CAPÍTULO 41

4.6K 331 4
                                    


Um ano havia se passado desde então, minha família havia se estabilizado na Itália, e se tornaram a maior industria de tecidos, com reconhecimento mundial. A busca pelos tecidos eram cada vez maiores, e com isso houve a necessidade de expansão. Baldi, havia doado uma das filiais para Lucca, e ele a governava ao meu lado, Deva havia assumido a sua própria filial, e isso aconteceu com cada um dos meus irmãos. Uma semana atrás, recebemos uma ligação de Nova Iorque dizendo que Giovani estava em uma depressão profunda, e precisava de cuidados intensivos, e que ele estava agindo feito uma bomba relógio, prestes a se matar e a uma semana, meu marido está em Nova Iorque, ajudando com o pai com os cuidados necessário. 

Era como se Giovani envelhecesse mais vinte anos, e como se tudo que um dia ele fez a cada um de nós, caisse como um farto sobre suas costas. Ele não estava conseguindo sustentar a situação sozinho, estava cada vez mais debilitado e após as tentativas de suicídio, ele andava praticamente dopado. 

– Maya...– ouço a voz de Lucca pela videochamada. 

– Sim?

– Voltarei em breve para casa! 

– Como está seu pai? 

– Instável, os médicos não sabem mais o que fazer, é como se nenhum medicamento mais fizesse efeito. Talvez seja a culpa, ou tomou noção sobre as suas atitudes.

– Sim.

Digo apenas. 

Eu não entrava em detalhes sobre meus achismos com Lucca, ele não precisava lidar com a minha opinião em relação ao seu pai. Ele falou mais um pouco antes de desligar, e eu apenas suspirei. Caminhei em direção ao escritório que ficava no andar de baixo, e trabalhei o máximo que eu pude para espantar os pensamentos obscuros que as vezes tentavam invadir a minha mente. Lucca precisava se cuidar. Eu pressentia. Eu precisava me cuidar. 

Antes de deitar, liguei para Amélia que me atendeu nos primeiros toques, pedi que ela e Gabriela viessem para casa, eu não queria ficar só. Eu havia me resolvido com todos os fantasmas do meu passado, mas eu ainda sentia medo e vivia com medo deles. Medo de Giovani tentar algo com a vida de Lucca, sentia medo de Regina que estava a tanto tempo desaparecida, mas que as vezes ligava para contar sobre o irmão de Lucca, e eu a atendia como se fossemos amigas, por sentir medo, medo de algo ser tentado contra nós.

Na manhã seguinte, acordamos com a notícia de que Giovani e Regina haviam sido encontrados mortos. Regina, em seu apartamento em Roma, e Giovani com um tiro no peito. Aquilo era algum sinal. Mais uma vez a família entraria em guerra com alguma Máfia, e eu não gostaria de estar por perto para presenciar. Quando o avião de Lucca pousou em Milão pela madrugada, eu corri para os seus braços e o abracei com ternura. Seu coração estava despedaçado, eu podia sentir. Era o seu pai. 

– Você não devia estar aqui sozinha. 

Lucca estava com aquela cara, e eu a reconhecia. Ele não havia tomado os seus medicamentos. 

– Vamos para casa, Maya. 

Eu apenas o acompanhei, e no carro, tirei uns comprimidos da minha bolsa e os entreguei para Lucca, que me olhou de form desagradável. 

– Por favor, beba! Não precisamos de mais problemas. 

– Não me encha, Maya.

E então eu me calei, devolvendo os comprimidos de volta ao recipiente. O caminho para casa foi feito em silêncio, Lucca estava a dias sem tomar o medicamento e eu reconhecia cada sinal da ira estampada na sua casa. E então, eu apenas me calei. Ao chegarmos em casa estavam todos ali, reunidos a espera de Lucca e do corpo de Giovani que viria pela manhã. Sua irmã a abraçou com zelo, Nona estava com um olhar vago e vazio, ela apenas me abraçou e iniciou um choro sofrido. Eu dei meu ombro a ela por toda a noite. Em silêncio. Reprimida. Da forma que deveria ser. 

Quando Nona me soltou e foi falar com Lucca, eu pedi licença a todos e segui para o meu quarto, onde eu permiti me desabar em lagrimas. Tudo foi um erro. Nada passou de um erro. Me coração sentia alivio, e ao mesmo tempo medo, alguém havia feito aquilo como um aviso de que viriam atrás de nós. Eles mataram um homem em um sanatório de segurança máxima. 

A porta do quarto foi aberta, revelando a sombra do meu marido que me encarou. Seus braços fortes rodearam meu corpo, e me apertaram em um abraço. Como uma forma de proteção, eu apertei meu corpo contra o seu. 

– Eu te amo, princesa. Vou te proteger até o final das nossas vidas. Nem que seja a ultima coisa que eu faça.

– Não posso viver sem você. 

– Nada acontecerá comigo, nem com você. Antoni e os homens do seu pai já está cuidando disso, já sabemos quem são os responsáveis e agora é uma questão de tempo. 

– Eles virão atrás de nós, Lucca. Eu sinto. 

– Se acalme, princesa. Vai ficar tudo bem. 

– Eu espero que fique. 

– Sua mãe e suas irmãs estão aqui, tome um banho e vá encontra-las. 

Apenas afirmei, e sequei as minhas lágrimas. 

Quando retornei para sala, me sentei ao lado de mamadi e Mahara. Deva conversava com alguém no telefone em Árabe, provavelmente era algo com a empresa. 

– Estou preocupada com Bassan – sussurra mamadi – Ele entrou naquele maldito escritório com aqueles terroristas e está lá a horas. Se em trinta minutos ele não sair de lá, eu vou arrebentar aquela porta.

– Se acalme, mama! – pede Mahara.

– Estou com medo, mamadi. 

– Eu também estou filha, sinto o cheiro de guerra a vista. Precisamos nos proteger. 



LIVRO NA RETA FINAL. 

PROMETIDA AO MAFIOSOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora