🌼 FINAL 🌼

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Mharessa

Alguns anos depois...

A mesa estava posta com frutas, pães, queijos e café, tudo que nós amamos. A toalha de mesa florida e colorida deu uma cor a mais no ambiente, que a mamãe costumava encher de plantas de todos os tipos.

— Me passa o pão, vai! — Pedi nada gentilmente a minha irmã, não porque queria ser grossa, eu só gostava de irritar ela todos os dias de manhã.

— Tem que pedir por favor, se não eu não passo.

— Ah, tá. Me dá isso aqui logo. — brinquei e a Júlia riu. — Pega Juquinha, aqui.

— Não deixa ele mal acostumado — falou Júlia. — Ele tá enorme!

— Mas eu já havia prometido a ele, ué. — Falei, arrancando uma gargalhada de todos na mesa.

É, ele realmente estava enorme. Juquinha não era nem sombra do pequeno cachorro de anos atrás.

— Não se atrasem meninas, já estou indo pra o trabalho. Querem carona? — Papai se pronunciou.

— Nós vamos com a mamãe — disse minha irmã. 

— Pode ir querido, eu deixo as meninas na faculdade.

Papai se despediu com um beijo e saiu, prometendo voltar a tempo para o nosso jantar especial mais tarde. Que seria pizza, claro. Nossa mãe continuava não se dando muito bem com a cozinha.

Em poucos minutos estamos no carro como todos os dias, cantando as três juntas, uma música que há  meses atrás, a Júlia odiava e agora não parava de ouvir. Pois é,  por aqui muita coisa mudou. Inclusive o gosto musical da minha melhor amiga e irmã. Até mesmo as manias de alimentação saudável da minha nova mãe haviam mudado. A prova disso é de que comeriamos pizza hoje. E não apenas uma ou duas.

Quando chegamos ao nosso destino nos despedimos da mamãe e caminhamos juntas ao Campos. Era um sonho para nós duas estarmos ali, finalmente. Júlia já  cursava o quarto e último ano de teatro e eu estava no meu primeiro ano de letras. Demorei a decidir se realmente entraria em uma universidade. 

Pois é.  Muita coisa mudou. Principalmente porque eu nunca pensei em estudar em uma universidade antes.

Nesses quase seis anos que se passaram, eu comecei a ter esperança de que eu tinha sim um futuro. Um futuro lindo e feliz, como mamãe e meu irmão diziam.

Todos nós sempre temos. Se você tem vida, há um futuro. E há vida e esperança nos piores momentos possíveis.

— Oi. — falou Emília, envolvendo minha cintura. — Está indo pra sala?

— Sim. — Falei, entrelaçando seus dedos ao meu.

E antes que me perguntem, sim, nós cursamos o mesmo curso juntas. É, o preconceito não venceu não.

— Queria que o Adrian também estivesse aqui — choramingou Júlia, ao ver a Emília. 

— Você sempre fala isso mas foi você que insistiu para que ele estudasse dança porque é o sonho dele, né?

Ela riu.

— Pois é, talvez eu me arrependa disso só um pouquinho — ela diz.

O Adrian estava estudando em uma escola de dança nos Estados Unidos.  E por insistência da minha amiga, porque por ele, estaria estudando qualquer curso aqui no Brasil só para estar perto da Júlia. Mas já que ela não podia estudar em uma escola de dança mundialmente reconhecida como aquela por estereótipos ridículos impostos, eu tinha a certeza de que ela jamais impediria o sonho do Adrian.

Eles eram realmente aquele tipo de casal inseparável e perfeito.

Júlia  era uma professora bailarina perfeita, de qualquer forma. Uma amiga irmã perfeita, também, aliás. A amizade é o bem mais precioso, puro e único do universo.

Minha vida havia ganhado cor novamente. Eu tinha uma família maravilhosa, alguém que eu amava, amigos que eu amava... Tinha até um avô!

Ah, e se querem saber do seu Luís, ele finalmente conseguiu se aposentar e foi convencido pela família da Júlia e por mim a alugar uma casinha, onde  sempre ia visitá -lo. E era muito divertido passar minhas tardes rindo e conversando sobre qualquer coisa antiga que o meu avô havia vivido. Ele era um senhor engraçado.

Apesar de tudo parecer tão perfeito agora, a minha família jamais seria esquecida. Prometi isso a mim mesma.

Quando chegava em casa e colocava a cabeça no travesseiro, a primeira coisa a qual eu olhava eram as fotos de nós tres: mamãe, meu irmão e eu. E já não chorava mais, eu sorria.

Sorria porque sabia que não importa se não estão mais aqui fisicamente, eles sempre serão a minha família, a quem meu coração pertence.

E todo o amor que nós tínhamos um pelo outro jamais morrerá. Tudo que vivemos juntos, está eternizado em meu coração.

Logo ao lado, havia a foto da minha nova família, pessoas que eu aprendi a amar incondicionalmente. Meu pai, minha mãe e minha irmã.

E também uma foto da Emília, a garota que não teve culpa do ódio que foi proferido sobre nós. Que esperou o tempo certo para se aproximar de mim novamente e que me pediu desculpas, quando na verdade ela não tinha culpa alguma. Nada mudaria meus sentimentos por ela.

E seu Luís, o meu avô do coração. O homem que me salvou e que eu tenho certeza, é meu avô, pai ou irmão de outra vida.

Eu amava todas essas pessoas e tinha todos os motivos do mundo para sorrir. Tinha muita sorte em ser tão amada e agora, percebendo tudo o que a vida já havia me dado, mesmo que eu tivesse perdido pessoas que eu  tanto amo, me sentia grata.

Grata por todo o amor que eu recebi.

Grata pela amizade, o bem  mais precioso, puro e único do universo.

Grata de entender que o amor é o que temos de mais bonito e importante.

Grata por entender que se olharmos para o que temos de bom, podemos encontrar um novo sentido para sorrir. Podemos transformar toda a dor em gratidão.

Grata pela oportunidade de viver e entender que sim, nós somos fortes.

Onde quer que esteja, espero que saiba disso, Thulio. Juntos, eu e você, meu irmão, fomos fortes. Nós somos fortes. Muito mais do que pensamos.

Mais Forte do Que Pensamos  (COMPLETO) Where stories live. Discover now