Trinta e Cinco: Quebrou Paga!

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Hoag.

Ponto de vista de Gorilla.

— Saeed, e eu achando que por conhecer todos os elementos da tabela periódica conhecia todos os elementos do universo? — coço a cabeça por um momento — Bobagem... Venha, filho, vamos preparar a fornalha para derreter esse bloco de metal.
— E o que tem nesse coisa, Al'ab? Vai fazer espada?
— Que? Espada? Não! — ri por um momento — Vamos tirar algo de valioso e poderoso que está dentro do metal.
— E o que é?
— Confesso que ainda não sei, Saeed... Mas em breve descobriremos juntos.
— Aqui... Me ajuda a colocar esse tampão na frente da fornalha... O metal mais resistente só derrete a partir de mil e quintos graus Celsius. — o garoto me auxilia e rapidamente encaixamos a tampa no local necessário — Isso, garoto... Vamos deixar aí por alguns minutos e depois veremos o que a fornalha nos revelará!

***

Vinte minutos depois...
— Garoto! Vá ver se o bloco de metal já derreteu! — grito de minha velha e resistente poltrona enquanto ouvia meus registros de estudos inacabados sobre resistências de materiais e o nióbio.
Saeed retorna após poucos segundos e pede que vá ver o cubo...
— Uai, mas o cubo não derreteu nadinha?! Isso não é possível! Que metal resistente! — exclamo animado, ao mesmo tempo em que fico intrigado em descobrir a resistência daquele material. — Filho, vamos aumentar a temperatura em cem graus a cada dez minutos, até que o cubo comece a derreter... Tudo bem?
— Certo, Al'ab!
— Não ultrapasse os cinco mil graus Celsius!
— Deixa com migo, paizão!
— Garoto, se você soubesse como esses erros na pronúncia machucam meus ouvidos... — digo baixinho para mim mesmo enquanto retorno a minha poltrona.

— Precisamos de um dispositivo que nos ajude a nos comunicar com outras espécies, — digo à mim mesmo —, aprender o bélico acontecerá eventualmente, mas acredito que posso fazer algo para nos ajudar além do bélico... — penso por um instante, —Já sei! — volto meu computador para o software de inteligência artificial em que estava trabalhando... — Isso tem que servir para alguma coisa...

Faço alguns ajustes em Arja, minha assistente de navegação da Arca de Funjoy, dando-lhe amplo acesso aos dados que possuía, sendo todo o backup e memória que havia trazido da Terra. Cedo a ela um pequeno robô como seu receptáculo, um dos em que eu mesmo trabalhava e instalo nele seu programa.

O robozinho tinha a medida de vinte centímetros, com uma pequena, porém potente turbina que substituía pernas, com um corpo simples composto por tronco, dois braços articulados com duas pinças por mãos e uma cabeça de formato um tanto redondo. O robozinho, ou melhor, ela, era toda preta com uma listra branca que contornava seu tronco no sentido horizontal.

— Acho que é isso... Vejamos... — digo ao acionar o botão iniciar.

Seu rosto, composto por um painel de LED simplificado de repente acende dois círculos e uma linha sinalizando um sorriso, e ouço então uma fala...

— Olá Johnson. Eu sou a Arja. Obrigado por me fazer um pouco mais real! — Ela diz com voz um tanto robótica, entretanto feminina e delicada.

— De nada, Arja! Fico feliz que você tenha gostado... Preciso de sua ajuda em algo... — digo sem demora.

— Pois não, Johnson? — Ela replica logo em seguida.

— Por favor, me chame de Gorilla... — Instruo-a rapidamente, preferindo meu apelido, — Precisamos desenvolver um dispositivo que nos auxilie a entender e falar em outros idiomas.

— Isso não precisa ser criado, Gorilla. Já temos algumas ferramentas desenvolvidas que fazem isso com qualquer idioma simultaneamente. — diz ela sem demora.

— Até dos idiomas dos planetas no sistema solar Ghore? — Indago, pensativo.

— Não. Somente dos idiomas do planeta Terra. — ela replica.

