Capítulo 7 • Showzinho Particular

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Eu queria não duvidar disso
Eu nunca quis te machucar, embora
Eu tivesse todos os meus motivos
Eu não sabia que eles não se misturariam com suas emoções
Eu só tive que alcançar meus objetivos
Nunca achei que precisaria tanto de você
—  You Get Me So High - The Neighbourhood

Eu queria não duvidar dissoEu nunca quis te machucar, embora Eu tivesse todos os meus motivosEu não sabia que eles não se misturariam com suas emoçõesEu só tive que alcançar meus objetivosNunca achei que precisaria tanto de você—  You Get Me So Hi...

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— Um trident por favor. — Coloquei a nota no balcão, esperando a atendente se abaixar para pegar o chiclete no interior do móvel de vidro.

Aquela era a minha marca favorita. De todos, somente ele tinha o efeito que eu precisava sob o meu corpo. Aos 14 anos, fumei o primeiro cigarro com alguns garotos do último ano do ensino médio. Eu estava na minha fase rebelde, onde fazia de tudo para chamar atenção. Culpava a todos pela morte da minha mãe e pensava que viver de forma inconsequente era a melhor saída para todos os meus problemas. Até chegar ao ponto de que meu pai teve que intervir, me levando á uma psicóloga. A Dra. Watson não conseguiu fazer com que eu superasse o vício mas me ajudou á vencer o estado caótico que eu me encontrava, também me ajudou a ficar dependente do Trident de Menta ao invés dos cigarros. Pelo menos era algo menos perigoso para a minha saúde. Fumar, ou melhor, mascar chicletes era a única coisa que me ajudava em momentos de nervosismo.

A atendente se levantou preguiçosamente me estendendo o pacote, jogando o troco no balcão e voltou a mexer no celular.

— Você me deu troco a mais. — Ela ergueu a sobrancelha me olhando. — Aqui, olha.

— Ninguém faz o fechamento dessa espelunca mesmo... Tanto faz. — Torceu o lábio pegando a moeda de volta. — Eu te conheço de algum lugar?

— Não me lembro. — Passei o olhar pelo rosto da atendente, ela tinha os traços perfeitos e um cabelo cacheado de dar inveja. Mas não me recordava de ter visto antes. — De toda forma, prazer. Me chamo Marie.

— Olá Marie! — Deu uma piscadela, guardando o celular na mesma gaveta que colocou o dinheiro há alguns segundos atrás. — Esse sabor é horrível. Por que você não experimenta o de canela?

— Não consigo. Só esse sabor me acalma quando estou estressada. — Balancei o chiclete em minhas mãos. — Vou indo, até mais....

— Sabrina. — Dei um sorriso sem graça. Eu havia acabado de conhecer a garota e já estava contando coisas pessoais sobre mim. "Só esse sabor me acalma"? Eu precisava enfiar esse chiclete na goela logo pra parar de tagarelar. Senão já já ela saberia até a cor da minha calcinha. — Eu faço boxe na academia aqui da esquina. Aparece lá se quiser desestressar. Melhor descontar o estresse em um saco de pancadas do que nos dentes.

— Legal. — Concordei animadamente. Socar algo? Isso era comigo mesmo. — Anota meu número e a gente conversa.

Trocamos os números e nos despedimos. Realmente, eu precisava de um passatempo novo senão acabaria enlouquecendo.

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