– O que aconteceu? – perguntou, sua expressão preocupada. 

– Ah, eu estava preparando meu jantar e a faca acabou escapando, mas não foi profundo… 

Seu pai o repreendeu com o olhar. Aproximou-se de Taehyung, pedindo para inspecionar o machucado. 

– Não vai precisar de dar pontos. – disse após examinar o ferimento – Preste mais atenção, a sua mão é seu instrumento de trabalho. Como você espera ser um bom cirurgião sem um dedo? – sua voz grave estava elevada, e Taehyung só pode ficar parado, o olhando  – Sem isso você não é nada, Taehyung. Tome mais cuidado.

Taehyung congelou. No fundo, ele sabia – esperava – que o pai referia-se a não ser nada na profissão, o que era questionável do mesmo jeito. Mesmo assim, a frase cruel tinha ido direto para seu cérebro e se instalado lá como um mantra.

Sem isso você não é nada, Taehyung.

– Vá para cima e limpe o ferimento para não infeccionar. Faça ao menos isso.

Taehyung, que não conseguia lidar com a ideia de desapontar os outros, foi para o quarto, esquecendo o jantar para trás.

***

Abriu o gabinete de baixo da pia de seu banheiro  e pegou o kit de primeiros socorros que tinha ali. Sentou-se na cama e limpou o machucado metodicamente. Depois, enfaixou o dedo com uma habilidade impressionante considerando que estava usando somente uma mão. 

Deixou o kit de primeiro socorros de lado e olhou para seus pés descalços no chão. Sentiu a primeira lágrima rolar pela maçã de seu rosto, pousando em sua coxa. Várias outras seguiram depois dela, e quando deu por si Taehyung chorava copiosamente. 

Levou sua mão ao rosto na tentativa de controlar os soluços que subiam por sua garganta. 

Ele sempre fazia tudo para não contrariar ninguém e estava sempre sendo prudente. Mas, ele nunca era bom o suficiente, sempre estava errando. Mesmo que na balança o número de erros fosse menor que o de acertos, os erros sempre pesavam mais. 

Não existe erro pequeno, seu pai repetia. 

Sentiu a tristeza se espalhando pelos seus membros, seu peito contraindo dolorosamente. Não sabia, ou melhor, não podia lidar com rejeição. Estava confuso e não conseguia pensar claramente.

Na busca de escapar a sensação de estar preso no seu corpo, pegou seu celular e mandou uma mensagem.

Taehyung

Qual seu endereço?

***

Quando Taehyung havia pedido seu endereço, Jungkook não imaginava que ele apareceria minutos depois na porta de seu apartamento com o rosto assustado e a aparência de quem havia corrido muitos quilômetros. 

Taehyung vestia uma camiseta branca de gola larga que mostrava a sua clavícula e ameaçava cair sobre um dos ombros. Na parte de baixo, tinha apenas um short que ia até a metade das coxas. Parecia o conjunto de um pijama.

Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto inchado. Seus lábios tremiam com o frio, e ele tentava amenizar a reação à temperatura esfregando os braços com a mãos.

Assim que Jungkook abriu a porta e registrou a figura na frente de si, Taehyung se jogou nos braços de Jungkook em um quase-abraço. Pego de surpresa, o outro não teve reação, apenas ficando parado enquanto Taehyung fechava seus punhos no peitoral da camisa preta vestia, agarrando o pano como se precisasse fazê-lo para se manter em pé.

Lie to Me (jjk + kth) - ConcluídaWhere stories live. Discover now