Capítulo 9 - Tantas perguntas...

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Ainda assim, na liberdade de minha casa vazia, pensei nele o tempo todo enquanto me distraía com uns brinquedinhos novos. Eu não conseguia me manter atenta a nenhum programa que passava na televisão àquela altura e ida à loja de artigos eróticos com Diana durante a viagem de Henry provou ter sido em boa hora. Já prevendo a dificuldade que ele me faria passar com aquele jeito "começa e para", resolvi renovar meu arsenal de relaxamento.

Mas nada me fazia tão bem como Henry. Meu próprio toque não causava a mesma surpresa que o dele, nem conseguiria reproduzir seu jeito de me fazer derreter sob o peso do seu corpo quente. Não posso dizer que me sentia sexualmente frustrada porque aquela noite estava muito viva na minha memória e tinha sido muito maravilhosa, mas eu mal podia esperar para repetir momentos como aquele.

Peguei no sono com a cabeça sobre seu peito, ouvindo as batidas do coração aceleradas, ainda pelo sexo maravilhoso que fizemos, e não havia nada que eu tivesse desejado mais do que aquele momento, depois de tanta privação.

No sábado, por volta do horário combinado, lá estava ele - usando um boné, regata e shorts - e seu cachorro em frente à minha casa, na calçada. Jackie parecia perceber que íamos sair desde a hora em que acordou e não parava de me rodear agitada.

- Calma, lindona! Você já vai sair para brincar com seu amigo Kal. - falei, enquanto terminava de preparar uma bolsa com água e uns snacks. Até levaria um vinho se não fosse tão cedo para beber.

Pela janela da cozinha, vi Henry se aproximava da porta e antecipei-me em abrir.

- Bom dia, garotos! - Jackie correu para interagir com Kal e ele permaneceu sentado no mesmo lugar, somente farejando-a de volta.

- Ei, bom dia! - ele disse com o sotaque pelo qual eu sempre serei apaixonada.

Era certo beijá-lo assim como se fosse algo normal? Não sei. Preferi não arriscar, mesmo depois de tudo o que fizemos.

- Bom dia! Já podemos ir. Estou levando algumas coisinhas aqui nessa bolsa, caso queira sentar em algum lugar. - falei.

- Perfeito!

Peguei os brinquedos de Jackie e sua coleira e fechei a porta da cozinha. Ao passar por ele, sua mão me parou pela altura da cintura.

- Amber, não está esquecendo nada? - perguntou.

Fiquei sem resposta e tentando pensar o que seria. Henry me roubou um beijo, deixando os lábios apenas encostados nos meus.

- Ah, isso. Claro! - comentei completamente desarmada.

Então, sim. Era certo beijá-lo.

Ficamos próximo à área liberada para pets no parque naquele sábado gelado de céu azul, sem nenhuma nuvem no céu. Kal e Jackie brincavam no gramado e nós dois estávamos sentados no chão sobre a toalha que levei. Observá-los correndo era uma forma serena de evitar falar daquela noite. Não houve nada de errado e muito menos existia culpa, mas o simples fato de falar nos levaria a algum lugar. Não queria desculpas de novo, esperava que tivesse certezas ao invés de dúvidas.

- Está tudo bem? - ele perguntou.

- Está. Por que a pergunta? - olhei para ele por cima do ombro, sentado ao meu lado.

- Você não falou muito do caminho até aqui? Fiz algo de errado?

- Não, de jeito nenhum... Henry, não quero que a gente se sinta desconfortável toda vez que se beijar ou...

- Ou dormir junto. - ele completou.

- Isso, mas aqui estou eu sendo estranha porque não sei como agir perto de você. Você pode, por favor, falar pelos cotovelos pra que a gente não fique em silêncio. - tentei levar a situação com bom humor.

- Não precisamos ficar assim. Você quer falar sobre a noite passada? - ele questionou.

- Você quer? - perguntei de volta.

- Quero. Eu não via a hora de te encontrar de novo, passei essas semanas pensando em você e me arrependi de ter pedido desculpas por ter te beijado porque, caramba! Era o que eu queria fazer.

- Então você não se arrepende por termos transado?

- Nem um segundo. - respondeu seguro como eu nunca tinha visto.

Respirei aliviada.

- Se eu quero repetir? Pode apostar que sim. Eu... Eu me sinto conectado com você de alguma forma desde que nos encontramos e depois daquele beijo... Eu sou muito pé no chão, mas... Só de pensar em você...

Ele parecia escolher as palavras com cuidado e não conseguia concluir nenhuma frase.

- É bom gostar de você... - confessou.

Meu coração parece ter derretido como gelo no asfalto quente. Agora quem estava colocando o pé no freio era eu. O que poderia dizer depois disso?

- Você gosta? - acho que fiquei um pouco lenta no raciocínio e precisava ouvi-lo repetindo aquilo de novo e de novo.

- Eu posso estar um pouco obcecado, para falar a verdade.

Nosso riso nos aproximou e quando se desfez, resultou em beijo modesto e cheio de carinho. Henry não parecia fazer o tipo de demonstrar afeto publicamente, até porque se era naturalmente exposto por seu trabalho.

- Também pensei em você o tempo todo e fiquei com raiva. - contei.

- Raiva? Por quê?

- Pelo seu autocontrole. Mas tudo bem, já passou.

- Podemos falar como foi incrível ontem? - insistiu.

- Não! Vamos manter essa boca ocupada com beijos, em nome do tempo perdido.

Segurei seu queixo com a mão e beijei todo o seu rosto: bochechas, olhos, nariz, queixo, etc. tirando risadas dele com meu surto.

- Prometo compensar. - disse, com o olhar demorado de segundas intenções.

- Estou livre pelo final de semana, acho válido que saiba. - falei, encolhendo os ombros.

- Hoje tenho um jantar para acertar detalhes de uma nova produção e amanhã, uma leitura de roteiro, mas quem sabe durante a semana?

- Funciona pra mim.

Apesar de preferir os finais de semana que era quando eu tinha o dia todo livre. Mas vida de artista era diferente e eu teria que ceder um pouco e me adaptar se quisesse fazer dar certo.

Thanks, KalWhere stories live. Discover now