DEMON †

11|conversando com a lua

— Droga, Yoongi!

— Eu vou ficar bem, Ji. Eu prometo.

Park bagunçou os cabelos rebeldes, extremamente irritado. Min Yoongi realmente não o escutava, teimoso como uma mula. Seu melhor amigo era capaz de o deixar de cabelos em pé quando encasquetava de não tomar seus remédios regularmente.

Yoongi abandonou a privada, virando o corpo em direção ao loirinho bravo. O entendia, seu bebê era preocupado ao extremo contigo, e não julgava, sempre foram muito mais que simples amigos. Não, nunca consideraram a ideia de serem namorados, mas existia um carinho e uma proteção um com o outro, muitas vezes exagerada. Era Min quem cobria seus olhos quando sabia que tal coisa poderia o deixar chateado ou com medo, era ele quem beijava sua testa todas as noites antes de dormir, como uma figura paterna. Era Jimin quem contava piadas chatas para tirar um sorrisinho, era Jimin quem o enchia de cócegas e dormia agarrado contigo quando sabia que precisava. Eram Park Jimin e Min Yoongi, a fortaleza um do outro. O ponto de apoio. Esperança.

Porque Min Yoongi é a esperança de Jimin. E Park Jimin é a esperança de Yoongi.

O mais novo abaixou-se, apoiando a parte frontal de seu corpo no armário minúsculo abaixo do pia, próximo a privada. Passou a mão pequena nós cabelos negros, receoso. Ele sabia o que Yoon aprontou, apenas não queria admitir.

— Preciso que seja sincero comigo. - Adotou a expressão séria. — Você tem tomado os coquetéis?

Como ele previu, Min vacilou. Rodou os olhos pequenos para qualquer lugar que não fosse a expressão julgadora do loiro, culpando-se.

— Vida, eu...

— Não! - Afastou-se, colocando o corpo ereto próximo a parede branca. — Você me prometeu, Yoongi! Droga, isso pode custar sua vida!

Yoongi abaixou a cabeça, a colocando entre os joelhos. Os olhos começavam a arder, e não poderia se mostrar fraco. Ele não é assim. Min não é fraco.

— Eu não sentia mais nada, Jimin. - Informou, controlando a voz. — Eu pensei estar curado...

Mas não há cura, e ele tem consciência disso. Acontece que ele esconde uma pessoa medrosa dentro de si, mesmo que se mostre alegre. A verdade é que ele tem medo de aproximações, medo de descobrirem a verdade e o julgarem, medo de ser rejeitado.

— Você sabe muito bem o por quê de não sentir nada. — O loiro bateu os pés, nervoso. — Quer parar no hospital de novo? Porra, você quase morreu!

— Eu já entendi! — Levantou a cabeça, lhe mostrando o rosto vermelho. — Acha que é fácil? Eu não passo de um doente, Jimin!

Park deixou que as lágrimas caíssem. Não era justo ele se diminuir assim, não era justo ver seu sol se escondendo.

— Cala a boca. — Sussurrou, os lábios tremendo pela raiva. — Foram dois anos, Yoongi. Dois anos para você se recuperar e agora está regredindo. O que aconteceu?

— Nada. — Grunhiu, puxando os cabelos.

— O que aconteceu? — Repetiu.

O menor suspirou, cansado de mentiras. Queria lhe contar a verdade, queria mostrar que confiava em seu loirinho, mas por que era tão difícil admitir?

— Ele falou comigo. — Confessou. — Taemin me encurralou no corredor, disse coisas horríveis. Eu tentei, Jimin. Eu juro que tentei, mas eu não consegui ser forte. Eu quis provar a ele que não era a porra de um doente, mas eu só consegui ficar pior.

Park sentiu a raiva subir a cabeça. Queria pegar aquele projeto de ser humano e o jogar no inferno, quebrar cada dente, o fazer sofrer até que implorasse pela morte. Era tão nojento, tão asqueroso. Como ele pôde? Como ele pôde tirar a inocência de seu garoto, sem ressentimento algum?