Chegamos a delegacia e fomos liberados para entrar na cela, Marechal explicou o que aconteceu, detalhes por detalhes, fui anotando alguns tópicos.
— Vou tentar um acordo com o policial, e tentar achar nas câmeras que ele incitou primeiro a violência. Caso o charlatão se faça de difícil, irei entrar com o Habeas corpus, como você é réu primário, será tranquilo.
— Não acredito que gastei meu réu primário com um ser insignificante. – Aperta o topo do nariz e respira fundo.
— Esse momento chega para todos, meu caro!... Fique bem, em breve volto para te tirar dessa pocilga.
Edu ficou na delegacia tentando um acordo, enquanto eu segui para o carro e dou início ao relatório. Sigo concentrada, que me assusto quando Edu entra.
— Que susto, nossa! – Levo a mão no peito na tentativa de acalmar o coração.
— Aprontando, pequeno sol? – Passa o dedo no meu queixo, num carinho.
— Estou fazendo o relatório do Bicalho! – Pego sua mão e mordo os dedos levemente.
— Me desculpe, da próxima vez, bato na janela! – Se inclina e captura meus lábios num beijo molhado, a barba já mais cheia e espessa pinica meu rosto, mordo seu lábio inferior e puxo.
— Precisa aparar a barba, está pinicando muito! – Acaricio seu queixo peludo.
— Pode deixar, o que acha de corta os cabelos?
Passa a mão nas madeixas bem presa num coque e eu balanço a cabeça em negação, tal qual uma criança birrenta.
— Não, amo seu cabelo, adoro puxá-los e enterrar meus dedos neles. Seria até pecado corta -lós.
— Pelo visto, foram meus cabelos hidratados e macios que te conquistaram!
— Foi todo o combo! Um belo conjunto! – Levo minhas mãos atrevidas até seus cabelos e o puxo para mim, o beijo sai desajeitado devido à posição e o notebook no meu colo, o aparelho escorrega da minha perna, caindo no chão, rimos ainda com as bocas encostada.

— Esqueci de te dizer, Mario Fernandes vai a júri na próxima semana, sem chances de se safar.
— Que noticia maravilhosa! Aquele cão sarnento pagará por tudo. E o outro?
— Continua foragido, mas a polícia está buscando em cada bueiro de Madri a Barcelona, não se preocupe logo Luiz será encarcerado, e nós estaremos do lado de fora desfrutando da sua derrota.
Assinto, mesmo frustrada.



PILAR POV
— Você continua dando o remédio a ela?
— Sim, Sr. Tem sido mais difícil, porque a xícara sempre volta cheia, e o namorado dela me olha estranho.
— São dois malucos, ele é um possessivo doente e ela uma esquizofrênica que se recusa a tomar o remédio, colocar na bebida dela foi a única opção plausível, você tem ajudado tanto, Pilar. Temos tanto a agradecê-la, pois ela tomando os remédios ela ficará controlada e voltara a nos procurar.
— Ela não me parece esquizofrênica! — Contesto, pois Luna parece tudo, menos lelé da cuca.
— Pois ela é, Eduardo a usa como bem-quer e nossa família sofre com a manipulação que ele faz com ela, Luna não toma os remédios por influência dele, Eduardo jogou todos os comprimidos fora, a mãe dela chora todos os dias!
Sinto meu coração pesar ao imaginar o sofrimento da pobre mulher.
— Tudo bem, vou fazê-la tomar o remédio ou não me chamo Pilar.
— Obrigado, muito obrigado! Só tenha cuidado com o Eduardo, como disse, ele é um homem agressivo e possessivo, se descobrir que usamos lutando para Luna ficar sã, ele vai nos destruir.
Assinto.
— Trouxe os novos fármacos, o Doutor disse que esses agem com mais potência.
— São duas vezes ao dia?
— Se conseguir uma vez, está de bom tamanho!

Assinto e me despeço do homem.


EDU POV
Após três dias consegui resolver o problema do Marechal, o policial era osso duro de roer, e gostava de usar seu cargo para dá ordens.

