(...)


O jantar transcorre bem, minha esposinha pode conhecer melhor a Ágata e se deram bem, meus pais e eu pudemos matar a saudade da bruxinha, foi uma noite agradável.


— Preparada para saber o que o destino tem a te revelar?
Minha irmã mexe as mãos rente ao rosto, pagando de misteriosa.
— Se for bom, sim, se for ruim prefiro nem saber! – Luna dá um longo gole do seu café malpassado e cheio de pó.
— Igual ao meu irmão, só quer as coisas boas do destino! Mas o ruim é necessário para evoluirmos!
— Podemos evoluir com coisas boas também! – Afirmo puxando Luna para meu lado.
— Que graça teria se tudo na vida fosse bom? Pessoas continuariam insistindo no erro e nunca mudariam.
— Está aí um ponto!... Pronto, bebi e deixei somente o restinho!
— Pega o pires, tampa a boca da xícara e a vire de cabeça para baixo! – Observo atentamente Luna seguindo os comandos, e tomando cuidado para nenhum resquício de café caísse no sofá. — Gire em círculos, vagarosamente!
— Pronto, girei seis vezes, apesar de não ter pedido um número específico.
Me entrega a xícara e eu passo a louça para pequena bruxa, ela retira o pires de cima e observa os desenhos no corpo da xícara, feito com a borra.
— Hum... interessante, está vendo esse sinal a esquerda? – Nos curvamos e olhamos curiosamente o que ela apontava. — Isso significa, influência do passado na sua vida ...Aqui vemos, uma escada, isso não é bom sinal, pois indica dificuldades.
— Onde está vendo escada? Não vejo nada! – Luna questiona olhando com atenção.
— Também não estou vendo escada nenhuma!
— Vocês são céticos, logico que não irão enxergar os sinais.

Eu e minha amada nos entreolhamos e rimos baixinho.
— Aqui está a linha curva, sinal de dificuldade, mas não está específico em qual parte da vida será... Aqui também tem um cadeado e um ramo de flor.
— E o que significa, problemas ou coisas boas, apesar de que cadeado me remete a prisão.
— Nesse cenário, indica, mudança!
— Mudança de quê? Seja específica! – Incentivo, sua balela.
— Mudança de ares! E o ramo de flores está relacionado ao lado romântico, coisas boas no relacionamento, casamento!
Nos entreolhamos e demos um sorriso cúmplice, faz algumas semanas a qual nos casamos, e ninguém percebeu ainda, afinal, já usávamos aliança dourada e moramos juntos, Luna pisca aquele olhinho amendoado e eu beijo o topo da sua cabeça, Ágata nos observa de rabo de olho.
— Vão se casar, não é mesmo? Essa carinha de vocês, dois bocós apaixonados.
Um silêncio paira no ar... e ela volta a nos olhar como uma águia, atenta a qualquer detalhe.
— Não querem se casar? – Praticamente grita.
— Não grita, maluca! Seus pais já se recolheram!
— Isso mesmo, ouça minha esposinha e fale baixinho!
Ágata me encara incrédula e de boca-aberta.
— Você seria incapaz de... - Suspira e bate a mão na testa. — Que inocência a minha, você seria capaz de se casar e não dizer nada a ninguém, seu trambiqueiro! Você também. É sério, vocês são mesmo marido e mulher? Casaram-se no civil?

— Não, foi tudo muito lindo, romântico, o momento marcante em minha vida! Nos casamos na igreja de Santa Maria em Uncastillo, usei vestido, buque e tudo que uma noiva tem direito. – Meu sol, diz animada.
— Teve até festa, nos casamos no festival da união! Foi uma experiência incrível.
— Tô boba! Preciso de fotos desse momento, mamãe vai te matar por privá-la desse momento.
— Podemos fazer um novo casamento, não me importo, o que acha, amor? Tínhamos até combinado de fazer uma cerimônia intimista. - Luna afirma.
— Podemos casar-nos antes de iniciar aulas presenciais!
— Perfeito! – Ágata bate palma, feliz!

LUNA POV
— Aqui está o café, Sra. Luna! – A mocinha ruiva entende a xícara na minha direção, eu aceito e apoio a louça amarela na mesa.
— Obrigada Pilar! Veio na hora certa, o dia está tão corrido!
— Café vai te dar disposição, sempre tomo quando estou exausta durante meus estudos!
— Sim, é meu aliado também.
— Preciso descer, Nando deve estar enlouquecendo, uma reunião está acontecendo no auditório e cada minuto, alguém quer algo.
— Tudo bem, pode ir. Não queira presenciar meu amigo numa crise de nervos!
Rimos de Nando, aquele cara é uma peça.
Pego a xícara fumegante, sopro para não queimar minha língua, quando vou dar um gole da bebida amarga, Santiago abre a porta numa velocidade e com o telefone na orelha, passava orientação para alguém.
— Largue isso, surgiu uma emergência do cliente e precisamos sair!
Largo o café na mesa, pego meu casaco, bolsa e agenda profissional do Edu.
— Pegue o dossiê do Cliente Marechal Bicalho! – Assinto e me viro indo até a gaveta com os documentos de clientes em processo, e acho a pasta azul com o nome florescente.
Saímos apressados para socorrer o empresário. Marechal era um investidor jovem, na facha dos trinta anos, Edu garantiu que é um homem do bem, porém é explosivo e quando perde o controle age impulsivamente.
— Qual o problema com o Sr. Bicalho? – Questiono enquanto olho as árvores da rodovia.
— O idiota foi preso... ele agrediu um policial que bateu no carro dele.
— Meu Deus... Logo um policial? Que sorte! – Digo irônica
— Um policial folgado, só para frisar! Bate no carro parado e ainda quer dar carteirada?
Franzo o cenho ao afirmar que Bicalho estava com razão, mas não justifica tal agressão.
— Isso vai interferir no processo de guarda da irmã dele?
— Infelizmente, será uma mancha no histórico sem dizer que a tia dele não está facilitando, mesmo não gostando da garota, que ficar com a guarda.
— Tenho pena da criança, no meio de uma briga de gigantes!

Um Romance Para Nós DoisWhere stories live. Discover now