Seis amigos, adolescentes, enfrentando as situações da vida pela primeira vez. Romance, festas, decepções, conflitos, problemas, amizades desfeitas e novos laços construídos.
"Quantos amigos vocês tem? E quantos deles você considera seus verdadeiros...
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A volta das aulas chegou mais rápido do que eu gostaria, mas uma hora ou outra eu teria que enfrentar tudo isso. Sei que não vai ser fácil e que provavelmente vou surtar na maioria dos dias, mas não dá mais pra fugir e me esconder, não se eu quero realmente mudar e me curar.
Os encontros do grupo de terapia têm me feito muito bem, assim como os livros que Mauri tem me emprestado. Ler sobre temas parecidos com o que tenho vivido e ver como diferentes pessoas lutam de diferentes formas contra isso em busca de cura tem me feito enxergar o que tenho e o que passei com outros olhos.
Na última reunião, Fábio não pôde ir e por isso sentei perto de Alice, a garota que esbarrei no corredor da escola. Descobri durante uma conversa que ela teve bulimia e a mãe chegou a cogitar a possibilidade de interná-la contra sua vontade para que ela não morresse, e fiquei ainda mais surpresa quando ela me disse que o "start" para a sua reabilitação e cura foi o nascimento de sua irmã mais nova que precisava de um transplante.
A ideia de ver a irmã morrer, a fez pensar no que ela estava fazendo com a própria vida e ela decidiu por vontade própria se internar, fortalecer o corpo e a mente para enfim ajudar os pais a passar pelo maior desafio de suas vidas, uma fila de transplante, cirurgia e meses de espera até ter a confirmação de que a criança enfim estava curada. Depois disso ela continuou indo aos encontros porque gostava e pra de alguma forma, ajudar pessoas que pudessem estar passando pelo mesmo que ela.
Nós conversamos por duas horas depois que saímos do grupo de apoio e trocamos telefone para continuar conversando e nós fizemos isso por todo o final de semana, falamos sobre diversos assuntos e percebi que ela é bem observadora, muitas coisas ela simplesmente deduziu por observar como era o meu grupo de amigos.
Não temos muitas coisas em comum, mas gostamos de ler, de música e aceitamos que tanto músicas eletrônicas, quanto pop românticas, são boas dependendo do estado de espírito.
— Pronta para os últimos seis meses?
— Prontíssima. – sorrio para Fábio enquanto caminhamos pelos corredores do colégio.
Algumas pessoas nos olham e comentam algo, mas faço questão de ignorar, assim como Fábio, afinal de contas não preciso da aprovação de ninguém aqui pra ser quem eu quiser ou pra ter quem eu quiser como amigo.
Alice passa por mim e acena enquanto entro na sala de aula, Fábio me olha e questiona com uma sobrancelha arqueada e eu sorrio.
— Tenho novidades pra te contar, mas fica pra depois da aula.
— Ok.
Alguns alunos já estão sentados em suas cadeiras quando entramos, mas não me direcionou para o lugar habitual, não me sinto mais parte daquele grupo para sentar junto, Fábio ainda sim, por isso me olha sem jeito antes de sentar em sua cadeira, mas como já expliquei antes a ele, não me importa que ele tenha amizade com qualquer um deles, afinal de contas são amigos dele e ninguém ali o prejudicou, a situação é minha e só eu tenho que fazer alguma coisa.