Acabo de chegar no escritório, caminho pelo local e percebo as pessoas cochichando e olhando na minha direção, cerro os olhos e franzo a sobrancelha, estranhando aquele comportamento, sei que rolava fofocas e conversinhas, mas nunca tão explicitamente.
Fixo meu olhar nas pessoas, ainda curioso pelo motivo da picuinha, mas não sustentam meu olhar.
Olho nos relógios e são 08:15, sigo direto para minha sala, hoje era um daqueles dias atarefados.
Antes de entra no escritório, vejo em cima da mesa da Luna, uma xícara contendo chá, ainda fumegante.
Pego a louça branca e analiso, olho o líquido e cheiro, era chá de camomila.
— Estranho, Luna odeia chá! E por que isso tá aqui sendo que ninguém pediu?

Meu sol, não viria na parte da manhã, foi pegar alguns arquivos no tribunal de justiça, e voltaria com minha mãe, que estava numa audiência.
— Nando, sobe por favor! – Falo ao telefone.
Enquanto Nando sobe, ligo o computador e coloco os arquivos em ordem de importância, do lado esquerdo da mesa, no lado direito alinho as porta-canetas, celular e bloco de notas, odeio trabalhar com mesas desorganizadas, nisso eu e Luna não combinávamos, ela se encontrava no meio da bagunça dela.
— Chefe?
— Ferdinando, porque tem uma xícara de chá, na mesa lá fora?
— Chá? Não sei, não fui eu quem trouxe! - Sua expressão era de desentendimento.
— A partir de hoje, somente você será o responsável por trazer café nesse andar, ok?
— Tudo bem, me encarrego disso, Pilar é um doce de garota, mas bem invasiva quando quer.
— Outra coisa, qual é o das conversinhas paralelas?
Nando prende os lábios um no outro e fica calado por alguns instantes.
— Somente algumas notícias, nada de importante.
Me levanto, dou a volta na mesa e fico na frente dele.
— Como nada? Nem disfarçam quando passo. Diga a verdade! - Cruzo os braços rente ao peito, minhas mãos ficam a mostra e Nando apontam para elas.
— Falam sobre isso!
— Isso o quê?
— Sobre o Sr. e Luna, todos sabem que se casaram.
Descruzo os braços e me apoio na mesa.
— Como sabem disso, sendo que é algo totalmente particular?
— Chegou a notícia... hum, por e-mail, algumas fotos e a certidão de casamento.

Mas que caralho, esses documentos foram enviados pelos organizadores do festival da união, mandaram no meu e-mail profissional, como diabos isso foi compartilhado? Quem teve a audácia de invadir nossa privacidade desse jeito.
Os únicos que tem acesso nos E-mail e computadores daqui, é a equipe de TI, e quando foram contratados, assinaram um termo de confidencialidade. Será que Luiz conseguiu invadir nosso sistema? Não me parece logico!
— Foi anônimo?
— Sim, usou um pseudônimo, enviou com a seguinte legenda; "Casamento às pressas, amor ou interesse?"
Rugas se formam na minha testa, desacreditado com essa legenda tosca, casamento por interesse? Que coisa mais antiga!
— Me encaminha esse e-mail, vou pedir para investigar que é o responsável por essa brincadeira de mau gosto... O que as pessoas estão comentando?
— Alguns ponderam o caráter da Luna, porque não acham comum uma cafezeira casada com um empresário bem-sucedido, as advogadas recalcadas que acham que tem o rei na barriga, estão espalhando!
Sorrio ao ver Nando perder os papas da língua.
— Sempre olhando de cima, como se fossem superiores, superiores na feiura.
Gargalho alto.
— Perdão chefe, me descontrolei! Me dá cólera ao lembrar desse tipo de gente, mesquinhas e fúteis! Luna dá de 10 a 0 nelas, a propósito, parabéns pelo casório, e fiquei triste, pois Luna me prometeu que eu seria o padrinho dela.
— Ao que parece, todos estão ofendidos por não participarem da cerimônia! – Coço a cabeça, ainda tinha que me resolver com minha mãe e meu pai, Luna conversou com Lola, mas ela está chateada, por não estar presente.
Ágata, tem razão, precisamos realizar uma nova cerimónia ou quem sabe uma confraternização, para compartilhar nossa felicidade com pessoas que nos amam e se importam.
— Não se esqueça do computador e nem sobre nossa conversa, certo?
— Ok, chefe! Darei outra tarefa a Pilar e a manterei longe, nada de intromissão!
— É isso ai!

Um Romance Para Nós DoisWhere stories live. Discover now