O Corvo ( Série Criaturas Noturnas - Livro 3 ) Concluída

Capítulo 1

O Corvo

Capítulo Um

Inglaterra — 1784 — Cloud Fields

O céu estava nublado, as nuvens negras e carregadas davam um ar ainda mais sombrio, aquele clima não era nenhuma novidade pela cidade, eram raro os dias de sol. Desde que se conhecia por gente Selena Evans amava o clima sombrio, com a brisa refrescante e úmida, a neblina intensa que tomava conta das ruas e a floresta compondo todo um cenário gótico que envolvia a pequena cidade e todo os arredores; o lago; a floresta; o cemitério e principalmente aquela mansão. A sua mansão — ou pelo menos gostava de pensar que era sua.

Seu pai, Christian Evans, trabalhava na mansão como jardineiro há cerca de anos, desde que ela era pequena, e ela cresceu brincando ali entre o jardim, agora com seus 22 anos. Selena gostava de pensar que aquele lugar era seu. Ela nunca se quer entrou dentro da mansão para saber como era lá dentro, as portas se mantinham fechadas, o pai dela só teve a permissão de passear pelo gramado do jardim e cuidar para que tudo ficasse sempre limpo.

Ela também cresceu ouvindo as histórias sobre a mansão, dizendo que existia uma mulher vestida de preto lá dentro, e assim foram construindo histórias de terror. E bem, Selena amava contos de terror, era fascinada por Romances e histórias desse tipo, e cada vez mais se afeiçoou aquela mansão.

O mais estranho daquilo é que eles nunca viram o dono daquele lugar, bom nas cartas dizia que ele era um lorde da corte britânica. E mesmo assim o aristocrata nunca se quer foi a cidade, e só se comunicava por cartas. E bem, naquela manhã bem cedo, havia chegado uma carta para eles, dizendo que — finalmente, para a tristeza dela — o misterioso lorde iria aparecer, e tinha a pretensão de ficar por ali.

Com uma força impressionante a notícia se espalhou pela cidade deixando todos satisfeitos e eufóricos com a chegada de outro nobre cavalheiro.

Selena estava irritada e quem quer que fosse aquele velho babão — já que membros da realeza costumavam a ser velhos e estranhos — estava querendo o seu lugar. Oras, aquele lorde sem graça nunca havia se interessado em aparecer por ali por que agora queria?

Logo lá bem no meio do jardim da mansão ela ouviu a tosse do pai franziu o cenho em preocupação. Rapidamente foi até ele. Aqueles sintomas estavam contínuos, as vezes de madrugada ela não conseguia dormir por causa daquela tosse seca do velho Evans.

Dando a volta na mansão encontrou o pai nos fundos do lugar apoiado com uma mão na parede, enquanto a outra estava sobre a boca, tentando abafar os barulhos da tosse.

— Papai — O som da sua voz saiu amoroso e ao mesmo tempo preocupado. — Eu disse ao senhor para ficar em casa, por hoje chega, tudo bem?

— Querida, eu tenho que deixar tudo organizado para a chegada do lorde. — Rebateu o mais velho.

— Já fez demais por hoje, por favor, vá para casa descansar, eu fecho os portões da mansão.

— Sabe que não gosto de você andando sozinha por aí. Ainda mais, por essas redondezas desertas.

— Eu sei, fique tranquilo, não irei demorar. — Ela sorriu e ficou na ponta dos pés para dar um beijo na testa do homem. — Eu te amo, me dê a chave. — Pediu carinhosa.

Mesmo relutante ele tirou a chaves do bolso da calça e deu para ela.

Selena sorriu e observou o pai se afastando. Desde que sua mãe tinha falecido quando ela tinha apenas 8 anos, ele nunca voltou a ser o mesmo, claro que se casou novamente, sua madrasta era coisa mais peculiar e uma mulher bastante difícil. Claro, que ela nunca foi contra o casamento do pai com Felícia, só queria vê-lo feliz, mesmo que tivesse que pagar caro por isso.