Prologue

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A máscara que cobria o rosto de Jungkook impediu que um Taehyung, totalmente ansioso, o visse passar pela porta da editora. Jungkook, é claro, havia feito de propósito porque sabia que o amigo estava ali, contando os segundos impaciente por notícias.

Aquele dia, afinal, tinha tudo para ser especial de certa forma, marcante, mas Jungkook nem imaginava o real motivo para isso ainda, apesar de acreditar que sim.

Havia assinado contrato para publicar seu primeiro livro. De muitos, ele esperava. Mas foi então que, do outro lado da rua, ele o viu. Aquele que ia mudar absolutamente tudo do dia para a noite.

Como no maior clichê que já havia lido, foi como se o tempo parasse. Não, não como se parasse. O tempo literalmente parou e até mesmo os ponteiros do relógio, na torre ao longe, repentinamente deixaram de se mover.

Ele sabia que deveria estar assustado com o fato de tudo ter congelado. Estava na avenida mais movimentada da cidade e nenhuma das pessoas se moviam como deveriam se mover, mas a verdade era que não, ele não conseguia pensar nisso porque de alguma forma, era como se aquele cara loiro do outro lado da rua roubasse completamente sua atenção.

Estranhamente, mesmo com o tempo parado, os cabelos do rapaz ainda moviam-se com a brisa. Ele era poucos centímetros menor que Jungkook, mas não parecia muito mais velho. Vestia roupas sociais, mas ainda parecia jovial com elas, de uma elegância que tirava seu fôlego. Seus lábios eram cheios, e quando sorriu, provavelmente ao notar que Jungkook não tirava os olhos de cima dele, o moreno sentiu uma paz interior que jamais soube que precisava até então. Jungkook não tinha idéia de onde aqueles sentimentos estavam surgindo, ou o motivo de não conseguir tirar os olhos daquele rapaz, mas não conseguia. Era literalmente como se algo o puxasse para ele, algo que Jungkook não podia controlar, e foi esse sentimento que lhe trouxe também o medo, porque ele soube que mesmo que tentasse desviar o olhar, não conseguiria. E não era uma escolha.

Ainda sorrindo, o loiro seguiu em sua direção muito lentamente, como o tempo exigia, e Jungkook sentiu o ar faltar mais uma vez. Ele só não sabia se era conseguência de tudo aquilo, ou simplesmente porque aquele rapaz lhe despertava tantos sentimentos que o deixava desnorteado.

Talvez, o fato de não conseguir desviar o olhar, fosse porque no fundo ele nem queria, mas jamais saberia dizer. Ele sequer sabia se tudo aquilo era fruto de sua imaginação tão criativa de escritor, ou se estava mesmo acontecendo. A única coisa que ele sabia era que nunca tinha se sentido naquela por alguém. Nem sabia que era possível. Nunca acreditou em almas gêmeas apesar de escrever sobre elas. Nunca acreditou no amor, no impossível ou no sobrenatural, mas ali estava ele, no meio de algo que normal não podia ser.

Mas foi quando o rapaz passou direto por Jungkook, como se nem o visse ali, que o tempo finalmente voltou a andar de forma normal. As vozes que haviam se calado ao seu redor, voltaram. Os ponteiros do relógio retornaram a sua ordem notural e totalmente confuso, Jungkook se virou para trás para acompanhar o rapaz com o olhar.

Ele era bonito até de costas, mas o que chamou a atenção de Jungkook de verdade foi vê-lo cumprimentar uma mulher logo atrás dele. Era para ela o sorriso e a decepção de Jungkook consumiu suas entranhas.

Deveria ser óbvio, não? Que o sorriso não era para ele? Não se conheciam, não podia ser. Ele nem tinha como saber se aquele cara também gostava de caras.

Só que foi nesse momento, enquanto Jungkook o via se afastar com a mulher, que se lembrou das palavras que ouvia desde muito cedo, aquele conto sobre maldições da família que ele sempre acreditou ser apenas uma história.

"Começou há tantas gerações, que eu nem saberia dizer com precisão a data, ou como foi." — era como seu avô sempre iniciava a história e naquele momento, Jungkook pôde ouvi-lo como se o homem já falecido repetisse as palavras bem ao seu lado. "A maldição dos Jeon", ele contava, e quando um arrepio gélido subiu pela espinha de Jungkook, a história voltou a sua mente de imediato, as palavras do avô há anos atrás, antes de morrer, contando a história pela última vez. — "Mas a maldição existe, filho. Ela está aqui. E você pode não acreditar agora, mas vai acreditar quando acontecer, porque vai. Está no seu destino, se apaixonar por alguém que nunca vai poder ter até que ele morra, ou você."

"E se eu nunca me apaixonar?" — lembrava-se de ter perguntado na época. Se tinha algo em que Jungkook não acreditava, era naquela história do velho homem.

"Mas se apaixonar também faz parte da maldição." — ele respondeu. — "Encontrar a pessoa ao acaso, sentir todo seu mundo balançar por ela, mas nunca poder tê-la de verdade, nem mesmo em seus sonhos."

"Isso soa muito triste, vovô." — o garoto tão jovem, respondeu com um sorriso nos lábios, deixando claro o que pensava do conto que escutava. Era isso que era para Jungkook, que sempre havia sido, um conto.

"É para ser triste, por isso se chama maldição." — ele devolveu. — "Tentar fugir, te deixa doente. Tentar vencer, te coloca mais longe da pessoa que ama. Nunca descobrimos como quebrar o destino, e por isso só posso sentir por você."

Aquela noite havia sido a última do seu avô em vida e Jungkook ainda lembrava de ter dito para o homem não se preocupar. Ele ficaria bem, e não acreditava em nenhuma maldição.

Mas naquele momento, assim como seu avô havia descrito, ele simplesmente soube que algo estava errado. Ele sentiu, com todas as forças, que havia chegado a sua vez. Até cogitou ser apenas paranóia porque aquela havia sido a última conversa dele com seu avô, mas não.

Os próximos dias que se seguiram, meses, apenas provaram que a maldição era muito mais real do que ele imaginava.

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Olá, olá! Fanfic nova! Ela já está finalizada, é uma short de 4 capítulos, e vou postar ao longo da semana, sem enrolar muito. 

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Sandcastle's Prince [Jikook]Where stories live. Discover now