Capítulo Vinte e Um - Terra

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— Não quero sair com meu pai hoje — respondeu. Ela não questionou sua decisão, para a surpresa total dele.

— Vou tentar chegar mais cedo, para irmos comprar seu presente — disse sua mãe enquanto pega suas coisas para ir trabalhar. — Fique trocado, combinado?

— Combinado — responde ele enquanto sua mãe o esmaga em outro abraço antes de sair.

[...]

As horas se arrastam à medida que a solidão de Harry fica mais evidente.

Seus avós telefonam próximo das dez e pela primeira vez ele dá mais atenção ao assunto e até mesmo puxa conversa, o que só torna a solidão dentro dele maior, depois de finalizarem a ligação com a desculpa de não conseguirem visitá-lo naquele dia.

Mas Harry sabe que seria pior se ele tivesse ido a aula, pois teria de lidar com toda a distância que Louis colocou entre eles bem no dia de seu aniversário, o que apenas contribuiria para ele sentir pena de si mesmo (péssimo).

Então ele volta a dormir. Cozinha um ótimo almoço e arruma toda a bagunça. Assiste um filme e se troca quando sua mãe manda mensagem dizendo que está quase chegando.

Existem possibilidades piores para se passar o dia de aniversário, Harry reconhece isso; por isso não reclama — ainda mais quando sua mãe realmente cumpre sua parte de chegar mais cedo.

Algumas mensagens chegaram, mas Harry limpa a barra de notificações antes de ler qualquer coisa. Chame-o de covarde, mas, por hoje, para o bem ou para o mal, ele irá ignorar, pois, sim, a ignorância é uma benção.

[...]

— Você tem certeza que precisa do cachecol?

— Sim, eu tenho — confirma sua mãe. — Está esfriando e você precisa guardar o sorvete.

Harry bufa e desce do carro segurando apenas a sacola do sorvete.

Algumas promoções são simplesmente ridículas, mas ele até reconhece que comprar sorvete com noventa porcento de desconto é uma baita economia.

Ele e sua mãe tiveram uma tarde agradável no shopping, compraram algumas coisas e depois decidiram jantar em um restaurante, ao invés de pedir para viagem os lanches e comerem no carro.

— Eu levo o sorvete — disse sua mãe pegando a sacola das mãos dele —, sobe e pega meu cachecol, não posso ficar sem voz essa semana. Você está com a chave?

— Sim — responde Harry pegando as chaves no bolso do casaco. — A gente deveria ter comprado um bolo — começa ele colocando a chave na fechadura —, para comer com o sorvete — disse girando a maçaneta.

Durante os próximos segundos, enquanto espera sua mãe responder e entra em casa, Harry leva o maior susto de toda a sua vida. Se ele estivesse segurando a sacola com o sorvete, provavelmente teria deixado cair.

Pois no momento exato em que acende a luz, várias pessoas gritam "surpresa!" fazendo a alma de Harry separar-se de seu corpo por breves segundos.

Sua casa está cheia, ainda assim, a única pessoa que ele consegue ver é Louis, o qual sorri largo para ele, com olhos brilhando em alegria. Não há nenhum traço de mágoa em seu olhar e isso o faz relaxar.

Eles ainda precisam conversar, mas Harry sabe que ambos ficarão bem, pelo menos por ora, no momento ele se concentra em processar que alguém (provavelmente sua mãe) organizou uma festa de aniversário para ele.

Após cumprimentar seus convidados (com exceção de Louis, o qual apenas ficou observando-o de longe, sorrindo), Harry sobe para trocar de roupa e se arrumar.

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