CAPITULO 14

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Eu conferi a janela pelo menos umas 10 vezes antes de dormir, me certificava de que ninguém viria atrás de mim. Quando eu me deitei, automaticamente meu corpo sentiu falta do de Luca. E eu me amaldiçoei por isso.

Infelizmente eu me apaixonava por mim, eu estava me apaixonando.

Minha noite foi extremamente agitada, eu quase não conseguia dormir e quando consegui o dia já estava amanhecendo.

Me dei mais uns momentos de sono, que foram interrompidos com o toque do telefone.

Eu não atenderia.

Eu não chegarei perto desse telefone.

Eu corri em direção à janela, e mais uma vez observei o movimento da rua. E era deserto. Onde eu estava?

Eu estaria louca ao confiar em dois senhores?

Mais uma vez sozinha.

Após fechar toda a casa, todas as cortinas e trancar tudo e qualquer entrada existente, eu caminhei pela casa conhecendo os cômodos. Descobri que Joseph e Marta eram casados. Havia uma foto deles sobre um móvel em um quarto, era uma fofura.

A foto era antiga, ainda estava em preto e branco. Eles sorriam, cúmplices.

– Baguan Kelie, queria tanto um amor assim! – digo, e devolvo a foto no móvel.

Do quarto de Marta, eu sigo para o quarto ao lado. Era um quarto infantil. Havia uma foto de Marta com exatamente quatro crianças, ela os abraçava. A foto transbordava carinho, e de longe eu poderia sentir.

Eram duas meninas, e dois meninos. Traços perfeitos, iguais ao de Luca e Gabriela, Antoni e Amélia.

Eu encarava aquela foto, tentando entender a ligação de Marta com a família. Até então eu imaginava ser apenas uma empregada com apego às crianças.

Mas ao ver as fotos de Marta abraçada a Alessandra eu havia um ponto de vista diferente. Marta e Joseph seriam os pais de Alessandra? Avó de Luca e Gabriela?

Abandono o quarto e vou até a cozinha com o meu estômago revirando dentro de mim. Eu sentia muita fome.

Ao abrir os armários pude notar que estavam cheios. Tentei preparar algo para eu comer, e seguindo um pequeno caderno de receita que havia ali eu quase consegui.

Quase consegui.

Após o almoço, eu me deitei para assistir um filme. E essa rotina se resumiu pelos próximos três dias.

Eu estava sozinha, mas era diferente. Era como se eu desfrutasse minha própria companhia.

Eu comprei passagem para a Índia daqui a dois dias, e é isso. Eu voltaria para minha casa, para os braços do meu pai. Viveria a vida de uma mulher amaldiçoada, mas eu viveria livre.

Eu não seria digna de nenhum homem, mas serei digna da minha liberdade.

Eu estava atenta, sempre atenta a qualquer movimento na sua. Eram quatro da tarde, e eu tentava me manter acordada. Eu não posso dormir agora. Eu preciso ver. Preciso ouvir. Ninguém pode me encontrar.

Um estrondo.

Apenas um estrondo, me fez pular. Me sentei rapidamente no sofá e encarei a porta. Um Luca bufava, feito um animal, raivoso, exalava ódio.

Ele se aproximou em passos firmes, e seu olhar deslizou por todo meu corpo. Conferindo se estava tudo no lugar. Minha respiração se tornou irregular, e rapidamente eu me levantei.

Eu dava passos para trás, buscando algo para me proteger caso ele me atacasse, me agarrasse com força, ou até mesmo tentasse tapar minha boca.

Peguei a vassoura que estava logo atrás de mim, e me prontificar a mira-la na sua direção.

– Por que se escondeu de nós? Por que fugiu de mim? – ele diz raivoso entre dentes.

– Você queria que eu ficasse para apanhar? – digo entre dentes, ele da um passo em minha direção – Fique longe de mim!

– Eu não bateria em você! – ele grita, e eu me assusto.

– Você apertou os meus braços, um aperto forte. Você tapou a minha boca. Você me jogou no chão! – digo, e mantenho a vassoura nas mãos.

– Você é uma criança, Maya! – ele diz, e acerta um tapa na pequena mesa que havia ali.

– E você é um opressor, Luca! E você nunca mais encostará um dedo em mim!

– Pare com isso, sua burra! O que tinha na cabeça ao acompanhar aquelas pessoas até o bar? Eu não te autorizei a sair.

– Você não me autorizou? – gargalho, e jogo a vassoura com certa força no chão – Eu não sou sua, Luca. Eu nunca fui. Nunca serei. Se lembra do que me disse nos meus primeiros dias aqui? Quem viverá uma vida amarga será você! Quer acabar com a sua vida? Acabe, mas me deixe em paz. Eu nunca pedi pra estar aqui! – berro, chamando a atenção dos seguranças de Luca – Eu não seria a única a viver uma vida sem amor, eu nunca vou te amar Luca.

Mas eu já o amo.

– Eu nunca vou amar uma pessoa como você, Maya! Suas atitudes me dão nojo, desde quando a conheci. Agindo feito uma vagabunda! – ele diz de forma fria – Você está fadada a viver uma vida de amargura ao meu lado.

– Eu tenho pena de você! – grito, ao sentir dois seguranças segurarem os meus braços – Pena de quem precisa humilhar alguém pra ser superior. Estive disposta a viver essa merda de vida com você, me arrependi no mesmo instante ao te ver agarrado com a minha irmã. Tem certeza que a vagabunda sou eu? – ele faz um sinal, e dois seguranças me carregam pelos braços.

Eu apenas o acompanho.

E quando me colocam sentada no banco do carro, eu convulsiono em um choro. Era amargo.

Eu estava levando uma vida triste, uma vida fadada ao fracasso e a amargura.

O carro começou a se movimentar, eu sentia os olhares dos seguranças sobre mim enquanto chorava. Eu tentava chorar baixo, tentava fazer que ninguém ouvisse. Mas a minha dor era maior que isso. Eu fui amaldiçoada a viver uma vida triste.

Ao lado de um homem ruim.

De uma família ruim.

– Senhora Vitale, não mexa com Luca. Não o provoque. Ele perde o controle às vezes! – diz um homem que estava ao meu lado.

– Eu já disse que não tenho medo de Luca. – ele pediu pelas minhas atitudes, agora teria que me aturar.

– No seu lugar, eu teria. Luca é incapaz de amar! – diz, e eu o encaro.

– Eu quero que ele me odeie! – digo entre dentes, e aproximo meu rosto do homem a minha frente – Eu quero que ele me odeie como nunca odiou ninguém, eu quero que ele tenha a ousadia de tentar me destruir!

Eu não sou boba.

Poderia ser, mas não serei.

PROMETIDA AO MAFIOSOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora