Como atrair uma fêmea

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É difícil manter minha expressão confiante por mais de dez segundos, mas eu continuo minha tentativa de não vacilar diante do olhar que Taehyung me joga assim que esvazio o copo de bebida que Jimin parece ter abandonado há algum tempo.

De relance, sou capaz de ver sua sobrancelha grossa e bem delineada se arquear, e seus olhos se apertam na minha direção de maneira fixa. Giro minha banqueta, ficando de frente para ele, numa atitude que na verdade não é nada mais e nada menos do que o efeito da quantidade de bebida que consumi anteriormente. A mais pura personificação da falsa confiança que a bebida pode trazer à tona quando somos covardes demais para agir sóbrios.

No momento, há algo que descobri olhando para Taehyung: está tudo na sua expressão. É como um jogo. Os olhos escuros me encaram da maneira mais direta possível, sem pudor, sem medo de soar inconveniente; ele não pede para ser convidado, ele invade... Melhor, apenas com aquele tipo de olhar as pessoas implorariam por ele. É tão persuasivo e intimidante que não aguento sustentar o olhar, sou obrigada a desviá-lo enquanto solto um riso sem graça.

— Pare de me olhar assim — resmungo, desviando minha atenção para o balcão.

—  Assim como? — Posso identificar diversão na sua voz.

—  Essa cara de... Esse jeito que você olha como se fosse um macho olhando para a fêmea e... Essa atitude parece com a daquelas aves, os pavões machos que erguem suas penas para atrair as fêmeas.

Mal termino de falar e seu rosto já está vermelho, ele está rindo compulsivamente. Mas essa é a verdade, por mais ridículo que pareça, é como vejo as coisas. Se houvesse um tutorial de como atrair fêmeas, então Taehyung é quem estaria por trás dele.

—  Por Deus, Envy! Por que você é assim?

—  Você achou que eu fosse como? Como uma das garotas que caem nesse seu olhar 43 de James Dean da universidade?

— De novo essa história? Você é insistente...

— Eu não costumo desistir dos meus objetivos. — Dou os ombros.

— Sou um objetivo pra você, Envy?

A provocação é tão palpável que eu a sinto tomar forma e dançar ao meu redor. E eu sei que é um jogo. Sei que ele está jogando comigo mesmo quando seus olhos não me encaram diretamente. Ele parece se divertir bastante com a situação.

— Você não. Só estou dizendo que... — O barman chega com a minha bebida, e eu me apresso em dar o primeiro gole. — Só estou dizendo que eu ainda vou descobrir como manteve essa parte sua escondida dos seus melhores amigos. Eu não sabia que você tinha esse talento.

— Eu tenho vários talentos — diz, baixo. Eu posso jurar que, nesse instante, sinto uma corrente elétrica passando por todo meu corpo.

Maldito.

Por que essa noite, mesmo com a máscara que cobre seu rosto, ele parece tão bonito? Acho que são os olhos. Eles são intensos, selvagens e instigantes. Um convite aberto para o abismo que ele esconde dentro de si.

— Eu realmente não esperava, Kim Taehyung.

— Mas você disse que muita gente no campus sabe, então não é como se eu tivesse escondido — fala, segundos depois, trazendo leveza para a conversa outra vez. É como se estivesse amenizando qualquer clima pesado que possa surgir.

— É meio bizarro ouvir esse tipo de coisa da boca de terceiros quando você não espera. — Encaro-o, ele apenas balança a cabeça, digitando no celular. — Você não larga esse celular, 'tá falando com quem?

— Ninguém.

— Eu vou ter que me fantasiar de garçonete para descobrir?

— Eu saberia que é você.

Boatos • Kim TaehyungWo Geschichten leben. Entdecke jetzt