Eduardo entra um pouco depois de nós, caminha de cabeça baixa até o fundo da sala e senta em uma cadeira afastada de todos, ele parece triste e sinto vontade de saber o que aconteceu, mas não dá, preciso ficar longe.

O professor chega e começa a explicar sobre a matéria dos últimos meses de aula e quais serão os cronogramas até o final do ano, passa algumas datas pra anotarmos e depois começa a aula. Evito mudar o meu foco pra outra coisa que não seja a matéria no quadro a minha frente e luto com meus pensamentos que insistem em se preocupar com Edu a cada pausa que o professor faz nas explicações.

As aulas do primeiro período terminam e somos liberados pela professora de matemática para enfim sair da sala e tomar um pouco de ar, que eu nunca pensei que seria tão precioso quanto foi quando respirei fundo assim que cheguei ao pátio.

— Tudo bem?

— Sim, só precisava de ar.

— Vai comer o que?

— Não sei, estou sem fome.

— Roberta...

— Eu sei, preciso comer, vamos até a cantina. – pego Fábio pela mão e o puxo para a cantina.

No caminho cruzamos com algumas pessoas que nos olham e cochicham, algumas meninas riem com certo deboche e começo a ficar intrigada, tudo bem que nesse ano eu fui o foco dos cochichos e fofocas, mas não tem mais nada que eles tenham pra falar a meu respeito, ou tem?!

Alice está sentada numa mesa do lado da cantina e sorri quando me vê, eu aceno de volta e depois de pegar uma salada de frutas, um sanduíche e suco, assim como Fábio, caminhamos até a mesa dela.

— Podemos sentar?

— Claro.

— Você já deve saber, mas enfim, esse é o Fábio.

— Muito prazer. – ela sorri e os dois apertam as mãos.

— Prazer é todo meu. – Fábio pega nós duas desprevenidas.

Eu quase me engasgo com o suco e Alice está com o rosto muito vermelho e sem reação diante da situação. Nunca ouvi Fábio falar tão firme e até sedutor assim antes. Olho pra ele e seu rosto está focado em Alice e eu só consigo segurar o riso e limpar a garganta antes que ele a devore com os olhos.

— Então, indo bem com o primeiro dia de volta? – ela disfarça e me pergunta enquanto olha para a salada de frutas em sua frente.

— Nós sabíamos que não seria fácil depois de toda a fofoca, mas até que está tudo bem até agora.

— É, mas logo eles vão achar outra coisa pra fofocar e te esquecem.

— Tomara.

— Vai à reunião dessa semana? – a pergunta é pra mim, mas vejo os olhos dela desviarem para Fábio.

— Vou sim você vai Fábio?

— Vou. – é sua única resposta.

Parece que ele está desconfortável com o que disse antes e agora não sabe como agir e eu só acho isso muito engraçado porque não consigo mais segurar o riso e acabo chamando a atenção dos dois pra mim.

— Do que está rindo?!

— Nada. – disfarço e volto a comer.

Cada um foca na comida a sua frente e o silêncio paira na mesa, olho de relance para Fábio e ele sorri sem graça, já é a segunda vez hoje e isso definitivamente não é tão normal pra ele. Mas quem sou eu pra julgar o que cada um faz e sente.

Um grupo de garotas passa conversando alto e meu corpo paralisa quando escuto a risada de Bárbara, ela e sua nova remessa de seguidoras passam por nós e não deixam de provocar. Alice é a única que as ignora, Fábio parece triste, mas talvez com um pouco de raiva e eu não sei explicar o que sinto, talvez um pouco dos dois também.

— Roberta? – ela dá meia volta e caminha até o lado da nossa mesa.

— Oi Bárbara. – tento soar o mais indiferente possível.

— Você está bem? Achei que fosse demorar a voltar à escola, talvez até recomeçar ano que vem.

— Estou ótima, não teria motivo pra ficar em casa e perder o ano letivo logo agora que está tão perto de acabar. – me levanto para encará-la de igual pra igual.

— Que bom, sinto muito que tenha passado por tudo aquilo nas férias. – ela fala mais alto e algumas pessoas em volta começam a nos observar.

— O que você quer Babi?! – Fábio interfere parando do meu lado.

— Nada, só me solidarizei com a situação.

— Como ficou sabendo?

— Roberta querida, as notícias correm.

— Chega Bárbara, não arrume confusão. – uma das garotas a chama.

Ela me olha uma última vez e sorri antes de sair com sua corja de najas, porque é assim que elas se parecem, todas reunidas e prontas para destilar veneno a qualquer momento.

— O que foi isso?! – olho para Alice e ela parece desconfortável.

— É só a Babi destilando seu veneno. – Fábio me tranquiliza e volta a sentar.

— Na verdade é isso sim, só que acho que vocês ainda não sabem o que é realmente.

— Como assim Alice?! – sento novamente e a encaro.

— Acho que quase ninguém sabe da nossa aproximação, por isso me contaram e juro que não queria te falar nada disso, mas depois dessa cena, acho melhor contar.

— Fala logo Alice! – Fábio é quem pede.

— Todos estão comentando que você estava grávida do Fábio e que a viagem que vocês fizeram juntos foi pra abortar a criança.

Melodia do AmorWhere stories live. Discover now