Capítulo 10 - Diante do espelho (18+)

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Embarcamos no trem nas primeiras horas da manhã com destino a Edimburgo e, durante todo o percurso, tivemos um tempo gostoso juntos. Cochilei com a cabeça encostada em seu ombro, ignorando o encosto das poltronas confortáveis da primeira classe, que me ofereciam muito mais conforto. Nelas, não sentiria seu perfume fresquinho no casaco de lã nem ganharia eventuais beijinhos no topo da cabeça. Sempre que me aconchegava no assento, Henry brincava carinhosamente com os meus dedos entrelaçados nos seus sobre o apoio que separava nossos assentos. Quase não nos beijamos de fato durante o percurso, mas o carinho era tão evidente entre nós que o beijo seria só mais uma demonstração de afeto.

Aproximadamente na metade do trajeto, Henry me acordou passando a mão em cima da minha até que eu abrisse os olhos. A cortina de nossa janela estava fechada desde quando saímos da estação e eu sentia como se o dia ainda não tivesse amanhecido.

- Ambs, você quer um café? - perguntou enquanto eu abria os olhos preguiçosamente.

- Sim.

- Certo. Como você gosta? Eu vou buscar.

- Hmm, um simples café preto.

- Ok, já volto.

Olhar para ele todo atencioso me fez rir como uma boba.

- Não chega nem perto do seu, não é? - Henry comentou quando dei o primeiro gole no café.

- Hm-hmm. - balancei a cabeça. - Não que eu queira me gabar, mas o dia que os serviços de bordo tiverem um bom café, mudo meu nome.

Ele riu e pediu permissão para abrir a cortina. Quando o fez, senti o sol incapaz de me esquentar naquela manhã fria, emprestando só um pouco de luz para lembrar que era dia. Minhas mãos aqueciam no copo e eu me distraía um pouco olhando a paisagem lá fora.

- Essa é a primeira vez que vamos passar um tempo juntos. - comentei e ele abriu um sorriso espontâneo logo em seguida.

- Espero que seja a primeira de muitas e que você não desista de mim depois disso. - disse.

- Não consigo ver isso acontecendo. Vamos ficar no mesmo quarto? - perguntei.

- Hmm... Sim. Eu espero que você não se importe por eu ter dito que somos um casal. - disse, extremamente sem jeito.

- Ah... Bom, não brigaria com você por isso. - respondi tentando disfarçar meu coração mole feito um pudim depois de ouvi-lo dizer que éramos um casal. - Na verdade, acharia ruim se ficássemos separados, pois não conheço absolutamente ninguém nesse casamento.

- Não vou te deixar sozinha, a não ser que você não me queira por perto.

- Não, não quero ficar sozinha. Digo, não tenho problemas em conhecer pessoas novas, mas ficar com você vai ser a melhor parte disso.

- Então estamos combinados. - disse, antes de me dar uma sequência de selinhos rápidos.

Seu rosto recém-barbeado me dava vontade de pular em cima dele e encher de beijos com todo mundo olhando.

***

O hotel onde aconteceria o casamento foi fechado somente para os convidados dos noivos e era nada menos que um castelo da vida real. Construído com pedras e decorado com estofados no padrão tartan da família da noiva, que era escocesa, enquanto o noivo era inglês.

A área externa estava agitada por funcionários trabalhando para que a festa ficasse pronta antes do horário marcado e noivo andava de um lado para o outro falando nervosamente ao telefone, até que avistou Henry. Eles se cumprimentaram e o amigo antecipou-se presumindo que eu era sua namorada. Henry me olhou antes de afirmar, pois não tínhamos conversado sobre aquilo ainda, mas estávamos ali diante do amigo de mãos dadas. Estar presente em um evento social como um casal, fazia com que as pessoas não esperassem nada diferente disse. Falaremos sobre isso mais tarde.

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