21° Capítulo - Clímax

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E cheguei no momento final da minha vida, onde eu saberia se viveria para contar a história, ou morreria pela história. Mas antes de descer, fiquei dentro do carro refletindo sobre tudo o que aconteceu nesses últimos dias tão cruciais que discorreram diante dos meus olhos.

Foi aqui, alguns andares a cima, onde eu e Jonas tivemos nosso primeiro momento, nossa primeira entrega, o primeiro beijo de amor, foi lá em cima sobre um sofá-cama que nos amamos, onde eu descobrir que pessoas podiam mudar sua vida rapidamente sem que você percebesse, e tanto faz se mudou para o mal, ou para o bem, tanto faz o resultado final, o importante era que você amou incondicionalmente e estava disposto a qualquer sacrifício.

Graças ao GPS de Jonas consegui encontrar o caminho certo, santa tecnologia.

Estava curvada sobre o volante, a cabeça baixa roçando nele, calculando o tempo que os policiais notariam a minha ausência. Libertariam quem eu prendi, talvez agora eles estavam saindo de lá, muito provavelmente algum deles três deveria ter um celular. Talvez agora viaturas estivessem à caminho daqui, mas antes eu precisava fazer uma coisa.

Olhei para o estonteante prédio dos advogados, os olhos ardendo por não ter dormido sequer um segundo. A chuva ainda caía sobre tudo, mas menos agressiva comparando quando eu saí da delegacia. Jonas estava ali dentro em algum lugar, só não sei... Sim, a recepção, José disse algo sobre sete palmos, acreditava que ele quis dizer que a prisão era no subterrâneo. A recepção, não me lembrava bem, mas em algum lugar dali tinha uma espécie de passagem que ninguém conseguia ver.

Abri a porta do carro, pus os pés para fora e me ergui sob a chuva refrescante que debateu-se juntamente com o vento gelado que baforou o meu rosto, e mesmo estando molhada nunca me senti tão libertada.

Para não ensopar-me mais do que já estava, corri direto para a porta. Para a minha não surpresa, a porta encontrava-se aberta esperando por mim, eu presumi. Não pensei duas vezes, emboquei sem deixar dúvidas do que eu queria.

Fechei a porta atrás de mim, o coração já latejava fracamente na garganta, a ansiedade e o nervosismo consumindo-me ardentemente. Foquei em cada canto da recepção, nada parecia ser um esconderijo, foi então que eu vi um tapete. Ele estava sob uma mesinha de centro no canto esquerdo do extenso espaço, onde também tinha um jogo de sofás de couro marrom. Deixei a chave do carro cair sobre o chão, agarrei o tapete e o puxei com toda a força que ainda circulava em mim, fazendo com que a mesinha caísse e espatifasse em vidros e madeiras, estilhaços tristes. Não havia nada ali, apenas o piso, sem nenhum alçapão, nada. E a frustração consumiu-me.

- É decepcionante, não é? – uma voz venenosa chutou os meus tímpanos. De relance eu vi uma mulher de cabelos curtos e loiros. Vestia uma calça preta de bocas largas, uma blusa de seda branca sem mangas, onde o pescoço estava coberto por um tipo de coleira que fazia parte de todo aquele conjunto perigoso. Seus lábios eram finos e cobertos por um batom vermelho-sangue.

Me precipitei, andando para trás. Ela estendeu a mão e balançou o dedo indicador, o sorriso obscuro aliviando seus músculos rígidos da face.

- Quem...

- Não, não Victória. – ela disse de saco cheio. – "Quem é você?". Que pergunta chula. – o olho esquerdo deu uma leve pinicada, ela respirou fundo. – Já não sou quem há um bom tempo. – cruzou os braços. – Vamos trabalhar com o quê, certo? Quem serve para uma pessoa, um ser humano, e eu não me encaixo nesse quadrante.

- Então, Blenda... Vamos resolver isso, diga onde está o Jonas... Por Deus! Não vê as barbaridades que está cometendo? Seus filhos estão sem você, o pai deles está desaparecido, sua filha está muito triste com a ausência de vocês...

Garota de ProgramaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang