Adorável Helena

12 capítulo

Acordo na manhã daquele sábado ensolarado logo cedo sentindo uma sensação de ansiedade para o almoço.

Fazia quase cinco dias que eu não tinha notícia de Camila ou de Helena desde a nossa última conversa na qual eu havia perguntado se eu poderia ir as buscar no dia. Camila só permitiu que eu fosse quando eu comentei que poderia haver muito trânsito e uma se nós nos atrasarmos.

Me sento na cama e bocejo procurando o controle para que eu pudesse abrir as cortinas de meu quarto para que o sol invadisse. Assim que as cortinas começam a se abrir, eu me levanto da cama e vou até a enorme porta de vidro que dava para a sacada e sorrio vendo a visão do Alphaville logo a minha frente. O sol nascia logo atrás dos prédios me permitindo ter uma bela visão.

Eu costumava dizer que meu apartamento era grande o suficiente para que eu tivesse uma mesa de seis lugares na cozinha mas não grande o suficiente para que eu me sentissem sozinha.

Me direciono para a suíte que ficava localizada na porta a direita do meu quarto, retiro o meu pijama e o jogo na cesta de roupas sujas.

Tomo um banho longo e lavo meu cabelo. Durante o banho, sorrio com a ideia de encontrar Camila em algumas horas e ouvir a risada fácil de Helena.

Em menos de duas horas eu já estava vestindo uma roupa elegante mas fresca para o evento que aconteceria em algumas horas. Termino de fazer minha maquiagem leve e me olho no espelho ajeitando meu cabelo que aínda se encontrava úmido.

[…]

Estaciono meu carro na frente do prédio de Camila que ficava localizado na zona norte de São Paulo. Saio do carro e dou a volta para poder ficar ao lado da calçada, cruzo meus braços e me encosto no carro. Fico com os olhos fixos na portaria e sorrio ao ver Camila aparecer no meu campo de visão com o bebê conforto de Helena em uma mão, sua bolsa e a bolsa rosa bebê em um outro braço, me apresso para abrir a porta de trás do meu carro e me vou em sua direção para a ajudar.

- Bom dia. - sorrio me inclinando para beijar sua bochecha.

- Bom dia Lauren. - sorri de volta.

- Deixe-me te ajudar. - levo minhas mãos até as duas bolsas e a pego ouvindo Camila murmurar um "obrigada" - Oi princesa mais linda. - cumprimento Helena que tinha uma chupeta rosa clarinho na boca, pela chupeta quase cair, eu percebo que ela havia sorriso.

Nós voltamos para o meu carro e dou a volta para colocar a bolsa de Helena no banco traseiro enquanto Camila prendia o bebê conforto no banco e em seguida fecha a porta. Repito o seu ato e entramos juntas no banco da frente, entrego-lhe sua bolsa e ela sorri assim que a pega.

- Obrigada por vir nós buscar. - diz colocando o cinto e eu me viro para checar se Helena estava bem.

- Pare de me agradecer mulher, eu não estou te fazendo um favor. - falo antes de colocar o cinto e Camila ri.

- Desculpe, tenho mania de agradecer por tudo. - a olho e a vejo com um sorriso maravilhoso em seus lábios.

Paro para a observar, Camila estava com uma maquiagem leve parecida com a minha, ela usava uma blusa branca soltinha, um colar com um pingente que ia até a altura da sua clavícula, Camila usava uma calça jeans preta. Algo simples mas era tão lindo ao mesmo tempo.

- Como Helena está? - pergunto desviando meu olhar antes que ela fique desconfortável.

- Agitada. - responde enquanto eu ligava o carro.

- O ar condicionado está em uma temperatura boa? Se você achar que está muito frio para ela, pode aumentar. - falo apontando para a central multimídia.

- Não será necessário, está agradável... Onde fica esse restaurante que vamos? - pergunta assim que o carro começa a andar.

- Na zona sul. - Camila me olha no mesmo instante.

