Quatorze: Essa garota é corajosa

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Ponto de vista de Joel.

Enquanto isso... Terra, Nova Déli.

— Estamos quase chegando ao nosso destino. Nosso objetivo aqui é rápido e simples: Pegar as estacas no abrigo... Alguma dúvida? — perguntei à equipe.

— Acho que nenhuma pergunta da nossa parte... ­— respondeu Mena, aparentemente já acostumada com aquela vida de guerras e batalhas por sobrevivência.

— Ótimo. Então, Frank e Mena aguardam na nave, e nós entramos rapidamente e pegamos as estacas. Entendido? — perguntei aguardando uma confirmação.

De repente o vento começa a invadir a nave, e ouvimos um grito da porta de desembarque...

— Eu distraio o gondro! Não percam tempo! — disse Isabela bem antes de saltar da nave com Volt.

— Menina, não! — gritei tentando impedi-la. Tarde demais. Já estava caindo sobre um dos prédios pelo qual passávamos.

— É... Tenho que confessar... Essa garota é corajosa. — comentou Mena admirada.

— Ela não é só louca... É corajosa também... — completou Léa, acostumada com suas presepadas.

— Senhor Joel? O que fazemos? Voltamos para pegá-la? — perguntou Frank, o piloto.

— Não... Vamos seguir. Essa menina se vira melhor do que nós todos juntos... — respondi-o ousadamente.

— Nossa! Que garota! — comenta Frank impressionado.

— Pilota essa nave, Frank! Presta atenção no percurso! — esbraveja Mena, enciumada.

Frank coça a garganta e, sem graça, volta sua atenção à frente novamente.

O gondro não era difícil de ser encontrado, pois ele media cinco metros de altura, corpo largo, forte e cinzento, pele lisa da cintura pra cima, e para baixo, peludo. Sua cabeça era bem pequena em proporção ao corpo, sem pescoço praticamente devido ao seu volumoso tríceps, com olhos, boca e nariz pequenos, mas que mal cabiam em seu rosto. Suas mãos apresentavam apenas quatro dedos com unhas bem grossas, grandes e quadradas, e em suas costas havia como que pedaços de madeira que cresciam aleatoriamente.

— Vamos lá guerreiros! Entrar e sair! — comandei, sendo eu mesmo o primeiro a deixar a nave.

Fomos Anza, Léa e eu para dentro do abrigo rapidamente. Como já havíamos estado ali antes, a missão foi rápida.

Os mortons haviam invadido aquele abrigo, e alguns deles já se instalavam ali, porém, como nossa missão não era exterminá-los, mas encontrar as estacas, ignoramos vários que não nos viram pelo caminho.

— Bichos infernais... Estão construindo suas "tocas" logo em frente ao armário das estacas... — observei atentamente.

— Como faremos isso Joel? — questionou Léa.

— Eu posso distraí-los enquanto vocês tentam pegar as estacas... O que acham? — Anza fez uma boa sugestão.

— Pode ser... Vamos pelo lado esquerdo, Léa e eu. Você vai atraindo a atenção deles para a direita. Ok? — completei.

Colocamos o plano em prática. Embora eles não estivessem em grande número ali, não sabíamos quantos mais havia no restante do abrigo. Arriscar nossa saída pela porta da frente não era a melhor ideia, já que havíamos entrado pela passagem auxiliar que ficava ao oeste da entrada principal. Prosseguimos cuidadosamente, Léa e eu. Alcançamos o armário, mas para pegarmos as estacas, teríamos que abri-lo, e isso faria barulho, pois ele estava todo danificado e torto.

— Léa, vá em frente... Eu te dou cobertura. — instruí-a, e ela prosseguiu.

Com aquele toque feminino e gentil, Léa conseguiu a proeza de abrir o armário sem fazer barulho suficiente para chamar a atenção dos mortons. Pegamos quatro estacas e começamos a retornar pelo mesmo caminho. Quando um morton se aproximava, Anza sinalizava com gestos, ou até mesmo atirava algo na outra direção para despistá-lo. E isso deu muito certo. Foi um ótimo trabalho em equipe, até que eu, desatento, pisei num caco de vidro, chamando a atenção de todos a nossa volta.

