Capítulo 18 - Nessa Paz Eu Vou

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-Não olha assim pra mim. - Falei baixinho quando já estávamos muito próximas.


-Porque? - Perguntou já tocando nossos lábios de leve.


-Porque eu vou me apaixonar... - Respondi com um sorriso de canto.


-A gente já tá apaixonada desde o primeiro beijo, Ju. - E com isso me beijou pra provar mais uma vez que ela tava errada. Eu me apaixonei por ela quando ela entrou na Arena. Quando ela falou pela primeira vez com o sotaque puxado do norte. Quando nos beijamos pela primeira vez. Quando ela tocou aquela musica. Quando li a carta. Me apaixonei tantas vezes por Ana Clara Caetano que agora já tinha perdido as contas. Foi impossível não largar as taças cheias e ir pro quarto deixando algumas peças de roupa pelo caminho.


Poder dormir novamente com Ana era tudo que eu tinha pedido aos Deuses. Foi tudo de bom abraçar o corpo magro durante a noite e acordar pra ver que ela ainda estava ali, e não sairia por alguns dias. Bem mais dias do que estamos acostumadas.


No outro dia acordamos quando passava das onze da manhã. Não sei se culpo a bebida ou a noite extensa que tivemos. Acho que os dois.


-Bom dia, coisa linda! - Ana falou assim que eu abri os olhos para me deparar com os dela.


-Bom dia, ninha. - Respondi sorrindo largo e ela me acompanhou.


-Qual o plano pra hoje? - Perguntou chegando mais perto do meu corpo.


-Hum... O que tu tá afim?


-Tô afim de ficar o dia todinho te olhando! - Falou travessa e eu tenho certeza que fiquei vermelha. - Acho que quero ficar em casa contigo. Te dar uns beijo o dia todo.


-Então a gente fica em casa, resolvido! - Disse a puxando pra um beijo que não demorou a nos levar a outros caminhos.


Lá por duas da tarde nós saímos a pé pra almoçar em algum restaurante do campus, que agora se encontrava quase que vazio. As únicas pessoas caminhando por ali eram as que estavam trabalhando ou fazendo summer school.


Gostava quando Ana colocava boné e óculos para sair comigo porque podíamos andar de mãos dadas e trocar carinhos sem muito medo. Eu sei que pode soar um pouco egotista porque a solução mais fácil seria só colocar nosso relacionamento no mundo de uma vez, mas a verdade é que nem sei se Ana gostaria disso e se eu  conseguiria lidar. A gente nem nunca conversou sobre essa hipótese.


Ela insistiu para que fossemos no all you can eat que mostrei pra ela no dia que nos conhecemos e eu aceitei de boa. Até ir num dos restaurantes mais básicos da faculdade era um evento se eu tivesse com ela.


-Dá pra gente tocar violão? - Perguntou sorridente enquanto eu abria a porta do apartamento. - Tô com saudade de tocar e compor já...


Era impossível dizer não pra qualquer coisa que ela sugerisse, além do mais, não desperdiçaria a oportunidade de mais uma vez sentir o que eu senti no dia que compartilhamos esse momento.


-Tu já tentou compor? - Perguntou enquanto dedilhava o violão de Josh.


-Nunca. Nem sei como...


-Mas é agora que eu te ensino então! - Falou fazendo gesto pra que eu sentasse no chão de frente pra ela. - Assim, primeiro tu pensa em algo, tipo uma poesia, ou algo que te dê vontade de cantar.


-Tipo uma inspiração?


-É, isso, uma inspiração. Fixa isso na tua cabeçinha e começa a descrever ou pensar em algo que tu gostaria de falar. Pode ser uma história, um livro, qualquer coisa. Uma pessoa também. - Explicou e eu assenti fechando os olhos. - Pode ser explicar algo também. Tua musica preferida nossa, Talvez a Deus é uma descrição feita por várias pessoas do sentimento de estar num abraço.


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