— Pois bem. Devemos então estudar uma forma de inteligência Artificial que nos auxilie na missão de nos comunicarmos com as espécies deste sistema solar. — Oriento-a, agora sendo mais assertivo.

— Anotado, Gorilla. Farei e lhe apresento os resultados em breve! — Diz ela ao sair voando em direção a mesa de trabalho.

***

Após quase cinco horas Arja voa até mim.

— Gorilla. Está pronto! — Ela estende à frente um pequeno dispositivo auricular com fios pendurados. Pego-o e analiso por um instante. — Insira o auricular na orelha e os dois sensores por trás dela, o fio menor é o sensor de captação de áudio.

— Caramba, Arja! Achei que você fosse apenas desenvolver o programa! — Digo estupefato com o trabalho dela.

— Fico feliz que tenha gostado, Gorilla. — Ela comenta de súbito.

— Como conseguiu fazer esse dispositivo com essas duas pinças por mãos? — Indago curioso.

— Conheço um cara... — ela comenta, ao sair voando de volta a bancada de trabalho cheia de dispositivos eletrônicos desmontados.

— Isso é algo que eu diria... Ela é ligeira. — Digo com um sorriso no rosto. — Ela ainda vai nos ajudar bastante!

O garoto finalmente veio me chamar.
— Al'ab! Corre! Está derretindo! O cubo está derretindo!
Levantei-me e corri até a fornalha e olhei pela abertura que o material agora derretia lentamente. Corro até o canto da câmara e pego minha pinça enorme usada para apanhar objetos no interior flamejante.
Quase já derretido pela metade pudemos ver o que o bloco protegia. Uma gema vermelha como a própria brasa ardente, que rapidamente apanho com a pinça, que em poucos segundos dentro da fornalha se deforma inteira.
Neste momento vários dos guerreiros apareceram para ver o que o cubo guardava...
— Espere um pouco... Isso não é uma das joias! — diz Elgie ao se aproximar da gema.
— Elgie, cuidado! A gema está quente como o inferno! — alerto-a antes que se queime.
Isabela traz rapidamente um balde com água para resfriarmos o objeto e eu pego-a com a pinça danificada e lanço-a ao balde.
Infelizmente a tentativa falha e a água começa a borbulhar e a ferver evaporando gradualmente.
— Ela não vai esfriar... — diz Elgie ao abaixar-se levando a mão dentro do balde.
— Elgie, não! Você vai se queimar! — grito indo a sua direção, mas ela gruda a mão na gema e grita de dor por alguns segundos.
Então, a dor de Elgie parece ir embora e sua mão não aparenta estar queimada, enquanto manuseia a gema de um lado para o outro. Noto que o metal do cubo já derretido começa a escorrer em direção à Elgie e a pedra flamejante.
— Ela não esfriará porque é a gema de Dorial! — comenta Sôcha surgindo por detrás dos outros.
O metal liquido foi subindo em direção a mão de Elgie e formando uma espécie de bastão metálico de batalha cheio de detalhes pequeninos que o tornavam magnífico, e uma porção do metal criou uma corrente de pescoço para ela, que se formou ao redor de seu pescoço prendendo a gema de quase sete centímetros de comprimento.
— Uau! Era disso que eu estava precisando! — ela exclama extremamente animada.
— Um taco de metal? — indaga Naara confusa.
— Não, Naara! Veja isso! — Elgie retruca saindo para fora da oficina.
Ela então demonstra as várias formas que a arma pode possuir, transformando-a em uma espada, em um machado, em um escudo e assim por diante.
— Caraca! Isso sim é demais! — diz Danton animado.
Sôcha, ao notar sua animação, puxa-o pelo braço e diz:
— Seu enrake é mais legal, fortão...

Achei curioso que conseguia entender todos falando em bélico naturalmente.

— Então funciona... — Comento baixinho — Opa, opa! O show acabou, pessoal! Chega de bagunça na minha oficina. Ouviram?! Quebrou paga! Aqui é assim! — dispenso-os voltando para minha poltrona enquanto chamo Arja para confirmar que o dispositivo havia funcionado.

ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: ODISSEIAOù les histoires vivent. Découvrez maintenant