— Ai... — comentei em tom baixo ao cerrar os olhos com força.

Todos os mortons começaram a vir em nossa direção, ainda sem poder nos ver, e quando olhamos para Anza, ele parecia um tanto desesperado, sinalizando que deveríamos sair dali imediatamente. Caminhamos mais rápido em direção a ele, que insistia em continuar com seus sinais, e até arremessou seu "bumerangue" triangular contra um deles que nos pegaria de surpresa logo à frente.

— Obrigado Anza! — agradeci.

Vamos correr rapazes! — disse Léa energizada.

— Me dê essas estacas aqui, Léa! Eu não respiro! Carrego-as melhor na corrida! — afirmou Anza.

Léa praticamente jogou-as nas mãos de Anza sem diminuir o passo nem um segundo.

— Obrigado! Mas corre! — disse ela sem muito folego.

Estávamos correndo pelo corredor principal rumo à saída. Os mortons que surgiam à nossa frente eram derrubados pelos meus disparos, e os que vinham atrás ignorávamos.

— E a garota, será que já vai estar pronta? — pensei.

Saímos do abrigo e imediatamente ao nos ver, Frank dá a partida na nave. Tudo sincronizado. Embarcamos e Frank fê-la subir alto o suficiente para os mortons não nos alcançarem.

— Onde está Isabela? — perguntei ofegante.

— Ela não apareceu por aqui, mas ouvimos barulho a uns três quilômetros ao sul. Deve ser ela e o gondro. — comentou Mena.

— Vá para essa direção então, Frank! Fiquem atentos, temos que pegar ela logo! Os mortons enviarão naves atrás de nós em breve. — falei alerta.

— Tem mais Joel! Gorilla passou um rádio e disse que temos que ir até Salt Lake, nos Estados Unidos... — comentou Frank curioso.

— É mesmo Joel! Temos que ir até lá pegar duas sobreviventes... — comentou Mena.

— Temos que ser rápidos então, pois já era para estarmos em Ghore uma hora dessas... — comenta Léa um tanto impaciente.

— Sim Léa, mas antes de tudo temos que pegar Isabela. — comentei.

— Olhem! Lá estão eles! — apontou Frank animado.

Enquanto Frank arranjava um campo mais aberto para descer a nave, observamos o sincronismo dos dois em batalha. Isabela estava montada em Volt, e ambos estavam sobre o gondro, perto do pescoço. Vimos Volt fincar seus dentes nele, energizando-se para um ataque, enquanto Isabela subia em sua cabeça, tentando colocar algo nela. Segundos depois, ela sobe em Volt, que descarrega sua energia no gondro e algo em sua cabeça começa a envermelhecer. Volt salta do gondro no momento em que ele se curva à frente levando sua mão enorme à cabeça, num momento oportuno. Ouvindo o som da nave, Volt corre até nós, e ao subirem a bordo, a cabeça do gondro explode, fazendo voar maça cefálica dele para todos os lados.

— Que show, hein Bela? — comenta Frank ao fazer subir a nave.

— Obrigado Frank! Tudo fica mais fácil com Volt. — ele ruge em agradecimento por seu reconhecimento e retorna a sua forma natural e meiga.

— Aí, garota? — chamei sua atenção.

— Diga Joel! Deu certo? — indagou-me ela.

— Sim, está tudo certo. Temos quatro estacas agora. E temos que passar em Salt Lake, parada de emergência... — comentei.

— Parada de emergência? Como assim, Joel? O que aconteceu com a nave? — disse Isabela, sem entender o que se passava.

— Resgatar duas sobreviventes a pedido de seu tio... — expliquei sem dar muita atenção.

— Ok. Vamos pegá-las. — consentiu ela sentando e pondo-se a limpar suaroupa suja com poeira e pedaços de gondro.

ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: ODISSEIAWhere stories live. Discover now