CAPITULO 33

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Ele sorriu.

E eu o acompanhei.

Aos poucos ele começou a falar como estava as coisas por aqui, e pediu que eu o contasse sobre o mundo fora deste lugar.

E assim, eu fiz.

Incluindo nosso almoço em família.

– Não acredito que perderei isso! – ele diz, e sorri de forma mansa.

Eu nunca o vi dessa forma.

– Não te faltará oportunidade, não se preocupe! – digo e retribuo o sorriso.

Tivemos que nos despedir quando o médico disse que ele precisava tomar sua medicação. Ele me abraçou. Era um abraço leve, e ao mesmo tempo esmagador. Nossos corpos estavam conectados e não havia a possibilidade de negar essa realidade, mas eu também não poderia me desprender de outra. Ele ainda poderia ser agressivo.

– Me promete que volta para me falar sobre o almoço? – ele pergunta, encarando profundamente os meus olhos.

– Eu prometo! – digo, e me solto de seu abraço – Até logo, Luca. E se cuide!

– Até logo, Maya! Vou me cuidar!

Ele sai dali acompanhado de um enfermeiro, e eu me afasto caminhando em direção ao médico que me aguardava próximo a escada em que me fez descer para o jardim.

– Podemos conversar um pouco agora? – pergunta o médico, e eu afirmo – Já devem ter te contado, mas Luca estava tendo episódios de psicose. Vocês são casados, e chegou a observar mudanças repentinas de humor? Mudanças de comportamento? Algo relacionado a bipolaridade.

– Sim, ele era bem instável! – digo, e o acompanho novamente pelos corredores até que ele entrasse em uma sala, como um consultório.

Eu me sento acompanhada de Deva.

– Em um momento ele estava bem, e em outro totalmente estressado e agressivo. Não foi a primeira vez que ele faz isso, mas dessa vez, foi mais forte!

– Como se ele quisesse realmente te matar?

– Sim, ele estava totalmente fora de si... Não era ele! Ele parecia estar vazio! – digo, e o médico afirma.

– A família estava bem relutante em relação ao assunto, e nós precisávamos de informações que realmente flechasse um diagnóstico concreto... Nós realizamos diversos exames para ver que havia alguma parte cerebral afetada, e não havia nada. Precisamos optar pela parte mais clínica. Ele sempre falou muito de você, e teve diversos surtos por situações que ele estava criando na mente. E dizia sempre que estava preocupado com você, e com a sua situação...– suspiro.

– Não foi fácil...– digo, e suspiro – Mas então a qual conclusão você chegou?

– Ele passou por um período de observação e nós notamos as mudanças de humor, mas como eu disse a família dele estava relutante, Luca desenvolveu uma psicose bipolar, na verdade, esses transtornos bipolares se iniciam na infância, talvez seja por um descuido familiar, mas enfim, ele apresenta os sintomas de transtorno bipolar e também experimenta episódios de psicose. A psicose ocorre mais comumente durante as fases maníacas, nos picos de estresse o que o faz ter pensamentos homicidas. Mas isso é algo tratável, e ele pode se estabilizar. Mas ele não poderá lançar mão do medicamento, e teria algumas restrições como uso de cafeina. E ele já tem noção do que está passando, e tem aprendido e tem respondido muito bem aos estímulos mas exigia ver você, então acredito que isso vá acarretar muito na melhora dele.

– Eu espero que sim, doutor! Quero que ele melhore tanto quando você. Não prometo voltar amanhã, temos um compromisso com a família de Luca, mas sempre que der eu estarei aqui!

Ele sorriu, e me explicou os métodos que usaria para tratar o Luca. E eu concordei com tudo, desde que não fosse nada agressivo.

Eu acompanharia o tratamento de Luca, antes eu sentia medo agora eu começo a ter esperança! Seu olhar, seu semblante totalmente perdido mexeram comigo de forma que não me deixaria abandoná-lo e depois eu decidiria o que fazer.

– O que você achou de Luca? – pergunta Deva – Ele parecia perdido.

– E ele está, Deva! Ou melhor, talvez ele esteja perdido a muito tempo.

Deva apenas concorda.

A cada passo para fora daquela clínica, eu tentava ignorar a sensação de estar deixando o meu coração ali e afasto rapidamente esses pensamentos.

Chegando em casa, cumprimentei meus pais e fui direto para o quarto. Eu precisava de um banho, precisava relaxar. Segui para minha suite, era impressionante como era bom ter uma casa.

Minhas coisas estavam perfeitamente organizadas, as roupas estavam separadas por cores e peças de roupa. Aos poucos eu me situava. Peguei um pijama preto, e após me vestir, eu apenas me joguei na cama, que era perfeita. Confortável. Estava tudo tão perfeito nessa casa.

Enquanto eu encarava o teto, eu tentava esvaziar a minha mente. Eu evitaria a qualquer custo tomar qualquer medicamento que me faça apagar.

Ouvi batidas no quarto, e Deva adentrou o mesmo segurando meu comprimido e um copo d'água.

– Posso dormir com você? – pergunta me arrancando uma risada – Só hoje, eu juro! Você vai tomar esse medicamento, e eu quero estar por perto caso aconteça algo.

– Não acontecerá nada, eu não vou tomar esses medicamentos! – digo, e me sento na cama.

Deva me encara.

– E os pesadelos? – questiona – A insônia? Você passou dias sem dormir, Maya. Tem certeza?

– Thik, Deva! – digo, e sorrio com o seu desespero.

– Não quer nem a erva maravilhosa da mama? – pergunta mamadi, surgindo no quarto com uma bandeja, me pegando de surpresa.

– Eu queria tentar não ficar dependente dessas coisas...– digo, e acabo aceitando a caneca com o chá.

– Essa erva é maravilhosa, é como um boa noite Cinderela querida, e é natural! – diz mamadi.

– Eu não vou morrer, né? – questiono um pouco preocupada – Eu quase morri algumas vezes esse mês, já tá bom.

– Maya! – mamadi e Deva me repreendem.

– Estou mentindo?

Elas me ignoram.

Deva coloca o comprimido no criado mudo ao lado da cama, e eu tomo um gole do chá que estava quentinho, e doce.

– Você vai relaxar, confie na sua mama!

– Are baba! – murmuro, e tomo o chá todo de uma vez – Relaxar é tudo que eu mais preciso.

– Deva ficará aqui? – ela concorda – Sempre a medrosa! Descansem, quero vocês bem cedo para recepcionar seus irmãos, e me orgulhem!

Ela caminha em direção a porta, sua postura era impecável.

– Maya, não arrume briga com as esposas dos seus irmãos!

Apenas revirei os olhos.

A noite corria, e nada da erva de mamadi fazer efeito. Mas eu não tomaria aqueles medicamentos.

Deva dormia ao meu lado de uma forma tranquila e serena, e eu senti uma pontada de inveja.

Peguei o meu celular, eram 4:26 da madrugada. E eu não conseguia pegar no sono. Minha mente estava uma confusão, eu não sabia se pensava em Luca, no seu estado, ou se me martirizava por tudo que eu passei.

Mas uma coisa era certa, eu devo me preparar para o almoço de amanhã. Isso me tira o sono, mais que qualquer coisa. Eu sentia medo do conflito que isso poderia causar.

PROMETIDA AO MAFIOSOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora