𝓓ó𝓲

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Doeu. Porra, como doeu.

A sensação de entorpecimento junto da euforia o fez crer que talvez estivesse mergulhado em outro sonho profundo. Jimin tivera muito deles na juventude, consequência das doses de tranquilizantes que tomava, na gravidez dos gêmeos. Sempre estivera em constante tormento e embora se sentisse ciente do próprio corpo, do próprio eu, o medo de não estar e ao mesmo tempo estar ali o atormentou, novamente. Não sabia o que fazer. Na verdade, nunca soube. Para si, encontrar Jeongguk era um sonho impossível, pelo menos foi assim que seu pai o fez acreditar. Que o homem que amava nunca mais estaria em carne e osso a sua frente outra vez. Pelo menos não com vida.

Lágrimas cegaram sua visão e sua mão guiou-se imediatamente para sua boca. Sempre imaginou àquele momento. Estivera preparando-se para ele há seis anos, e treinou para o reconhecimento e o provável sentimento de ódio que Jeongguk sentiria por si. Ele não sabia que fora obrigado a deixá-lo. Mas não deixaria aquilo afetar o que poderia ser uma segunda chance, não por desencontros tolos que por Deus, os privaram de seis anos juntos. O privaram de serem uma família de verdade e, acima de tudo, que privou Jeongguk de ser o pai para seus filhos.

Jimin havia ensaiado para isso. Deixaria que ele descontasse sua raiva em si e então o abraçaria, pediria perdão e então iriam conversar. Mas, certamente, jamais se preparou para o sentimento que viu dentro dos olhos do amor da sua vida: confusão. E curiosidade. Sem um pingo de reconhecimento pela pessoa à sua frente.

Jeongguk ainda possuía aquele olhar acolhedor e infantil de anos atrás, mas agora era um verdadeiro homem formado. A afirmação daquilo fez um soluço sair por sua garganta. Poderia ter acompanhado cada mudança severa naquele corpo que conhecia tão bem, poderia ter estado ao lado dele para acompanhar a mudança na voz, o amadurecimento, quisera estar lá para acolhê-lo quando algo o frustrasse. Jeongguk crescera e não fora ao lado dele.

E o reconhecimento daquilo doeu. Amava aquele homem com sua vida. Deixar de vê-lo foi como a morte e só naquele instante podia conseguir respirar de novo, mas, novamente, aquilo doía, porque parecia quase como se Jeongguk não o... reconhecesse. Pura confusão e ansiedade vibrava pelo corpo e face do homem, e quando ele voltou-se para si para ajudá-lo, soube que algo estava errado. A expressão no rosto esculpido não era nada menos que gentil e atencioso.

O encarou, sentindo o coração quebrar aos pouquinhos.

— Jeongguk?

Intrigado, o homem moveu seus olhos para os seus, perdendo-se no castanho doce daquelas orbes. Seus longos cílios estavam molhados e Jeongguk quis mais que tudo enxugar suas belas bochechas com suas mãos.

— Hã... Olá, senhor. Me conhece?

O mundo de Jimin ruiu.




À princípio, foi como olhar uma estátua. Uma estátua perfeita e quase majestosa. Olhos pequenos, castanhos, num tom tão claro e doce que parecia chocolate. Jeongguk se perguntava como alguém poderia ser tão bonito, mesmo que parecesse não fazer o mínimo de esforço para isso. A beleza natural irradiava pelos poros daquele homem. E o atingia, forte e profundamente, porque seu coração acelerado não podia ser por causa dele. Sequer o conhecia. Fechou as mãos fortemente em punhos, sentindo uma necessidade cruel e faminta de tocar aquela pele, cheirar aqueles cabelos. Se sentia como um louco. Só podia estar louco. Nunca que iria abraçar um estranho, principalmente um que acabara de conhecer, simplesmente porque sentira necessidade. Não fazia o mínimo de sentido.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 27, 2020 ⏰

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