Era você

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Já era manhã quando Camila voltou, a ouvi bater na porta, eu não havia conseguido dormir. Levantei e abri a porta para que ela entrasse.

-Você está com uma cara horrível! - ela disse entrando.

-E isso importa? - perguntei fechando a porta.

-Talvez... - ela disse se sentando no sofá - Agora me diz, o que foi aquilo ontem?

-Nada, Camila, nada! - falei enquanto ia para a cozinha preparar alguma coisa para comer.

-Ei, volta aqui! não me deixa falando sozinha! - ela disse se levantando e indo atrás de mim. - Fala comigo (s/n), poxa, éramos melhores amigas.

-Eu sei, mas... Perdemos um pouco o contato, não foi? - falei e ela fez uma cara de entristecida - Isso é normal - continuei.

-Ta dizendo que não somos mais amigas? - ela perguntou cruzando os braços.

-De forma alguma - eu disse me sentando - To dizendo que você já tem outra melhor amiga, só isso, e que é normal termos nos afastado um pouco, só isso... Mas, é claro, ainda somos amigas!

-Então me conta, o que está acontecendo? - ela insistiu.

Suspirei, ela nunca desistia.

-Bem... tivemos um relacionamento que não acabou muito bem, foi isso!

-O que?? - ela levantou surpresa - Vocês dois? Amiga, que incrível! Mas... o que houve?

-Bem... colocamos nossas carreiras em primeiro lugar. - falei colocando suco de  uva em meu copo.

-Não acredito! - Camila disse se servindo também.

-As duas carreiras são importantes - dei de ombros.

-Mais importantes que pessoas? 

Eu não respondi nada, na verdade, eu não sabia o que responder, obviamente que não era, mas ainda assim era muito importante, era especial para mim, eu lutei muito para chegar onde estou hoje, não foi por sorte, foi por dedicação, só queria que ele entendesse isso.

-Quer comer o que? - mudei de assunto.

-Você não toma jeito, mesmo... - Camila disse balançando a cabeça - Pode ser pão.

-Ok, então vou comprar, já venho!- falei indo pegar minha carteira.

-Tá bem... 

Desci, fui na padaria da esquina da minha casa, pedi cinco pães francês, enquanto eu esperava a moça ir buscar o pão da última fornada, alguém veio falar comigo.

-Bom dia! - 

-Bom dia, Thomas! Está me seguindo? - perguntei sem olha-lo.

-Não, por que? - ele perguntou limpando a garganta.

-Por que você mora em outro bairro, a vinte minutos daqui! - peguei o pão que a moça me deu e fui pagar - Tem padaria no seu bairro.

-É que eu acho essa melhor! - ele disse vindo atrás de mim.

-Sei! - falei depois que paguei - Ainda estou brava! 

-Eu sei, e é por isso que vim te pedir desculpas, eu fui infantil e irracional!

-Foi mesmo! - falei virando as costas e senti ele segurar meu braço. 

-Vai ficar assim até quando? -  ele perguntou com a voz baixa.

Então me virei para ele, olhei nos olhos cansados do rapaz e falei.

-Você não deveria ter vindo! - suspirei - Já se passou dois anos, o que passou, passou! É hora de deixar o passo para trás, Thomas!

-Para mim não é passado, (s/n)!

-Se passou dois anos, em nenhum momento eu o vi me procurar, muito pelo contrário, só vi em várias revistas os namoricos que você teve por aí. 

Nesse momento eu vi um sorriso brotar no rosto do rapaz.

-Você lê as notícias que eu to? 

-Quando eu não tenho nada para fazer eu leio, gosto de notícias e você está nelas, o que eu posso fazer?

-Você gosta de saber de mim... - ele disse como se tivesse ignorado o que eu havia dito.

-Você é muito convencido, Thomas! - falei soltando meu braço - Para de me seguir, ou eu vou contar pra todo mundo que você vem aqui! 

Ele continuou sorrindo me olhando e eu tratei de voltar o mais rápido possível para a minha casa, cheguei tomei um café com pão com a Camila e decidi leva-la para passear. Fomos no centro de manhattan, ela estava apaixonada com tudo o que via, tiramos várias fotos juntas, na hora do almoço decidimos ir comer no restaurante da Estátua da Liberdade. 

-Nossa, (s/n)! tudo isso parece um sonho! - ela disse olhando a vista lá de cima.

-É, não é? - falei olhando o cardápio.

-Senhorita, vim lhe trazer esta bebida, espero que aprecie! - o garçom disse me dando uma taç de Chandon.

-Desculpe, mas, eu não pedi nada ainda... - falei confusa.

-Eu entendo, senhorita, mas pagaram esta bebida para você! - o homem disse preocupado.

-Quem pagou? - perguntei.

-Aquele senhor de boné sentado no fundo do salão. - o homem indicou.

Olhei, e vi Thomas que levantou a taça que estava na mão dele como se fosse um brinde.

-Eu não quero, pode devolver! - falei para o garçom que me olhou com medo.

-Senhora por favor, só estou fazendo o meu trabalho! - ele disse segurando a bandeja nas duas mãos.

-Não, ela vai aceitar sim! Desculpa moço ela é brincalhona assim mesmo! - Camila disse sorrindo para o moço que respirou aliviado.

Fizemos nossos pedidos e o rapaz se foi.

-Por que não quis aceitar? - ela me perguntou.

-Foi o Tom que mandou. 

-Eu sei! Logo imaginei.

-Por isso que... - fui interrompida.

-Você está sendo criança, (s/n)! Aceite, tome a bebida e pronto! É só uma bebida, ele não te chamou para dormir com ele, para você se sentir tão ofendida!

Não falei nada, só tomei um cole do champanhe, estava uma delícia, explodiram na minha boca como se fossem várias estrelas, talvez uma supernova. Olhei novamente para a mesa do fundo do salão e o vi me olhando, ele sorriu, eu não sorri de volta. Eu não posso dizer que estava brava com ele ou com raiva, na verdade eu não estava. Só queria que ele pudesse ver as coisas pelo meu ângulo, apenas isso, como eu poderia estar com alguém que não me apoia? por mais que meu coração grite para te-lo por perto, eu não posso fazer isso. Levantei a taça como em um brinde para ele, mas o que eu estava brindando? Brindei a um Talvez Amor que eu conheci, conhecer seu par perfeito é um milagre, alguém para se dividir a vida é uma dádiva, muitos não encontram, passam a vida sem saber o que é e como é, então, me sinto grata por ter vivido isso uma vez. 

Tomei minha bebida e olhei pela janela, talvez esse fosse o meu destino e por mais que eu estivesse cheia de dinheiro, eu estava sozinha... Um brinde a uma carreira extraordinária, teria que bastar isso, precisa ser suficiente! 

A mulher do Computador - Imagine com Tom HollandOnde as histórias ganham vida. Descobre agora