Vinte e Nove: A "Salamandra"

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Ponto de vista de Isabela.

O imperador Watoki nos levou até um veículo que era semelhante a uma plataforma, mas com propulsores sob ele e assentos posicionados em duas extremidades.

— Subam! — ele orientou-nos, sendo o primeiro a entrar a bordo.

Olhei para trás, preocupada com meu pai e avô, e então subi a bordo da plataforma. Assim que todos subiram, o piloto do veículo, que ficava em uma cabine acima da área de passageiros aciona um campo de proteção que envolve todo o transporte.

— É proteção para nós — explicou o imperador.

Enquanto os outros interagiam com Watoki eu apenas observava a grande cidade de Rassoa. Suas construções eram praticamente todas sobre bases flutuantes movidas a algum tipo de energia, provavelmente renovável, pela infinidade de plataformas que meus olhos avistavam. Os yatoganos pareciam admirar construções em formas geométricas, pois muitas delas imitavam formas muito interessantes, como hexágonos, poliedros, tetraedros, octaedros, dodecaedros e icosaedros. Rassoa era uma cidade escura, e as construções eram em grande parte também de coloração escura. Após breves minutos chegamos a um grande e belo edifício em formato tetraédrico, idêntico a uma pirâmide.

— Venham, vou apresenta-los a minha esposa, Jupija, e ao conselho dos gunerans. — disse o imperador ao deixar a plataforma. Os soldados, fortemente armados, abriam alas para nossa passagem.

— Elgie, o que são "gunerans"? — indago curiosa.

— São os anciões dos yatoganos. Eles vivem para render graças aos Senhores e fazer súplicas pela nação. Para eles é como um chamado divino que inicia desde o nascimento. Sua fé é reconhecida pelo sistema solar como extraordinária. — explicou ela pacientemente.

— São eles que curarão meu avô? — especulei enquanto subíamos a escadaria que ia se formando a cada passo que dávamos adiante.

— Não sei, Isa... Mas em breve saberemos. — Elgie responde afastando-se de mim para se aproximar de Watoki.

No topo da escadaria de alguns trinta degraus, avistamos uma yatogana com a mesma armadura do imperador, entretanto ela carregava em seus ombros finas correntes que desciam próximas ao chão, feitas de material semelhante ao do ouro, ornadas com diamantes e pedras preciosas. Ela era muito delicada e linda.

O imperador dirigiu algumas palavras à sua esposa em tão baixo tom que nada pudemos entender. Após transmitir-lhe sua mensagem e obter resposta, ele se virou e disse:

— Ainda temos tempo, rápido! Para dentro do adito!

— Como assim?! O que está acontecendo? — disse ao olhar para trás e Volt rosna fofamente em meu ombro.

Os degraus que surgiram da parede enquanto subíamos as escadas, agora estavam se recolhendo e do interior do adito tambores e sons metálicos repercutiam anunciando uma melodia xilofonica e tambores graves, ressoando o tremor da guerra. Volto-me para a equipe e Baboo já tem seu arco sacado, Joel tem uma das mãos posicionada no coldre do peito e de trás dos cabelos de Elgie surge subitamente Lumiá, que diz:

— A ária de Dorial!

Seguimos o imperador depressa e cautelosos juntamente com sua esposa e os guardas construção à dentro. Imaginava que os gunerans fossem yatoganos pequenos e frágeis, mas ao vasculhar rapidamente o ambiente interno, notei vários yatoganos grandes, até mesmo maiores do que Joel, que era o maior de nós.

— Altos e fortes? — comentei enquanto os guardas fechavam as portas por trás de nós — Esperem... O que está havendo? O que é essa coisa de Dorial que Lumiá disse? E por que parece que estamos nos escondendo?!

ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: ODISSEIAWhere stories live. Discover now