Capítulo 38 - O poder do perdão (Liz)

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 - Vou morrer de saudade. – ouvi Alice dizer e trocaram o que pareciam ser pedacinhos de papel.

 - Vou viver de saudade, minha ruivinha. Até breve. – Rico respondeu, a beijou e correu para não perder o voo.

 Rafa, que também assistiu a tudo (nitidamente “mexido”) me apertou com força, mas logo me soltou para que eu cuidasse da minha amiga.

 Todas as vezes (que não foram muitas) o que mais mexe comigo é o estado lastimável que minha concun fica. Sei que não ficarei diferente - de novo - quando o Rafa tiver que voltar a viajar, mas não, eu não estou sofrendo por antecipação, que isso fique bem claro!

 Eu a abracei e mimei dizendo que agora ela era minha responsabilidade. Ela riu fracamente e saímos do aeroporto abraçadas (minha amiga gigante permaneceu todo o tempo com a cabeça apoiada em meu ombro). A todo momento, eu sentia os espasmos percorrem o corpo dela e ouvia os soluços que ela tentava silenciar.

 Alice não voltou conosco, apesar de nossa insistência. Ela disse que tinha vindo no carro dela e que não nos preocupássemos que ela tentaria ficar bem.

 Seguimos todo o caminho de volta em silêncio. Rafa estava quieto e aproveitei para refletir...

 Com tudo... por tudo... e apesar de tudo... podemos e devemos extrair (das situações que passamos na vida) o que for bom e usar o ruim a nosso favor: isso é crescimento! Tudo é aprendizado e devemos permitir que nossas vidas sejam lindas, do nosso jeito.

 Todos passamos por momentos difíceis, dolorosos, mas nem por isso devemos nos desesperar e achar que é o fim... afinal, a vida é dinâmica, intensa e quando pensamos ter todas as respostas, a vida muda todas as perguntas, como diz Luis Fernando Veríssimo.

 Não sei o motivo, mas me lembro do Otto. Ele foi uma das pessoas que disse se irritar com o meu lado chorão. Sou chorona!? Sim - sempre - mas agora, com a melhora da minha autoestima, sinto-me mais dona de mim e me importo cada vez menos com que o outro pensa. O que o outro pensa da gente é problema dele, não nosso.

 Não acredito que ser sensível e se emocionar com facilidade seja demérito, mas muitas vezes somos tachados, somos os chorões, fracos, frescos e ainda conseguimos irritar algumas pessoas, mesmo que sem intenção.

 Apesar dos rótulos, a mim, o que importa é ser uma pessoa de bem, de fé, que “acrescente”. Somos responsáveis pelos nossos atos, pelas mensagens e pela imagem que deixamos aos que convivem conosco, mas isso não significa que tenhamos que ser o que os outros esperam que sejamos.

 Eu tento ser a melhor Liz que consigo ser, dentro do que prezo e dos valores que não abro mão. Peço que os perfeitos levantem a mão... porque julgar é muito fácil, ruim é colocar-se no lugar do outro e viver a vida dele, mas não da forma como as pessoas querem, só o lado bom da vida alheia. Quem gostaria de ter a vida colocada em risco, mais de uma vez, por dinheiro e vingança? Eu não sou fã da arte de problematizar a vida, mas... vale a reflexão.

 Desde o início disso tudo sinto minhas forças renovadas. Além disso, percebo a evolução pessoal e o crescimento espiritual pelo qual tenho passado e agradeço a Deus por tudo. E, se pode ser melhor, também vejo, me orgulho e admiro o novo Rafa.

 Hoje vejo que tudo o que restou são cicatrizes: umas marcas mais profundas, outras superficiais. Algumas apenas na pele e muitas na alma. Apesar de tudo, já estão fechadas, não são feridas abertas, eu não permito que elas tenham valor maior do que têm, eu não quero e nunca permitirei que sangrem para sempre.

 Ouvi o celular do meu lindo tocar e vi ele apertá-lo com muita força, de forma que os nós dos dedos dele ficaram descorados.

 - Não! Ela não vai fazer essa porra! – praticamente berrou com quem falava com ele. - O que essa louca quer falar com a Liz?

Transformados pelo amor (Livro 1: Tinha que ser Você) -  disponível até 30/09Onde as histórias ganham vida. Descobre agora