8- Eu te Odeio!

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CAPÍTULO 8|
E u  t e  o d e i o !  


          Eu estava me levantando aos poucos, um passo de cada vez. Eu ainda tinha os pesadelos, claro, ainda acordava de madrugada suando frio e assustada, as idas ao banheiro estavam diminuindo. Já era um começo. Também comecei a sair do quarto, às vezes de madrugada, sempre para ir até o jardim. Até agora não cruzei com o Sebastian, ainda bem!

Jules tem sido um ótimo amigo nesse tempo, sempre me ajudando e me animando, estamos bem mais próximos. Ele nunca mais tocou no assunto da Emily, talvez ainda seja uma ferida não curada e eu entendo isso. Recentemente temos jogado pife, e preciso confessar que ele é um péssimo jogador, porque eu sempre ganho!

Neste momento eu estou ao jardim, é o meu lugar preferido neste castelo, ninguém vem aqui. Não sei porque, aqui é tão belo e te deixa com uma sensação de paz. Pego uma flor e giro ela entre meus dedos, aproximo ela do meu rosto e a cheiro, inspirando fundo o seu gostoso perfume.

Depois de ficar mais um tempo no jardim eu volto ao meu quarto, está de madruga, é mais ou menos esse horário que eu saio do quarto, porque, estranhamente, ele fica muito frio nesse horário, sempre tem um vento fantasma passando por ali. Eu já tentei achar a fonte desse vento, porque das janelas não são, elas sempre ficam fechadas. Tem algo de errado naquele quarto, eu só preciso saber o que é.

Quando estou prestes a entrar no meu quarto, eu vejo que a porta do quarto da frente está entreaberta, me aproximo devagar da porta e olho pela pequena brecha. O quarto está escuro, mas eu consigo ver o meu irmão dormindo. Ele parece um anjo dormindo, tão sereno e belo, mas ele não é um anjo, pelo contrário: ele é um demônio.

Vendo-o dormir tão sereno eu penso como seria se as coisas tivessem sido diferentes, se ele não tivesse sangue de demônio nas veias, se a minha mãe não tivesse abandonado ele, se eu e ele crescêssemos como uma família. Mas, infelizmente, as coisas não foram diferentes.

Suspiro fundo e fecho a porta do seu quarto devagar, para não fazer barulho. Não sei porque estou fazendo isso, ele matou o Jace, me fez ficar aqui em Edom e machucou muitas pessoas. E mesmo assim eu ainda me importo com ele.

É, eu devo estar realmente louca.

Eu estava começando a gostar dele, mas quando ele matou o Jace e "serviu" a cabeça dele, esse sentimento se quebrou, como um espelho em pedaços. Se ele tivesse seguido por outro caminho... Eu poderia muito bem estar com ele.

Me sento na cama e levanto a cabeça para cima fechando os olhos. Não tinha porque ele matar o Jace, se ele tivesse esperado só mais um pouco... eu poderia estar realmente gostando dele. Era só ele ter esperado. Aquele beijo que ele havia me dado no jardim fez eu me sentir completa, nem mesmo com o Jace eu me sentia assim.

Ele só precisava ter esperado...

Sem que eu percebesse, lagrimas já estavam rolando. Eu não acredito que eu estou chorando por ele, eu não acredito que ele me quebrou.

E eu não acredito que eu permiti isso.

— P-por que você fez isso, Sebastian? — Murmuro ainda de olhos fechados.

Tampo a minha boca tentando engolir um soluço por causa do choro, meu peito está doendo, apertado. Meu coração parecia estar sendo esmagado. Eu não podia me permitir pensar nele. Não. Eu não podia ter sentimentos por ele. Jamais...

Mas... então por que eu estava chorando? Por que eu estava triste por ele ter quebrado as nossas chances? E por que eu queria ter uma chance com ele?

Por que dói tanto gostar de alguém?

Eu estava abraçada ao meu corpo, encolhida na cama, chorando como uma criança de cinco anos que acabou de perder o seu brinquedo preferido. Meus soluços ecoavam pelo quarto todo, meu peito doía, as lagrimas caiam descontroladamente.

Os Reis de Edom | 𝖢𝗅𝖺𝗌𝗍𝗂𝖺𝗇Where stories live. Discover now