𝑅𝑖𝑜- 𝐿𝑎 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙

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Meu corpo todo doeu no estante que se chocou violentamente ao chão.

— Chamem o Denver, eu quero ela morta. — Berlim disse rápido e claro, meu corpo involuntariamente gemeu de dor e eu implorei para que não me matassem, com lágrimas escorrendo. — Ah, eu só estava me divertindo.

Ele saiu da sala me deixando sozinha com Tóquio. — Bonitinha, eu não fui com a sua cara desde que te vi. Então por favor, facilite as coisas porque eu não vou poupar esforços para que Berlim dê um jeito em você.

— Que porra você tá falando Tóquio?— Minha visão estava completamente embaçada, mas eu reconhecia a voz de Rio. — Puta que pariu Emmy.

Quando abri os olhos novamente eu estava em outra sala, essa era menor que as outras e eu não fazia noção da sua existência. Ela era velha, uma sala abandonada, imaginei. Não tinha nenhum móvel, apenas alguns livros em uma estante velha, que parecia querer cair a qualquer momento, seu som também era abafado, eu não ouvia nada, era como se não tivesse mais na casa da moeda, eu só reconhecia pelos detalhes da parede, que eram as mesmas cores e tinha o mesmo símbolo gravado no rodapé de mármore que ficava a poucos centímetros do chão onde estava deitada.

Meu corpo doía muito, minhas costas pediam para ficar nessa posição para sempre, a queda foi alta e por muito pouco não bati minha cabeça em nenhum lugar que pudesse afetar ainda mais minhas condições. Eu certamente não iria esquecer desses traumas tão facilmente. Um susto quando abriram a porta.

Por sorte era Rio, ele sempre demonstrou ser o mais calmo, ele era o mais novo dali, e eu não entendia porque alguém tão jovem entraria em um mundo de crimes assim. Ele caminhou até mim, entretanto minha reação foi me levantar rápido e encolher meu corpo. Gemi de dor.

— Não era pra ter feito isso, porra. — Ele falou calmo. Ele veio até mim o mais rápido que pôde e me ajudou a sentar com mais cuidado. — Consegui achar uns analgésicos para você, e trouxe água e comida a mando de Nairóbi.

Peguei dois comprimidos e tomei com a água. — Obrigada.

— A queda foi feia, eu vi de relance. Bom, não era pra você tentar fugir daquela forma, nós conhecemos cada estrutura desse lugar. Apesar disso você foi corajosa.

— Eu ouvi tiros, gritos, imaginei que estivessem nos eliminando um a um. Então meu extinto maior foi o de fuga. — Comentei.

— Não, os tiros foram disparados para causar um auê com a polícia. Os reféns foram dividos para a impressão de dinheiro e o túnel, outros ficaram no mesmo hall de entrada. — Ele explicou. — Não iremos matar ninguém, essa é a meta.

— Por que?

— Não queremos sujar nossas mãos com sangue de inocentes. — Meu corpo latejou e eu gemi novamente de dor.

Rio me apoiou com uma de suas mãos e me ajudou a deitar novamente. Permanecemos calados por minutos, até nós dois pegarmos no sono. Quando abri meus olhos novamente ele se encontrava dormindo, tão frágil, eu poderia mata-lo.

Mas Rio sempre foi bom comigo, gentil, e estava me ajudando agora por conta própria. O observei dormir e repensei nos motivos que o levariam para tais ações, acho que a possibilidade de se ter muito dinheiro mexe muito com a cabeça de todos nós.

O sistema capitalista tornou-se predominante em praticamente todo o mundo. Porém, as suas fases e etapas de desenvolvimento não ocorrem de forma igualitária na totalidade do espaço mundial, isso porque a sua lógica de produção e reprodução é puramente desigual. 

E vivemos em um mundo em que o dinheiro é o provedor de sonhos, tudo gira em torno do dinheiro, metas, realizações e sonhos. Todos tem uma ideia de que o dinheiro irá melhorar a vida, e de fato, vai. Mas somos tão pressionados que acabamos usando os piores métodos.

𝑰𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆𝒔Where stories live. Discover now