E se... de detalhe em detalhe fosse feito o amor?

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Já passa das dez da noite e Marcos ainda está terminando de arrumar a bagunça que ele, Paloma e as criança haviam feito mais cedo. A sujeira no chão do espaço correspondente à cozinha do loft denuncia a guerra de comida que tinha se iniciado horas antes, quando as meninas propuseram uma disputa no jantar: eles se dividiriam em grupos e aquele que preparasse a melhor sobremesa levaria a melhor; como punição, o grupo perdedor teria que lavar a louça.

Peter e Marcos formaram o primeiro grupo, apresentando um brigadeiro de panela com morangos e bananas picados. Paloma, Alice e Gabriela prepararam um delicioso bolo recheado de doce de leite, levando o título de campeãs.

Ressentidos com a derrota, Peter e Marcos começaram uma guerra de farinha com as meninas, o que resultou em uma disputa acirrada entre a família de quem se sujou mais. Ovos, achocolatado... O coitado do brigadeiro e o bolo todo esfarinhado foram espalhados pelo chão e pelas roupas deles. Como Ramon passaria logo depois e levaria as crianças para dormir em sua casa, numa festa do pijama improvisada em Bonsucesso, sobrara para Marcos a tarefa de limpar toda a bagunça.

E ele nem se importa. Os filhos de Paloma estão passando cada vez mais tempo com ele e já costumam até aparecer em seu loft para jantar ou para uma partida de videogame – essa parte é toda culpa de Peter, que sempre insiste com a mãe para irem até lá depois da escola. Gabriela até chegou a convidar o padrasto para vê-la jogar as partidas finais do campeonato de basquete, algo que deixou tanto Marcos quanto Paloma radiantes.

A aproximação entre o herdeiro da Padro Monteiro e as crianças da Silva foi acontecendo gradualmente, de forma natural, mas se intensificou bastante nas últimas semanas: Marcos havia pedido Paloma em casamento havia alguns poucos meses e, para surpresa de toda a família, descobriram que seriam papais algumas semanas depois. Agora toda a prole passava o tempo livre procurando por uma casa maior, que abrigasse com conforto a grande família na qual se transformavam.

Marcos termina de limpar o último resquício de ovo do chão e passa a observar a namorada. Assim que as crianças saíram com Ramon, com um pedido de desculpas pelo estado lastimável daquelas ferinhas, Paloma entrou no banho, se livrando de todo ovo e de toda farinha que a guerra de comida deixara em seu corpo. Ela se encontra agora sentada no sofá branco da sala, usando uma camisa rosa de Marcos, concentrada em conseguir raspar até o último pedacinho de brigadeiro que sobrara na panela. Ele a admira por um momento, apoiado na pilastra que separa a cozinha do resto do loft. O sorriso em seu rosto e o brilho em seus olhos se intensificam cada vez que a pequena protuberância no ventre de Paloma captura sua atenção.

– Quê que foi? – ela o desperta do transe com uma voz dengosa.

– Nada não... – Ele cruza o braço na frente do peitoral nu e não desgruda os olhos dos dela – Só tô olhando pra mulher da minha vida... – ele abaixa os olhos até o ventre dela enquanto se aproxima lentamente do sofá – Ela tá carregando um filho meu e... – num movimento rápido, alcança a colher da mão da namorada e a retira, fazendo com que uma exclamação de surpresa escape dos lábios dela – E comendo todo o brigadeiro que jurou que tava horrível.

Ele gargalha quando ela se levanta, sorrindo também, pronta para tirar a colher de suas mãos, mas ele estica o braço numa altura que, mesmo nas pontas dos pés, é impossível que ela pegue.

– Essa votação foi roubada! – ele diz, abraçando a namorada. Paloma estreita os olhos e rebate.

– Foi nada, seu doido! O meu bolo tava muito mais gostoso. – ele concorda com um sorrisinho cínico – Só que eu vi esse restinho de brigadeiro... – a voz dela vai se tornando cada vez mais dengosa, e ele vai cedendo à medida que os braços dela apertam mais sua cintura – e foi me dando uma vontade...

TERRA DO NUNCA MALOMAWhere stories live. Discover now