Capítulo 15

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Camila POV

Neste momento, tudo o que eu mais queria era ter o poder de soltar raios laser pelos olhos e fritar a megera sentada à algumas cadeiras longe de mim. Embora, eu esteja consciente de que esse momento iria chegar, uma hora, ou outra, por que diabos, Candace Campbell, normalmente, conhecida como a diretora, resolveu começar o programa diferenciado de estudo para os terceiros anos justo quando, assim como, os outros professores, possuímos milhares de trabalhos para corrigir e provas bimestrais para elaborar?

Essa velha nos odeia. É a única explicação plausível.

Depois de falar e falar, somos dispensados com mais uma sobrecarga de trabalho e uma obrigação de cumpri-la sem questionar. Solto um suspiro pesado e com tanto ódio, aviso Normani que ficarei no colégio até tarde hoje, afim de concluir o planejamento das aulas diferenciadas antes do tempo atribuído para a entrega, e admiro os matérias não terem passado através do tecido da bolsa, quando os empurrei bruscamente para dentro dela.

Definitivamente, eu preciso de uma bebida, porém, um bom almoço serviria naquele momento.

Peguei minha bolsa, saí da escola e atravessei o amplo gramado do pátio, desfrutando da luz do fim da manhã. Era uma paisagem repleta de árvores e perfeita para caminhar, pensar, relaxar e recarregar as energias. Porém, parei na metade do caminho quando o som de uma discussão acalorada chamou a minha atenção. No início, eu só vi um fiat uno vivace 2010 estacionado e uma mulher mais velha parada na frente do carro prateado e, depois que eu vi que ela estava na frente de S/N, gritando furiosamente com ela.

Com os olhos mais do que arregalados, fico atrás de uma árvore grande e observo a discussão. Dava para ver que S/N estava zangada, com os maxilares cerrados e uma postura que projetava sua fúria, enquanto a mulher de roupas simples, balançava os braços com agitação, bem na cara de S/N, proferindo uma série de xingamentos horríveis e ofensivos. Engolindo em seco e com os olhos abertamente arregalados de novo, presenciei quando a mulher deu um passo à frente, levantou a mão e deu um belo tapa no rosto de S/N. A força do golpe fez sua cabeça se inclinar para o lado. Ela não revidou, apenas permaneceu impassível, aguentando a forte pancada. Respirando nervosamente, procuro ajuda à minha volta, mas não havia mais ninguém além de mim... e elas e, antes que eu pudesse sair correndo para pedir ajuda, a mulher entrou no fiat uno vivace 2010 e arrancou dali. Vi quando uma S/N enfurecida, caminhou até uma árvore extremamente grande e começou a socar o tronco repetidas vezes, soltando resmungos altos antes de desmoronar no chão, segurando a cabeça entre as mãos, enquanto chorava.

Abaixo a cabeça, fecho os olhos e encosto no tronco áspero da árvore, tentando compreender o que, exatamente, havia acabado de testemunhar. Está tudo tão fresco na minha cabeça que temo não ser capaz de esquecer a cena que presenciei por muito tempo. Olhei para ela novamente e meu coração se apertou ao ver sua beleza machucada e sangrando, e, antes mesmo do meu cérebro conseguir registrar, meus pés estavam indo, automaticamente, na sua direção. Me agachei diante dela e peguei uma garrafa de água e meu velho lenço branco dentro da bolsa. Ao ouvir meus movimentos, S/N levantou a cabeça. Ela não disse nada, só ficou olhando para mim. A observei tentando conter as lágrimas. Pingava sangue da sua boca, e os dentes perfeitamente brancos estavam perdidos sob um banho vermelho. Tirei a tampinha da garrafa de água e trouxe a mão suja dela na minha direção, vendo seus dedos ensanguentados e feridos. Derramei a água, limpei os cortes profundos e cheios de casca de árvore e resíduos. Toquei a pele cortada com o lenço. Ela não recuou.

— Está doendo? – Perguntei com suavidade. Ela negou. Quando sua mão estava limpa, inclinei-me para a frente até ficar ajoelhada entre suas pernas e com hesitação, levei o lenço a seus lábios e limpei o excesso de sangue, encontrando um grande corte aberto no canto do seu belo lábio superior. Apliquei pressão e voltei meu olhar a ela. Seus olhos castanhos penetraram nos meus, atravessando a barreira dos meus óculos, e vi conflito e dor emocional virem à tona. Engoli em seco, tentando com muito custo segurar as lágrimas que se formará em meus olhos novamente, ao ver a dor retratada em suas íris acastanhadas. Há uma tristeza tão profunda escondida dentro de seus olhos que meu coração chegou a afundar dentro do peito. Quando seus lábios pararam de sangrar, passei a garrafa de água para ela. – Lave sua boca, S/A. O gosto de sangue não é agradável. – Ela pegou roboticamente a garrafa, fazendo tudo o que eu dizia. Eu sentei ao lado dela sobre a grama, compartilhando o encosto improvisado na árvore. Não disse nada. Não queria arriscar que ela ficasse pior. Só não queria que ela ficasse sozinha.

Irresistible Student ( Camila/You G!P )Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora