17° Capítulo P.1 - Emboscada

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Infelizmente, ou felizmente, não sei ao certo, mas fora tudo um engano. Preocupado, Isaac comprou aqueles testes de farmácia para gravidez, precisamente cinco testes, todos deram negativo. Ele ligou para um médico que atendia em casa, o homem me examinou e disse que eu era tolerante à vinho, especialmente à uva, e essa bebida eu não tomaria pelo resto da minha vida, e valia ressaltar que foi a primeira vez que eu tomei, a primeira e última.

Agora nós tínhamos um plano em mente, não sabia se daria certo, mas eu tentaria. Assim que o médico passou alguns comprimidos para eu tomar, liguei para Augusto e conversei durante horas, ele se desculpou a cada minuto, dizendo que não foi a intenção dele me desrespeitar, que a culpa fora do vinho, que ele nem sabia como agradecer a mim por ter feito o que fiz para salvar sua mãe. Eu o desculpei as inúmeras vezes. O convidei para jantar, ele disse que seu pai estava no Brasil, a negócios – sei os negócios desse bandido – e aproveitaria para passar um tempo com ele. Mas para não me deixar sem eira nem beira, ele me convidou, ora bolas. E não poderia ter sido mais perfeito do que isso. Ele falou que o pai estava louco para me conhecer, que até visitaria tia Gertrudes.

Ele passaria aqui à noite para me pegar.

A polícia havia escutado toda a conversa, e estavam confiantes de que conseguiriam prender José. Isaac ficou ao meu lado até eu desligar o telefone, mas estava um pouco incomodada.

- Ok. – ergui-me do sofá. – Sabe, estou triste.

- Por que?

- Eu queria mesmo estar grávida. Estou reconstruindo a minha vida, nada melhor do que um filho. – disse, magoada.

- Vic, não fique assim, meu pai é experiente quando se refere a filhos. – ele sorriu. – Vamos, venha comigo. Os policiais irão dizer tudo o que precisa fazer. – ele segurou a minha mão.

Não me dei conta de quantos homens e mulheres estavam dentro de casa. Todos fardados, com armas, cacetes, algemas, isso me lembrava Augusto, as algemas.

Uma mulher loira veio em minha direção.

- Daqui, eu assumo. – ela disse.

Augusto anuiu e voltou para o sofá. Nós subimos a escada. Após ter tomado o remédio a dor cessou, ainda bem. A loira era muito bonita, tinha olhos escuros, sobrancelhas bem expressivas, lábios finos, e o rosto um pouco retangular, mas a farda a deixava tão comum quanto os outros, apostava que ela deixava qualquer um babando quando estava toda produzida.

- Tudo bem? Acha que pode conseguir? – perguntou, duvidosa.

- Claro que sim. Mesmo não tendo participação direta no que aconteceu, eu me sinto responsável. Se eu não tivesse entrado na vida do Jonas, nada disso estaria acontecendo... – parei subitamente, a mulher ainda continuava com as mãos me guiando.

- O que houve? Está se sentindo bem? – ela disse, o tom levemente preocupado.

- Ele não seria acusado por bigamia, seria? Sabe, ter duas relações, traição.

- A essa altura não seria mais traição... ela o estava traindo, não é mesmo?

Ela sorriu como se fosse uma piada. Ela se pôs em frente a mim, os braços soltos.

- Achamos algumas papeladas de Jonas, ele conseguiu o consentimento da esposa, fez com que ela assinasse um papel de divórcio, mesmo ela não sabendo. Só estava esperando o melhor momento para contar isso a ela, eu acho. A preocupação dele era as crianças, não fazia ideia de como eles reagiriam, pois é desse jeito quando o casal está à beira do precipício. E mesmo se ele não tivesse feito isso, a juíza, que está cuidando do caso dele, não olharia para esse lado em vista de tantos crimes que a Sra. Blenda está envolvida. – ela respirou um pouco. – Agora, vamos?

Garota de ProgramaWhere stories live. Discover now