Vou voltar

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-Eu acho que preciso de amigas! - falei enquanto comia pipoca sentada no meu sofá. - Ou talvez eu só precise criar vergonha na cara...

Eu estava me sentindo sozinha ultimamente, com as coisas do casamento, a mídia na minha cola o tempo todo, Sarah na cola do meu noivo, a única coisa realmente firme que eu tinha era meu trabalho, eu queria falar com alguém, queria me sentir segura. Foi quando em lágrimas, liguei pra minha mãe.

-Oi, meu amor! - Ela disse do outro lado da linha. -Estou morrendo de saudades!

-Nossa, mãe, eu também! - falei.

-(S/N), você tá chorando? - Minha mãe perguntou preocupada.

-Que nada, mãe! - falei - É bobagem! - menti.

-Amor, o que houve? Achei que estivesse feliz...

-E estou, sério! Vai passar, não é nada - falei chorando ainda mais.

-Princesa da mãe, fala o que está acontecendo! Não mente, não pra mim, filha!

-É bobagem mãe, acho que é mais coisa de ingratidão! - falei limpando as lágrimas, mas lágrimas novas insistiam em cair. - vou ter um casamento do século, as pessoas sabem meu nome, vivo sendo fotografada, meu noivo é bom pra mim, tenho uma vida maravilhosa e sei que vai ser mais incrível ainda. Eu sempre quis ter roupas de grife, lembra? Agora meu guarda roupa só é composto por elas...

-Então qual o problema, minha filha?

-Eu me sinto sozinha, mãe!

-Você não tem amigos? - ela perguntou.

-Eu tenho! Moram perto de mim, nos vemos todos os dias, sério, eles são incríveis!

Minha mãe ficou em silêncio alguns segundos, longos segundos, que eu até olhei meu celular pra ver se ela não tinha desligado e então ela voltou a falar

-Filha, você se perdeu de si mesma! - aquilo me fez chorar - A pior solidão do mundo é aquela de quando estamos cercados de gente e nós sentimos sós! A pior solidão do mundo é quando você se perde de si mesma! Quando perde a sua essência, filha!... Você pode ter roupas caríssimas, não saber o que é mais usar uma bijuteria, ter uma casa dez vezes maior que a sua, mas isso não pode mudar o que há dentro de você!

-Mãe, vem pra cá? - perguntei em meio as lágrimas.

-Não, (s/n)! Você vem pra cá!

-Mãe, eu tô trabalhando, não posso! - falei.

-Quando tudo acabar aí, venha para cá! - ela disse calma.

-Eu vou mãe, eu vou sim! - falei quase que histérica.

-Filha, a vida não se trata de "ter", a vida é "ser". Quem você é? Lembre-se de quem você é!

Foi quando eu ouvi alguém bater na porta.

-Mãe, tão batendo na porta, preciso ir!

-Tá bem, meu amor! Fica em paz!

-Obrigada! - falei desligando.

Enxuguei minhas lágrimas, mas eu sabia que não iria ficar muito melhor, já que minha cara estava vermelha e inchada.

Abri a porta.

-Tom, oi! - falei sorrindo.

-O que houve com você? - ele perguntou se aproximando preocupado.

-Não é nada, bobagem! - falei - O cachorro morre no filme!

-É terrível mesmo! - ele falou entrando - Você é muito sensível.

-É...

-Quer conversar sobre isso? - ele perguntou sentando no sofá.

-Não, é só um filme bobo! - quando falei isso meus olhos encheram da água e minha garganta deu um nó.

-Pelo visto não! - ele falou vindo até mim e me ajudando a sentar no sofá. - Sério, o que está te perturbando?

-Eu... Eu preciso ir até o Brasil - falei.

O rapaz ficou mais branco que uma folha A4.

-P-Por que? - ele perguntou com o rosto sem cor.

-Para que eu possa me encontrar - falei

-Perto do nosso casamento?

-É só uma viagem, Tom! - falei

-Pode ser depois do casamento? - ele perguntou.

-Por que tem que ser depois do casamento? - perguntei.

-Porque é a minha garantia que você vai voltar! - ele falou preocupo.

-Eu acho que eu preciso fazer isso antes de casar, Tom, sério!

-Eu posso ir junto? - ele perguntou.

-Eu queria ir sozinha!

-Você não vai voltar - aquilo não foi uma pergunta.

-É claro que vou, Tom! - falei pegando na mão dele.

-Não, não vai! - ele suspirou fundo.

Eu não queria discutir, respirei fundo e deixei o assunto pra lá. Ou tentei, consegui por cinco minutos, depois falhei miseravelmente.

-Eu preciso deste tempo! - falei.

-E por que eu não posso ir junto, (s/n)?

"tá, tudo bem!"

-Ok! Você pode ir! Vai conhecer a minha origem, vai saber quem eu sou!

-Como assim quem você é? Eu sei quem você é! É uma mulher de classe, poderosa, independente, maravilhosa, que sempre está incrível!

-Eu não sou só isso, Thomas! Aqui dentro - apontei para o meu coração - Eu sou muita coisa que você ainda não viu. Eu não nasci no glamour, não nasci vestida de Chanel e LV. A coisa é bem diferente!

-Tudo bem, vamos conhecer então! - ele falou firme.

Eu o estudei por um tempo.

-Obrigada por me apoiar -falei

-Por que você tenta fugir de mim? - ele perguntou

-Não tentei fugir - falei- Só queria evitar algumas coisas...

-Que coisas? - ele perguntou desconfiado.

- Essa é uma viagem para dentro de mim, entende? Para eu me retornar a mim! Queria evitar paparazzis, jornalistas, entrevistas, multidão que vão se formar quando souberem que Tom Holland tá na casa da minha mãe...

Foi então quando ele pareceu perceber

-Eu entendo... - ele falou - Entendo mesmo!

-Sinto muito se te magoou, sei que não é intencional e nem sua culpa toda essa atenção - falei.

-Não mesmo! - ele sorriu sem humor - Vai lá, meu amor! Mas volta... Volta pra mim, volta pra nós!

-É claro que eu volto! - falei dando um beijo nele, um beijo leve que depois se tornou furioso.

A mulher do Computador - Imagine com Tom HollandOnde as histórias ganham vida. Descobre agora