- Lauren, você deveria ter avisado que era na zona sul. Eu teria colocado uma roupa mais ajeitada. - sorrio e nego com a cabeça.

- Engano seu, essa roupa está maravilhosa para a ocasião. - pelo canto dos meus olhos vejo Camila sorrir sem jeito e então Helena balbucia alto - A Helena está falante hoje. - olho pelo retrovisor tentando ver a bebê mas a tentativa foi falha, apenas vi os bichinhos no móbile pendurados no bebê conforto balançando.

- Ela está bem falante mesmo. - Camila diz risonha e eu sorrio sem tirar os olhos da rua.

- Se incomoda se eu ligar o rádio? Vai demorar alguns minutos até que cheguemos na zona sul.

- Não, claro que não. - Camila diz e então eu aumento o volume da música, aos poucos vou mudando as estações até que vejo Camila mexer seus dedos indicadores no ritmo da música que tocava na rádio que eu havia passado. Volto na estação e Camila me olha - Gosta de Melim?

- Uhum, as músicas deles são gostosas de ouvir. - afirmo com a cabeça - E você?

- Eu amo. Sempre canto algumas músicas deles para Helena, ela parece amar. - sorri.

- Que privilégio Helena tem de ter uma mãe que tem um bom gosto musical.

- Quais tipos de música você ouve? - pergunta interessada.

- Ouço de tudo mas ultimamente ando ouvindo mais músicas internacionais do que nacionais.

- Uh, eu amo músicas internacionais. - comenta - Principalmente aquela cantora, a Taylor Swift.

- Eu amo as músicas dela também. - sorrio balançando minha cabeça no ritmo de dois corações.

Camila e eu ficamos em silêncio, a ouço cantarolar a música e isso me faz sorrir.

- A quanto tempo você se formou em medicina? - Pergunta quebrando o silêncio.

- Depende, me formei, formei mesmo ou sai da fase de interno? - pergunto de forma divertida.

- Se formou mesmo.

- A cinco anos atrás.

- Dizem que o tempo de medicina é bem longa.

- São seis anos no curso e a especialização é de em média dois anos. - a olho brevemente - Sabia que depois que eu me especializei, fiquei um ano e meio no SUS? - comento descontraída.

- Sério?

- Uhum, até ganhei uma camisa escrita no meu primeiro mês: "Não me chame de Doutora Jauregui, me chame de Laurinha do SUS". - falo e Camila ri.

- Laurinha?

- É, o pessoal que fez não achou um diminutivo para Lauren e fiquei por Laurinha. - digo enquanto ria - Eu tenho essa blusa até hoje, qualquer dia eu te mando uma foto.

- Eu vou cobrar. - mexe com as mãos e eu afirmo com a cabeça cessando meu riso.

- Eu lembro que tentaram colocar Laurenzinha, Laurzinha, Laur e então o cara que deu ideia da blusa falou: "ah, o nome dela não tem um diminutivo bom. Vamos colocar Laurinha." - volto a rir me lembrando da explicação do pessoal por terem me nomeado como Laurinha do SUS.

Conversa vai, conversa vem e quando vimos, eu já estacionava na frente do restaurante. Camila e eu sorrimos uma para a outra antes de sair do carro, eu pego minha carteira e coloco no bolso de minha casa e então eu sugiro que poderia levar Helena.

Foi a bebê me ver e fazer um bico de choro, eu entendo que ela queria vir para o meu colo e assim que desprendo o bebê conforto, tiro Helena do mesmo e a seguro em um abraço e o bebê conforto em outro.

Camila fecha a porta assim que me vê que eu estava com Helena no colo e comenta que sua filha estava se aproveitando de mim. Algo que me fez rir e Helena, mesmo não tendo entendido nada, rio.

Eu entrego a chave do carro ao manobrista e partimos para dentro do enorme restaurante que estava com uma movimentação nível mediana.

[…]