𝓟𝓻𝓸́𝓵𝓸𝓰𝓸

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Jeon Jeongguk era um garotinho de seis anos quando conheceu Park Jimin.

O mesmo era um hyung, um ano mais velho, e mesmo que tivesse seus sete anos, Jimin sempre foi menor e mais fofo que ele. Era um garotinho manhoso, de bochechas grandes e olhinhos miúdos, e mesmo que tivesse a famosa “janelinha”, o sorriso de Jimin conseguia ser encantador em uma proporção absurda. Jimin sempre foi belo.

Ambos haviam se conhecido em uma noite chuvosa, no escritório presidencial da empresa a qual seus pais eram sócios. Jeongguk lembrava bem, era um garotinho pequeno, de olhos enormes e sorriso de coelho, mas ao ser deixado na sala com a secretária de seu pai o olhando, ele se sentiu sozinho. Muito sozinho. Mas era um mocinho já crescido e forte, Jeongguk não costumava chorar pelo “abandono”. Sua mãe havia partido quando ele ainda era um bebê. E poderia até ser considerado solitário, mas ele não era muito bom em fazer amizades.

Andou pela enorme sala, olhando cuidadosamente ao redor, com seus olhos negros e atentos. Jeongguk desde sempre era indiferente, mas ele costumava esconder sua timidez em uma pose carrancuda, mesmo para a pouca idade. O menino era quase que uma incógnita, que se findou um pouco a partir do momento em que pôs os olhos em uma cabeleira negra, debaixo da mesa, com as pequenas mãozinhas nos olhos e tremendo muito no chão frio. Chovia, e os trovões eram fortes, mas diferente daquele garoto, Jeongguk não sentia medo deles.

Aproximou-se, lentamente, um pouco hesitante se deveria ou não fazê-lo. Era um menino, claramente um menino, que se encolheu mais ao chão e choramingou ao ouvir mais um trovão, e Jeongguk agachou-se, o olhando com curiosidade. Jimin parecia respirar pesado, mas ao sentir a presença de alguém perto de si, o fitou, os olhinhos pequenos cheios de lágrimas. Aquela foi a primeira vez em que Jeongguk desejou ter um amiguinho para acalentar, do mesmo jeito que seu appa fazia com os seus amigos.

Sempre foi doloroso ver Jimin chorar.

Q-Quem é v-você? — O garotinho sussurrou, como se temesse aumentar a voz. Jeongguk arregalou os olhos, de repente travando no lugar, como sempre acontecia quando tentava socializar na escolinha. — V-Você n-não tem m-medo?

— Não. — Jeongguk falou, rápido, com um rostinho aturdido. Até que enfim sentou-se no chão, as pernas cruzadas. — Sou Jeongguk. Jeon Jeongguk. E você?

Jimin fungou, achando engraçado o modo como os olhos grandes do garotinho estavam arregalados. Ele parecia tenso, e por isso encolheu-se embaixo da mesa de vidro como se esta fosse sua salvação.

— Jimin, Park Jimin. — Resmungou.

— Oh, Jimin, e o que faz aí embaixo? — Jeongguk realmente estava curioso, não era normal estar embaixo da mesa do escritório do pai, chorando, sozinho e em um dia chuvoso; ou talvez sim, ele realmente não sabia.

— Eu tenho medo de trovões. Papai está em reunião agora e me deixou aqui com a SunHee, mas ela é má, ela não liga se estou com medo. Por isso eu me escondi aqui. — Declarou, olhando-o agora nos olhos. Jeongguk sabia sim que SunHee era má e também não gostava dela, ela nem brincava consigo. — Seu nome me lembra Cookie. Posso te chamar de Kookie?

Jeongguk corou de leve. Mas assentiu com a cabeça.

— Eu tenho sete aninhos. — E levantou os dedinhos miúdos e gordinhos, mostrando sete deles. Jeongguk o olhou admirado, pois sabia que agora ele era seu hyung. — E você, Kookie?

— S-Seis.

— Ah, você é meu dongsaeng. — E riu, adoravelmente. Jeongguk sorriu tímido e assentiu. — Como você não tem medo de trovões, Kookie? Até o papai tem!

— Eu não tenho, appa disse que eu sou um mocinho já grande por isso. — Jimin o olhou com admiração. — Eu também não tenho medo do escuro.

— Sério?! — O mais fofinho entre os dois exclamou, incrédulo. Jeongguk assentiu, orgulhoso de si mesmo. — Eu não consigo dormir quando está tudo escuro. — Sussurrou, envergonhado. Jeongguk sorriu.

— É normal, hyung, appa disse que eu sou uma das únicas crianças que não teme o escuro. — Jimin assentiu, admirado. Jeongguk inflou o peito. — Eu posso te proteger dele, se quiser.

Os olhinhos pequeninos de Jimin brilharam tanto, que por um instante Jeongguk considerou ficar cego.

— Verdade? — Jeongguk assentiu. — Promete? — E estendeu o dedinho mindinho, além de miúdo, esperando que o mais novo entrelaçasse ambos como uma forma de promessa. Jeongguk inclinou-se para si e entrelaçou seu dedinho mindinho ao dele.

— Eu prometo, hyung. — Jimin corou, sorridente. — Eu sempre protegerei você do escuro.

SempiternalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora