sendo uma completa mentira.

Nada vai ficar bem, tudo está desmoronando. A minha vida já está em frangalhos, tão destruída.

Mas mesmo assim eu queria ouvir ele dizer que tudo vai ficar bem, porque eu me sentiria melhor. Pareceria verdade, mesmo não sendo.

Toc-toc, a batida ainda soa.

Vamos, vá embora! Imploro mentalmente.

Olho de relance para à porta, ela está trancada, destruindo as chances de a pessoa entrar em meu quarto, mas a pessoa é insistente. Bate e bate na porta, fazendo eu me irritar com esse barulho. Eu sei que ele não vai me deixar em paz tão cedo.

Viro e ando em direção à porta, destrancando-a e me deparando com Sebastian prestes a bater outra vez, ele recolhe a mão e sorri ao me ver, exibindo a fileira de dentes perfeitos.

Que bom que um de nós ainda consegue sorrir.

— Achei que você não ia atender — revela, com um sorriso tímido.

— Esse era o plano — digo a ele.

Seus olhos me analisam, indo dos meus pés descalços até a minha mão que está descoberta pela luva, revelando as veias vermelhas e a mancha preta que cobre ela. Droga! Eu me esqueci completamente que estava sem ela, eu a tirei por um momento porque ela estava me incomodando e esqueci de colocar de volta.

— O que veio fazer aqui? — pergunto, escondendo a minha mão atrás das minhas costas, seu olhar acompanha o movimento.

— O que é isso na sua mão? — pergunta, ignorando completamente a minha fala.

Seus olhos negros me analisam, esperando uma resposta minha, mas não sei o que responder. Contar a verdade seria melhor do que mentir? Eu poderia dizer que é tinta ou qualquer outra coisa, mas sei que ele não ia acreditar.

Porque eu sou uma péssima mentirosa.

— Cortesia do veneno de demônio. — Rio sem humor, dando de ombros. — Ainda não respondeu a minha pergunta: o que veio fazer aqui?

Ele ignora a minha pergunta, de novo, e entra no quarto, sem receber um único convite. Reviro os olhos e fecho a porta, me virando em sua direção. Sou pega de surpresa quando a sua mão pega o meu braço que tem a grande mancha.

Ele segura a minha mão na sua e analisa, virando-a de vários lados e passando a mão por ela, que tem uma textura de pedra. Ele continua analisando e sobe os olhos, da minha mão até o meu braço coberto pela jaqueta.

Os Reis de Edom | 𝖢𝗅𝖺𝗌𝗍𝗂𝖺𝗇Where stories live. Discover now