Capítulo 2 • Dia de sorte

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"Você olha em meus olhos, e eu só vejo o céu
Me sinto tão alterado, mesmo não tendo usado nada
Estou apenas voltando ao normal"
Somo - Ride


"Você olha em meus olhos, e eu só vejo o céuMe sinto tão alterado, mesmo não tendo usado nadaEstou apenas voltando ao normal"Somo - Ride

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Coloquei o travesseiro em cima do meu rosto, em uma tentativa frustrada de abafar o som estridente do despertador. Acordar em pleno domingo antes das 15h da tarde era a última coisa que eu faria em são consciência. Tirando o dia de hoje em que fui convidado - Ou melhor, obrigado - por minha mãe á comparecer em um de seus rotineiros almoços em família.

Onde tudo sempre acabava em copos voando, socos e Jordana Scott chorando por ter seu final de semana arruinado por aquela merda de homem que ela insistia em chamar de marido.

Senti um leve peso em cima da minha coxa esquerda. Trancy era pesadinha demais para uma Cheerleader. Respirei fundo, antes de levantar e desligar aquela merda que não parava de apitar.

— Onde você vai? — Ela ronronou, se envolvendo da cintura para baixo com o lençol azul marfim.

— Pro banho. — O sorrisinho safado que eu recebi de volta, foi quase o suficiente para que eu a convidasse para ir junto. Mas eu tinha amor pela minha vida e não atrasaria um minuto sequer no compromisso familiar de hoje. — Você pode usar o do corredor e tomar café com os caras quando terminar, te vejo por aí.

Ela bufou, antes de murmurar algo que eu não tive o interesse de prestar atenção, pegando suas roupas jogadas pelo chão do quarto. Digitei uma mensagem avisando minha mãe que já estava á caminho e abri o grupo dos caras da Fraternidade. Eles compartilhavam alguns vídeos meus bêbado que eu ao menos tive o interesse de abrir. Era raro eu beber á ponto de esquecer o que aconteceu na noite anterior, então preferi ignorar esse fato para não perder o restinho de dignidade que ainda existia em mim. Se é que eu ainda tinha isso.

A viagem para a casa da minha mãe foi rápida, a cidade era vizinha e em menos de 40 minutos já estava com o carro parado na residência amarela com o jardim mais florido do bairro. Minha mãe vivia bem, até hoje recebíamos pensão do meu pai, um fodido bem de vida que raramente tinha contato comigo. Grande parte do dinheiro ficava guardada, usávamos apenas o suficiente para os gastos da faculdade e comprar mantimentos para a casa dela, já que todos trabalhávamos.

O dinheiro que meu pai nos dava era algo que aceitávamos mais por luxo do que por necessidade. E para ter a sensação de que ainda eramos lembrados por ele. Uma falsa sensação, na realidade. Carência de infância é foda.

— Você está atrasado! — Foram as primeiras palavras que Jordana dirigiu á mim, assim que eu bati a porta para fechar o carro. Ela já estava com as mãos na cintura, me olhando de forma reprovadora. - Quase começamos a comer sem você.

— Eu também senti saudades, mas só fazem 7 dias que eu vim te ver. — Depositei um beijo em sua bochecha, fazendo-a perder a pose e sorrir de volta, mostrando suas ruguinhas.

TÓXICOWhere stories live. Discover now